Caso Ninja: “MP não tem provas. É uma acusação fantasiosa”, diz defesa

Julgamento acontece no Fórum do Barro Duro, nesta quarta-feira (21)

Dicom/TJJuiz Geraldo Amorim preside o júri

Juiz Geraldo Amorim preside o júri

A defesa dos quatro militares acusados de participação na chacina de União dos Palmares, que ficou conhecido como Caso “Ninjas”,  no ano de 2002, alega que os réus são inocentes e que o Ministério Público Estadual (MPE) não apresentou provas. O julgamento teve início na manhã desta quarta-feira (21), no Fórum do Barro Duro.

De acordo com a denúncia do MPE, os militares José Valdir Gomes Ferreira, José Paulo Barros de Araújo, Nilton Nascimento Correia e Marcos Mota dos Santos, são apontados como integrantes de um grupo de extermínio denominado de “ninjas”, responsáveis pelo assassinato de Tiago Holanda da Silva, Cizenando Francisco da Silva, Sydronio José da Silva e Maurício da Silva.

Segundo a acusação, o crime foi motivado porque o filho do cabo José Valdir teria sido agredido por um dos jovens assassinados, durante um “showmício” que ocorria na cidade na noite do crime. Os jovens foram executados próximo à ponte sobre o rio Canabrava, no bairro Roberto Correia de Araújo, em um local conhecido como Vagem, por volta de 4h da madrugada do dia 5 de setembro de 2002.

Izabelle Targino/Alagoas24horasPromotor Maurício Mannarino Teixeira

Promotor Maurício Mannarino Teixeira

O Ministério Público, representado pelo promotor Maurício Mannarino Teixeira, pede a condenação dos réus por homicídio qualificado e por motivo fútil. De acordo com o promotor, as provas dos autos demonstram que os quatro militares assassinaram os adolescentes, sem dar chance de defesa.

“O motivo foi uma briga envolvendo o filho de um dos militares, um motivo fútil. Desde o crime, muitos depoimentos foram modificados e o julgamento já foi desaforado, pelo temor das pessoas. Mas os autos apontam que os militares assassinaram os jovens com tiros nos joelhos, na nuca, cabeça, uma verdadeira execução, sem a menor chance de defesa”, disse o promotor.

Apesar das declarações do Ministério Público, o advogado de defesa dos militares, Welton Roberto, foi contundente ao afirma que o MPE não tem nenhum tipo de prova contra os réus, e que eles são inocentes.

Izabelle Targino/Alagoas24horasAdvogado de defesa dos militares,  Welton Roberto

Advogado de defesa dos militares, Welton Roberto

“O Ministério Público não conseguiu trazer uma única prova, nenhuma. Nem testemunhal, nem perícia e nem documental de que os quatro militares tenham envolvimento com a morte. Primeiro que estes quatro militares estavam em serviço neste dia, foram eles que atenderam a ocorrência. É tão absurda a acusação, que acusaram até um dos policiais que ficou dentro do quartel, juntamente com o comando. Não tem prova de balística, todos os policiais estavam usando as armas da corporação, as armas foram periciadas e não foram encontradas nada nas armas. Como é que acusam um soldado que estava dentro do quartel? A acusação é uma farsa, é fantasiosa. Se nós tivéssemos realmente num processo sério, estes policiais sequer teriam sido denunciados”, disse o advogado.

Sobre a acusação de que os militares fazem parte de um grupo de extermínio chamado de ninjas, o advogado disse foi uma marca que criaram no município para poder dar cobertura à falta de provas.

Questionado se a defesa sabe ou desconfia dos verdadeiros culpados pelo crime, Welton Roberto afirmou que outros militares foram apontados como culpados, mas teriam vínculos políticos e nunca foram chamados para prestar esclarecimento.

“Existem vários policiais militares que foram apontados nesse crime, inclusive não provaram seus álibis e não foram sequer chamados. Talvez venha daí o fato da história de que estes militares terem cobertura de políticos. Os militares que estão aqui não têm cobertura de nenhum político importante e por isso estão aqui”, disse.

Sobre o julgamento
Dicom/TJJuiz Geraldo Amorim preside o júri

Juiz Geraldo Amorim preside o júri

O julgamento teve início pela manhã e está sendo presidido pelo O juiz Geraldo Cavalcante Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital. Durante a manhã, foram ouvidas 7 testemunhas, sendo três de acusação e quatro de defesa, e iniciados os interrogatórios dos réus.

Testemunhas indicadas pela defesa afirmaram que os policiais são pessoas trabalhadoras e de bom comportamento. Relataram também que não têm conhecimento de comentários negativos sobre eles na cidade. A testemunha Maria José Galdino afirmou que viu o momento do crime e que ele foi cometido por apena duas pessoas, que não estavam fardadas como policiais.

A previsão é que o júri se estenda pela noite ou só seja finalizado amanhã (22).

 

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