Jovem transgênero denuncia discriminação em escola

Ascom/Tereza NelmaAdolescente denunciou caso

Adolescente denunciou caso

“Ingrid Beatriz de Oliveira Santos é uma pessoa que existe e é real, já este Isaac não existe”. Essa foi a frase proferida pela professora de inglês da Escola Estadual Dr. Miguel Guedes Nogueira, em Bebedouro, ao se referir de forma discriminatória a um jovem transgênero. A família denuncia que o preconceito é diário e advém também de coordenadores e membros da diretoria da escola.

Em 2003, Rosemary Bernardo de Oliveira Santos deu a luz a uma filha, de sexo feminino, registrada com o nome de Ingrid Beatriz Oliveira Santos. Porém, com o passar dos anos, observou que o sexo de nascimento da criança não correspondia com suas atitudes e identidade de gênero. Isaac Victor, hoje com 15 anos, adotou o nome social, mas não esperava que partiria da escola – lugar que o deveria auxiliar em seu desenvolvimento de cidadão, o maior exemplo de preconceito para sua condição.

Isaac conta que sofre bullying por parte dos colegas de sala de aula e de parte do corpo docente. Rosemary conta que, em 2017, ao tomar conhecimento da situação, requereu à direção da Escola que fosse realizada uma reunião do Conselho Escolar. Nessa reunião ficou acordado que todos os professores e professoras chamariam seu filho pelo nome social. Porém, na prática, isso não aconteceu, apontando a omissão da diretoria.

Rosemary conta que alguns professores ainda se recusam a chama-lo pelo nome social, alegando que Isaac é menina e não menino. Segundo a mãe, dois professores chegaram a procurar o Conselho Tutelar, pedindo que tomassem providência contra o aluno, afirmando que ele estaria incitando a prática LGBT dentro da escola. Quando questionados, apenas disseram que não aceitariam essa condução da escola para o caso.

Cansada de ver seu filho passar por tantos constrangimentos, Rosemary Oliveira entrou em contato com a vereadora e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Maceió, Tereza Nelma, além de lavrar um Boletim de Ocorrência junto a delegacia de Polícia Civil, por discriminação, e registrar denúncia no disque 100, apresentando-os formalmente ao Conselho Estadual de Educação, no início do mês de abril desse ano.

Tereza Nelma promoveu uma reunião com os familiares, para que fossem dados os devidos encaminhamentos ao caso, tanto à discriminação sofrida por Isaac, como o caso de adoção definitiva do seu nome social. Estiveram presentes o vice-presidente do Conselho Municipal LGBT e coordenador de diversidade sexual da Secretaria Municipal de Assistência social de Maceió, Roberto Júnior; a Coordenadora da União dos Conselhos Municipais de Educação/Regional Nordeste, Marly Vidinha; e o conselheiro tutelar da região 4, Antônio Vieira.

“É inadmissível que esse tipo de posicionamento parta de uma instituição de ensino que deveria auxiliar na formação de cidadãos respeitosos e no combate ao preconceito. Como esperar dos demais alunos um posicionamento diferente, quando os próprios professores dão mal exemplo? Isso deve ser investigado e os envolvidos punidos. Isaac é um menino lindo e educado, que só quer que a sociedade o veja e o reconheça como ele se vê. Acompanharei esse caso até o fim!”, disse a vereadora Tereza Nelma, parlamentar brasileira que mais apresentou leis voltadas ao público LGBT. Já são 12 no total.

Diversidade

A vereadora Tereza Nelma participou de um piquenique ao ar livre promovido pelo jovem Isaac, em parceria com o grupo Mães pela Diversidade, no último domingo (15). O objetivo foi reunir jovens que já passaram ou continuam passando por situações semelhantes a dele. “É uma forma de aprendermos uns com os outros”, disse ele.

O encontro, ocorrido na Praça Centenário, no bairro do Farol, contou com a presença de dezenas de jovens, que prometeram levar à frente esses encontros, pelo menos a cada dois meses.

“É muito satisfatório para mim estar aqui hoje com esses jovens. Enquanto parlamentar, estou sempre junto do grupo LGBT, tomando a frente das situações e criando leis que possam empoderar essas pessoas para a forma como escolheram viver. Ninguém é obrigado a aceitar, mas sim a respeitar. Estou lutando pra isso.”, completou Tereza Nelma.

Fonte: Ascom/Tereza Nelma

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