Após três dias de bloqueios, MP tenta mediar solução para conflito com comunidade

João Urtiga/Alagoas 24 Horas

Uma reunião entre representantes de moradores dos conjuntos do Graciliano Ramos e Village Campestre e da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) acontece na manhã desta quarta-feira (18) na sede do Ministério Público de Alagoas,  e deve definir os próximos passos do episódio que começou após a unificação das linhas 053 (Graciliano Ramos/Centro), 110 (Graciliano Ramos ou Village II/Trapiche) e 707 (Graciliano Ramos ou Village II/Ponta Verde).

No encontro foram debatidas questões envolvendo a mudança de itinerário dos coletivos nos bairros do Graciliano Ramos e adjacências. O fato gerou revolta entre populares que alegam a redução no número de viagens promovidas pelos coletivos e que os ônibus estão ainda mais lotados, uma vez que passaram a atender também a população do Village. Para protestar, eles continuam impedindo a saída dos coletivos de terminais da região. A manifestação acontece desde a última segunda (16) e permanece até o momento.

O líder comunitário do Village Campestre, Fernando do Village, afirma que a situação se agravou mesmo a população indo contra as mudanças desde o início. “Tudo chegou nesse nível por irresponsabilidade da SMTT, pois desde que implementaram a mudança no sábado (14), a população foi contra. O novo trajeto é claramente pior do que o antigo. Só temos um plano que é voltar para o que era, se não, o impasse vai continuar”, declarou.

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Fernando do Village compareceu à reunião para defender interesses da população

O representante do Graciliano Ramos, Sinvaldo Aurélio dos Santos, destaca o tempo de trajeto como principal perda para quem utiliza o serviço na região. “O trabalhador que já acordava cedo para chegar ao destino, vai ter que acordar mais cedo ainda e às vezes nem vai conseguir chegar. Não tem como”, disse.

O superintendente da SMTT, Antônio Moura, voltou a defender a mudança promovida pela pasta e alegou que o novo formato sequer foi testado. “Estamos atendendo o chamamento do Ministério Público, porém, mantendo nossa posição. Qualquer conversa pode acontecer desde que haja a suspensão deste protesto truculento que impede o direito de ir e vir das pessoas”, disse.

Moura destacou ainda que a intenção das mudanças sempre foi beneficiar a população da região, e que a SMTT está disposta a conversar com representantes. “Sempre estamos abertos a diálogo com lideranças, políticos e cidadãos. O que não aceitamos é a imposição por meio de um protesto criminoso, que tem até relatos de veículos que estão sendo quebrados”, concluiu o superintendente.

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Superintendente da SMTT, Antônio Moura

A promotora da Fazenda Municipal, Fernanda Moreira, por sua vez, defende a legalidade da ação realizada pela SMTT, mas coloca o interesse popular como principal ponto no debate. “Apesar de todo o processo transcorrer de forma legal por parte da SMTT, o destinatário final é o consumidor, quem realmente utiliza o serviço. A ideia do Ministério Público é promover esse debate e encontrar um caminho para resolver a situação, dando prioridade ao interesse público”, disse.

A promotora ainda afirma que o processo foi acelerado por conta dos protestos realizados. “É legítimo protestar, mas quando o protesto prejudica toda uma cidade, nós precisamos trabalhar para que ele seja cessado o mais rápido possível”, concluiu.

O promotor do Consumidor, Max Martins, afirma que o papel do MP é avaliar as idéias e chegar a uma solução que favoreça as partes. “Percebemos que a população está muito insatisfeita, principalmente devido ao tempo de percurso que, segundo eles, foi alterado. Iremos conversar com os representantes das comunidades, com a SMTT e entender não só as solicitações como também a parte técnica. O intuito é encontrar saídas que possam agradar as partes”.

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Com a palavra, promotor Max Martins durante reunião na sede do MP

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