O peso das férias

Arquivo PessoalKatia Betina

Eu gosto de viajar, para ser franca eu adoro… por isso mesmo me arrumo, aperto a agenda, acerto o que preciso e vou, sigo em busca de novidades, de histórias, de conhecimento, de prazer, da vida.

Até essa felicidade toda ser uma realidade tem um monte de coisas que insistem em azedar, considero o ambiente de aeroporto hostil, alfândegas me deixam tensa, avião desconfortável, esperar que a bagagem não se perca é uma emoção, mas passa e a aventura inicia.

Gosto do cheiro de hotel, dos lençóis com enchimentos deliciosos, dos banhos de duchas com  pressão, do café da manhã sem que eu tenha que fazer nada, novos restaurantes, comidas típicas, tudo é prazer, ou melhor, quase tudo.

Fora da rotina e sem poder passar na cozinha para regular o preparo, acrescento sempre na lista de preocupação não engordar, voltar mais pesada não é um item desejado.

Mas vamos combinar, existe coisa mais fácil que ganhar peso em férias? E olhe que eu gosto de andar, de comer saladas, não bebo bebida alcóolica e nem por isso fica fácil.

A culinária é uma das recordações que se fixam na memória e provar novidades ē imprescindível. Pelos cantos que andei, tem sempre um prato que volta no meu arsenal de opções para preparar para receber os amigos.

Acontece que eu fui para os Estados Unidos e se manter peso pelo resto do mundo não ē fácil, lá parece piada. As porções americanas são semelhantes as pipocas do cinema, não dá nem pra ver quem está do outro lado.

Eles têm bons restaurantes, com cozinhas diversificadas, mas em todos eles o mínimo múltiplo comum é o tamanho dos pratos, servidos como se fossem individuais, impossível de passar para mim, como se fossem “normais”.

Nós comemos até bem, os locais escolhidos tinham boas opções, saladas deliciosas, grelhados de qualidade, mas confesso que o típico, que vai ficar na memória, foi passar numa cadeia de frango frito, depois de andar o dia todinho e pedir o maior “combo” a disposição, com direito a crocante extra e tudo o mais que fazia parte do pacote, aí incluído muito refrigerante para ajudar a “apilar” tudo no estômago.

Peso é uma agonia na minha vida, já fui mais magra (como quase todos da minha idade na adolescência), mas isso faz muito tempo e nunca fui obesa, mas tenho uma franca tendência a aumentar de volume, o que me causa evidente preocupação, e me ver entre aquela montanha de comida, entre a balança e a culpa cristã de não estragar alimentos, foi no mínimo curioso.

Me deixe fazer um parêntese, não pude usar com Pedro a mesma chantagem feita comigo. Quando pequeno e sem querer comer direito, eu argumentei que ele não devia estragar comida porque havia muito menininho na rua com fome e recebi a seguinte resposta – se eu comer menos sobra mais para eles…

O alimento faz parte da cultura, nos faz lembrar uma festa, uma ocasião especial, um país visitado e está associado à memória como algo de relevância na nossa vida, daí a minha preocupação, se não tivermos cuidado, a considerar o exemplo dos EUA, logo a comida deixará de ser um bem para ser um problema.

Estamos comendo cada dia pior, as frituras, os industrializados cheios de sal ou açúcar, as refeições pré preparadas, os aromatizantes, tudo isso tem uma capacidade imensa de modular o paladar e daqui a pouco não conheceremos mais o gosto de uma jabuticaba.

Mas deixa pra lá essa preocupação chata de quem entende o alimento quase como uma oração e acredita sinceramente na capacidade dele deixar a saúde e a vida melhores e vamos voltar para a imersão nos costumes americanos.

A facilidade de acesso aos restaurantes, seja pessoal ou virtualmente, a diversidade e o tamanho das embalagens da comida de qualidade nutricional duvidosa dos super mercados ou farmácias, faria até o idealizador da fast food duvidar da eficiência alcançada.

Chegar em casa de volta ē um dos prazeres da viagem, voltar pra minha cama, meu chuveiro Lorenzetti, minha geladeira, isso tudo é top 10, mas subir na balança e ver que ela não aumentou nem um kilo, é como diz a propaganda “não tem preço” e me causou uma felicidade tão grande que me arrependi de não ter comprado a fantasia de mulher maravilha, aquela feita com a bandeira americana, porque juro pra você, eu me senti uma super heroína com esse feito.

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