3 PMs vão a júri acusados de jogar suspeito de telhado e executá-lo

Cinegrafista amador filmou queda e gravou som dos tiros em São Paulo.

Reprodução/TV Globo/Arquivo pessoalFernando Henrique da Silva (no detalhe) é rendido por policial militar. Suspeito é jogado do telhado e depois é morto por policiais

Fernando Henrique da Silva (no detalhe) é rendido por policial militar. Suspeito é jogado do telhado e depois é morto por policiais

Três policiais militares deverão ser julgados a partir desta segunda-feira (27) pelas acusações de jogar um suspeito de roubo do telhado de uma casa e ter atirado e matado ele em seguida, quando estava desarmado no chão.
Filmagem feita por um cinegrafista amador mostra o momento da queda de Fernando Henrique da Silva, de 23 anos, de uma altura de 3 metros. Em seguida, grava o som de dois tiros. O crime ocorreu em 7 de setembro de 2015, no Butantã, Zona Oeste de São Paulo.
O julgamento está marcado para começar às 10h no Fórum da Barra Funda, na capital, e deverá durar até três dias. Os agentes da Polícia Militar (PM) Flavio Lapiana de Lima, Fabio Gambale da Silva e Samuel Paes respondem presos pelos crimes.
De acordo com a defesa deles, o trio nega ter empurrado e executado Fernando. Alega que o suspeito se desequilibrou quando foi abordado por Samuel e caiu. Depois, sustenta que ele estava armado e atirou contra Flavio e Fabio, que revidaram os disparos para se defender.
Segundo a acusação, Fernando e um amigo, Paulo Henrique Porto de Oliveira, de 18, estavam sendo perseguidos por seis policiais como suspeitos por estarem numa moto que havia sido roubada dias antes.
Assim como Fernando, Paulo também foi morto na ação policial. Durante a perseguição, a dupla abandonou a moto e se separou. O primeiro subiu nos telhados de casas e o seguindo se escondeu dentro de uma lixeira na rua.
Fernando
Gravações feitas por celular também registraram o instante em que Samuel revista Fernando em cima do telhado de uma casa. O suspeito havia tentado escapar, mas acabou abordado pelo policial.
Após não encontrar nenhuma arma com Fernando, Samuel o empurra do telhado para a parte térrea. O suspeito cai. A filmagem não mostra, mas segundo o Ministério Público (MP), Flávio e Fábio, que estavam no solo, atiram em Fernando. É possível escutar o som dos tiros.
De acordo com a Promotoria, o suspeito morreu por conta dos disparos que sofreu e não pela queda.
O promotor Rogério Leão Zagallo acusa Flavio e Fábio por homicídio doloso triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima), além de fraude processual (porque teriam ‘plantado’ uma arma nas mãos de Fernando) e falsidade ideológica (por supostamente mentirem em seus interrogatórios).
Samuel é acusado de homicídio simples. “Por ter jogado Fernando, o entregando a Flávio e Fábio, que mataram o suspeito”, havia dito Zagallo em setembro de 2016. O promotor não foi encontrado nesta semana pelo G1 para comentar o assunto.
Fernando era filho de um policial militar e queria se tornar bombeiro, segundo seus familiares.
“Não estamos condenando policiais. Queremos a condenação da conduta dos policiais”, disse o advogado Richard Bernardes Martins Silva, que atuará como assistente da acusação. Ele foi contratado pela família de Fernando para atuar no caso. “Ninguém quer falar mal da corporação”.
O G1 não conseguiu localizar os advogados Paulo Cesar Pinto e Nilton de Souza Vivan Nunes para falarem da defesa dos policiais Flavio, Fabio e Samuel.
Julgamento dos três policiais acusados de matar um suspeito de roubar moto entra no 2º dia
Paulo
Câmeras de segurança também gravaram o instante no qual Paulo é rendido e levado para uma esquina, onde é baleado por um agente.
Três policiais envolvidos nesse caso foram julgados neste mês por suspeita de executarem Paulo. Eles alegaram que a vítima havia tentado tomar a arma de um PM, que reagiu atirando. Todos respondiam ao crime presos.
Mas no último dia 14, o soldado Tyson Oliveira Bastiane foi condenado pela Justiça a 12 anos, 5 meses e 17 de dias de prisão por homicídio simples pela morte de Paulo. O policial também cumprirá pena de 7 meses e 15 dias de detenção, em regime aberto, pelo crime de fraude processual.
O PM Silvano Clayton dos Reis foi absolvido do homicídio, mas acabou condenado por falsidade ideológica e porte ilegal de arma a 4 anos, 11 meses e 17 dias de prisão no regime semiaberto.
O policial Silvio André Conceição foi inocentado de todos os crimes e acabou solto.
Zagallo também atuou nesse caso como promotor. A juíza Giovanna Christina Colares, que aplicou a sentença após a decisão dos jurados, também comandará o julgamento desta segunda-feira dos outros três PMs envolvidos na morte de Fernando.
Dezesseis testemunhas foram chamadas para participarem do júri. Duas foram indicadas pela acusação e 14 pela defesa.

Fonte: G1

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