Andaime de 10 metros rouba a cena em fotos de casamento e revolta noivos

Arquivo Pessoal

Andaime atrapalhou fotos de casamento em Sorocaba

O vestido, a entrada da noiva e o momento do “sim”. Geralmente são estas as lembranças que os convidados guardam de um casamento. Porém, em Sorocaba (SP), um andaime de mais de 10 metros de altura instalado no altar da Catedral Metropolitana roubou a cena e fez com que o sonho de diversos casais se transformasse em frustração e desespero.

Para Laís e Rafael Correa, de 26 e 31 anos, o dia 8 de setembro vai ficar registrado na memória e no álbum de fotos de uma forma diferente do que eles sonharam. Os dois agendaram o casamento dois anos atrás após pagar uma taxa de quase R$ 900 e afirmam que não foram avisados sobre a obra.

“Fiquei em choque. O casamento gera tanto investimento financeiro e emocional que eu não conseguia acreditar. Ofereci pagar a retirada do andaime, mas não quiseram nem me ouvir”, conta Laís.

Em entrevista ao G1, ela afirmou que foi à igreja dias antes da cerimônia para se confessar e viu a estrutura montada.

“Achei que iriam tirar, mas mesmo assim questionei a secretária da igreja. Ela me disse que a estrutura iria continuar lá e só iria aparecer nas fotos ‘se o fotógrafo fosse muito ruim'”, conta.

A dentista afirma que queria seguir os passos da mãe e da avó e se casar na mesma igreja. Segundo ela, além do andaime, havia em uma das mesas do altar um saco plástico preto protegendo o mármore de resíduos da obra.

Laís disse que, após conversar com funcionários da igreja, ficou sabendo que a tal obra não seria emergencial. “Contaram que era restauração no teto, nada urgente. Achei uma tremenda falta de consideração e de respeito conosco e com outros casais.”

“É uma coisa que não tem volta. Além da tristeza de chegar na igreja e ver aquela estrutura monstruosa, sentimos vergonha pelos convidados e amigos. Chorei dias seguidos antes do casamento”, relembra.

Ao G1, ela disse que os padrinhos e madrinhas que estavam no altar tiveram dificuldades de vê-la entrar na igreja e até de cumprimentar os noivos após a cerimônia. A noiva ainda disse que a igreja não autorizou nenhum tipo de decoração no andaime.

Kerolen Alves dos Reis entende bem a frustração que Laís relatou ao G1. Ela também teve como plano de fundo da cerimônia o andaime. “Tive uma crise de nervos quando fiquei sabendo. Tudo que eu havia planejado foi para debaixo d’água”, conta.
“No momento do casamento, ao abrir a porta, a única coisa que pensei era: ‘não olhe para frente’, mas não teve como. Nem a imagem de Nossa Senhora no altar eu consegui ver”, lembra.

O pároco Tadeu Rocha, responsável pela Catedral Metropolitana, afirmou ao G1 que a estrutura era necessária no local para a realização de obras que eliminariam trincas do teto da igreja.

“Concordo que o andaime não deixou o local bonito, mas de forma alguma atrapalhou a cerimônia. Diria que [a obra] não era emergencial, mas necessária”, explica.

Sobre as noivas não terem sido avisadas quanto à estrutura, o padre preferiu não comentar. Segundo ele, “três ou quatro casamentos foram realizados com o andaime no altar e todos que pediram o dinheiro de volta o receberam”.

A Arquidiocese de Sorocaba foi procurada pela reportagem para comentar o assunto, mas não deu retorno até a publicação desta reportagem.

Revolta e processos

Ao G1, algumas noivas afirmaram que a estrutura foi desmontada no dia 26 de setembro e colocada na lateral da igreja para que não atrapalhasse outras cerimônias e missas.

Além do sentimento de tristeza, a situação causou revolta em outras noivas que aguardam para casar na Catedral da cidade. “Achei muita falta de respeito. Eu estive na igreja algumas vezes após instalarem a estrutura e não vi ninguém trabalhando”, disse uma noiva que preferiu não se identificar.

As noivas relatam que não há tempo hábil para mudar de igreja e avisar a todos os convidados.

O advogado Cláudio Dias Batista afirma que a lei está do lado dos casais. Segundo ele, quando a igreja se compromete a realizar o casamento, é colocada no papel de fornecedora e, por isso, tem que cumprir o Código de Defesa do Consumidor.

“As pessoas que se sentirem lesadas podem pedir o ressarcimento do dinheiro pago, um reembolso da quantia gasta com serviços que foram prejudicados – como filmagem e fotografia – e ainda um processo por danos morais.”

Cláudio explica que a Justiça analisa cada caso de uma maneira, pois não há um valor pré-estabelecido.

Durante a entrevista ao G1, o padre contou que pediu desculpas às noivas, mas disse que a jornada do andaime ainda não acabou, já que a obra não foi finalizada. “Em algum momento haverá este transtorno novamente, não sei quando, mas ele voltará”, completa.

Fonte: G1

Veja Mais

Deixe um comentário

Vídeos