ALE pagava salários a funcionários mortos em folha superfaturada de R$ 150 milhões

Investigação revela rombo astronímico na Casa da Tavares Bastos que beneficiava nove deputados, sendo um o ex-deputado Fernando Toledo.

João Urtiga / Alagoas 24 HorasDSC_3568

A Polícia Federal revelou, na manhã desta quinta-feira (30), que cerca de 20 funcionários mortos tiveram os nomes relacionados às folhas de pagamento da Assembleia Legislativa Estadual de Alagoas (ALE). A Controladoria Geral da União (CGU) analisou que 223 servidores recebiam ainda o Bolsa Família além dos salários, onde 40 destes sequer sabiam que eram servidores da ALE.

Ao todo, nove deputados, e um ex-deputado, estão sendo investigados pela operação intitulada de “Sururugate”. A ação policial foi desencadeada na manhã de hoje e cumpriu mandados de busca e apreensão nas dependências da ALE.

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De acordo com as investigações, a ALE consta com 2.433 servidores registrados em 2010, mas no Ministério Público do Trabalho (MPT) somente 829 haviam tido os nomes informados junto ao órgão. “Cerca de dois terços de servidores ALE não foi informado em 2010 e nós não sabemos por qual motivo”, diz o superintendente da Controladoria Geral da União (CGU), José William Gomes.

As investigações comandadas pelo delegado Daniel Silvestre, da Regional de Combate ao Crime Organizado, levantaram informações ainda de indivíduos que teriam cadastros em programas sociais do governo federal, além do superfaturamento não declarado pela Casa de Tavares Bastos no pagamento de servidores. No total, a ALE pagou cerca de R$ 150 milhões em salários a servidores que não estavam cadastrados entre 2010 e 2013, onde R$ 15 milhões estavam relacionados somente a beneficiários do Bolsa Família.

Entre as infrações que faziam o dinheiro circular de forma ilegal, estão pessoas mortas, outras que acumulavam ilegalmente cargos e empregos públicos, familiares dos deputados, previdenciários, além de pessoas humildes que possuíam benefícios sociais. “Tinha um cidadão que identificamos ter um patrimônio com 17 veículos, mas o seu salário constava como sendo de apenas R$ 14 mil. Tem ainda beneficiários do programa Bolsa Família com salários de quase R$ 5 mil, mas estes só sacavam R$ 700…”, explica o superintendente da Polícia Federal, Bernardo Gonçalves.

Segundo o superintendente da CGU, os beneficiários do Bolsa Família eram contratados pela ALE e remunerados, mas estes nunca sabiam do valor depositado em suas conta ou mesmo que detinham contas na Caixa Econômica Federal.

A PF informou ainda que o esquema pode estar acontecendo até os dias de hoje. Fernando Toledo, ex-presidente da Casa de Tavares Bastos, é acusado de desviar quase R$ 100 milhões do Imposto de Renda (IR) da Casa. Esse montante deveria ser repassado ao Governo de Alagoas segundo denúncia ofertada pelo Ministério Público do Estado (MPE) em dezembro de 2016.

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