MP vai investigar reforma feita por empresa de sócia que recebe Bolsa Família

Marina Navarro Lins / ExtraNovo HTO da Baixada fica em Nilópolis

Novo HTO da Baixada fica em Nilópolis

O Ministério Público estadual vai investigar a contratação da empresa D’Iguaçu Construções e Reformas Ltda para fazer obras no Hospital estadual de Traumatologia e Ortopedia (HTO) da Baixada Fluminense, em Nilópolis. Neste domingo, o EXTRA mostrou que uma das sócias da firma recebe benefícios do Bolsa Família, e que o engenheiro responsável tem ligações com políticos da região.

Nesta segunda-feira, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj), Nelson Nahon, disse ao EXTRA que a instituição recomendou ao secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio de Souza Teixeira de Souza Junior, que não trocasse a especialidade do Hospital estadual Vereador Melchiades Calazans, fechado em dezembro de 2016 para dar lugar ao novo HTO. A Secretaria estadual de Saúde (SES) nega a informação.

— O hospital realizava 200 cirurgias eletivas de média complexidade por mês, tinha um centro de queimados e uma UTI neonatal. Eles fecharam a unidade sem saber para onde esses pacientes vão. Não concordamos. O secretário alega que há uma grande deficiência de emergências ortopédicas na Baixada. Mas entramos em contato com a direção do Hospital da Posse (em Nova Iguaçu) e nos contaram que são mais necessários leitos clínicos. São pacientes crônicos que ocupam as enfermarias e precisam de um lugar para ficar — disse Nahon: — O fechamento de uma unidade que vinha funcionando de forma adequada não resolve o problema. É igual a lençol de pobre: estão puxando para cobrir a cabeça e deixando o pé de fora.

De acordo com o presidente do Cremerj, o secretário também afirma que vai reduzir os gastos mensais da unidade com a troca de especialidade. Para o conselho, essa não é a melhor solução:

— Não é assim que funciona. E a saúde da população? Não estou discutindo matemática, mas medicina. Esse é um argumento muito fraco para o Cremerj. Se quisessem resolver a questão, podiam ter feito um convênio com um hospital municipal para fazer uma emergência ortopédica. O Hospital municipal Juscelino Kubitschek, em Nilópolis, e o Hospital municipal Engenheiro Leonel de Moura Brizola, em Mesquita, seriam ideais.

A SES informou que o projeto do HTO foi apresentado ao Cremerj no dia 31 de maio e que não houve essa recomendação. Segundo a secretaria, a mudança de perfil da unidade foi apontada como uma das principais necessidades da região, em reuniões com o Ministério Público federal e estadual.

Leia a nota da Secretaria estadual de Saúde na íntegra:

“A Secretaria de Estado de Saúde informa que não recebeu qualquer recomendação do Cremerj a respeito da mudança de perfil da unidade, que é uma reivindicação dos municípios da Baixada Fluminense, além de ter sido apontada como uma das principais necessidades da região, indicada em reunião com o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual.

Vale acrescentar ainda que o secretário estadual de Saúde esteve no Cremerj no último dia 31 de maio, quando todo o projeto foi apresentado e todas as dúvidas do Conselho quanto à mudança de perfil da unidade foram esclarecidas. A unidade atenderá à demanda reprimida dos municípios da Baixada Fluminense, além de receber pacientes de outras regiões do estado.

A mudança de perfil visa, ainda, a otimização do sistema de regulação de leitos hospitalares – um exemplo, publicado pelo próprio Jornal Extra, é o Hospital Geral de Nova Iguaçu, que chegou a ter 120 dos seus cerca de 400 leitos ocupados por idosos à espera de cirurgias ortopédicas. Além disso, o novo perfil atende à necessidade e aos critérios de economicidade dos recursos públicos, gerando redução de custos.

O HTO Baixada vai realizar cerca de 300 cirurgias de média e alta complexidades por mês, ao custo de R$ 38 milhões/ano. Antes da mudança de perfil, a unidade realizava 170 cirurgias por mês, ao custo de R$ 78 milhões/ano. É importante destacar que o HTO Baixada contará com um Centro de Tratamento de Queimados, que entrará em funcionamento nos próximos 60 dias. Também vale informar que a rede estadual conta com outras unidades com capacidade para este tipo de atendimento como, por exemplo, o Hospital Estadual Alberto Torres. Ainda no que se refere ao atendimento a vítimas de queimaduras, vale lembrar que a SES inaugurou recentemente, em parceria com o Into, um banco de pele com padrão de excelência, fazendo com que a rede estadual passe a oferecer um tratamento até então indisponível no estado.”

Fonte: Extra Online

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