Adolescente velou feto no quintal de casa após aborto forçado pela mãe

Mãe da garota e outras duas pessoas foram presas em operação contra aborto. Feto de 5 meses foi enterrado em caixa de sapato no quintal da família.

Polícia CivilFeto foi enterrado em caixa de sapato no quintal da casa, diz polícia

Feto foi enterrado em caixa de sapato no quintal da casa, diz polícia

A adolescente de 17 anos, obrigada pela mãe a abortar o feto de 5 meses, foi contra o procedimento e chegou a velar o corpo do bebê antes de enterrá-lo em uma caixa de sapato no quintal de casa, segundo apurado pela Polícia Civil.

O caso aconteceu no bairro Guanandi, em Campo Grande, em março de 2017, e a mãe da adolescente, um pedreiro e uma enfermeira foram presos nesta terça-feira (16), durante operação contra aborto.
A delegada Aline Sinotti, da Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude (Deaij), informou que o feto foi encontrado no dia 15 de março, após denúncia do pai da criança. O bebê estava dentro de uma caixa de sapatos, que foi enterrada uma cova de 1,60 cm de profundidade.
“A menina velou o corpo, com três rosas e um terço e enterrou, com zelo de quem não queria o aborto. Ela ligou desesperada para o namorado na época e contou detalhes [do aborto]. O feto, de 21 semanas, foi velado em caixa de sapato”, afirmou Aline.
Na época, a polícia foi até a casa da família, onde encontrou o feto, e a adolescente confessou ter feito o aborto sozinha, mas, alguns detalhes chamaram a atenção, segundo o delegado Bruno Urban, como o fato da garota não ter calos nas mãos.
“Alguém que não tenha experiência na lida vai ter bolhas nas mãos se usar uma enxada, e ela não tinha nada”, afirmou Urban.
Fraqueza

Os investigadores desconfiaram ainda que a adolescente não tivesse condições físicas para fazer o procedimento por conta própria e, depois, enterrar o bebê sozinha.
Segundo o perito Carlos Eduardo Trindade Amaral, a garota estava fraca e debilitada, por conta do aborto e da hemorragia, por isso, as investigações continuaram e apontaram que a mãe a obrigou a tomar remédios e, depois, com ajuda de um pedreiro, enterrou o feto. Uma enfermeira também foi presa, além da mãe e do pedreiro, por participação no crime.
“Ela disse que ficou dois dias em jejum tomando chá de aborto, sem comer, o que provoca taxa de glicemia baixa, que leva a desorientação e, quando do aborto, há perda de sangue que leva à anemia aguda e fraqueza. Juntando todas essas condições clínicas seria quase impossível que ela tivesse tido aborto no local onde ela falou e ter usado as pás, com toda essa fraqueza, para enterrar o feto”, afirmou o perito.
Durante os dois meses de investigação, a polícia apurou que a mãe não aceitava a gravidez e o relacionamento da filha porque o namorado era pobre. A mulher soube da gestação no dia 8 de março, quando a filha contou, e entrou em contato com o pedreiro, que conhecia a enfermeira. A profissional de saúde intermediou a compra dos remédios para o aborto.
Segundo a polícia, no dia 13 de março, a menina tomou quatro comprimidos, cada um custou R$ 200. O procedimento não deu certo e a garota tomou mais quatro comprimidos até expelir o feto, no dia 15 de março.
Crimes
A mãe da adolescente vai responder pelos crimes de aborto provocado sem consentimento da gestante, ocultação de cadáver, corrupção de menores e associação criminosa. Com a prisão da mãe, a garota foi entregue ao pai.
O pedreiro foi indiciado por participação no aborto, ocultação de cadáver, associação criminosa e tráfico de drogas, porque intermediou a compra do medicamento abortivo. A enfermeira vai responder por tráfico de drogas e associação para o tráfico.
O namorado da mãe da adolescente foi indiciado por falso testemunho e associação criminosa porque, na época do crime, disse que a mãe da adolescente teria passado a noite do crime com ele.

Fonte: G1

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