Arca de Noé: MP investiga funcionários públicos acusados de vender casas populares

Ascom MPE/ALOperação Arca de Noé em Murici

Operação Arca de Noé em Murici

O Ministério Público do Estado de Alagoas, por meio da Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), e a Polícia Civil, por meio do 116º Distrito Policial de Murici, deflagaram, no início da manhã desta terça-feira (24), a Operação Arca de Noé, naquele Município. A ação da força-tarefa visa combater uma organização criminosa responsável por comercializar casas em conjuntos habitacionais populares oriundos de dinheiro público.

Mediante pagamento, o grupo prometia entregar residências no “Conjunto Portelinha”, que foram construídas para contemplar moradores de barracas de lona nas proximidades do Conjunto Olavo Calheiros, em Murici. No entanto, mesmo após receber o dinheiro, a organização criminosa nunca entregou unidade alguma aos pagadores, que passaram a exigir o valor de volta.

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Na Operação Arca Noé, promotores de Justiça do Gecoc e policiais civis cumpriram três mandados de prisão temporária, três mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva. Todas essas medidas cautelares foram deferidas pela 17a Vara Criminal da Capital.

Principais alvos da força-tarefa, Rosineide Gomes dos Santos, servidora da Secretaria de Relações Institucionais da Prefeitura de Murici; Roberto Carlos Araújo Rocha, chefe da Guarda Civil Municipal; e Ronaldo Pedro Lima, analista de Controle Interno da Secretaria de Administração do Quadro de Pessoal da Prefeitura de Murici, foram presos. Rocha foi o único detido em Maceió, já que também trabalha como agente penitenciário e estava de plantão. Todos eles serão encaminhados ao Gecoc para prestar depoimento.

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“A decretação da prisão temporária revela-se imprescindível às investigações em curso, a fim de impedir que os agentes públicos investigados perturbem ou dificultem a produção de provas, orientando testemunhas, apagando vestígios do crime, destruindo documentos etc”, afirmam os promotores de Justiça Hamilton Carneiro Júnior, Carlos Davi Lopes Correia Lima e Eloá de Carvalho Melo, mais o delegado de Polícia Cayo Rodrigues Silva.

Os mandados de busca e apreensão também foram cumpridos na residência dos três agentes públicos, com objetivo de recolher computadores e dispositivos de armazenamento de mídia, bem como documentos e eventuais objetos com interesse investigativo ou mesmo ilícitos.

Conduções coercitivas

Em relação ao cumprimento dos mandados de condução coercitiva, o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil tiveram como alvos Geraldo Anízio de Amorim, secretário de Relações Institucionais da Prefeitura de Murici; José Renato Firmino da Silva, conselheiro tutelar e assessor técnico do programa Bolsa-Família na Prefeitura; uma mulher conhecida como Adriana, que trabalha como agente comunitária pelo Município; e um homem conhecido como Evilásio.

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“No caso dos autos, em razão do grande número de envolvidos nos crimes ora investigados, bem como da constatação de que há indivíduos orientando qual deve ser a postura dos interrogados diante dos questionamentos decorrentes do procedimento investigativo, evidencia-se a necessidade de promover a colheita concomitante de suspeitos, valendo-se do elemento surpresa, de modo a dificultar o intercâmbio de informações que possa prejudicar os trabalhos”, explicam os promotores de Justiça e o delegado da Polícia Civil.

Pesam contra os suspeitos, acusações de crimes como o de organização criminosa (art. 2º da lei 12.850/13), corrupção ativa (art. 333 do Código Penal), corrupção passiva (art. 317 do Código Penal) e inserção de dados falsos em sistema de informação (313-A do Código Penal).

Arca de Noé

O nome Arca de Noé foi escolhido porque o município de Murici foi acometido, em 2010, por uma enchente que destruiu centenas de casas e deixou uma grande quantidade de famílias desabrigadas. Apesar dos imóveis terem sido construídos com dinheiro público nos últimos anos, poucas pessoas foram beneficiadas e, parte delas, chegou a pagar ilegalmente R$ 2,5 mil para ter direito as residências. No entanto, elas jamais receberam as casas.

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Fonte: Ascom MPE/AL

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