Sociólogo lança livro que retrata a saúde física dos cortadores de cana de Alagoas

Evento acontece nesta sexta-feira (19), às 19h no Complexo Cultural Teatro Deodoro

Divulgação

Professor e sociólogo Lúcio Verçoza

O professor e sociólogo Lúcio Verçoza lançará, na noite desta sexta-feira (19) o livro “Os homens-cangurus dos canaviais alagoanos: um estudo sobre trabalho e saúde”, que retrata o trabalho dos cortadores de cana em Alagoas. O evento será realizado no Complexo Cultural Teatro Deodoro, às 19h. A obra é fruto de uma tese de doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que recebeu o Prêmio Maria de Nazareth Baudel Wanderley, em 2016.

Segundo Lúcio, o desafio da tese era articular duas perspectivas de análise, que costumam caminhar separadas. “O principal desafio da tese foi articular a saúde e a sociologia, que costumam caminhar separadas. No caminho foram sendo conhecidos vários trabalhadores e ex-cortadores de cana, que conviviam com dores, cãibras, cicatrizes no corpo e na alma. Os relatos eram recorrentes”, comenta Lúcio.

A pesquisa analisou a saúde física dos trabalhadores canavieiros, articulada ao sofrimento moral e psíquico, visando contribuir para as reflexões sobre a relação entre o trabalho do corte de cana e o adoecimento dos trabalhadores. O estudo comprova que excesso de trabalho e jornadas de até 11 horas elevam a carga cardiovascular e provocam “distúrbio hidroeletrolítico” nos cortadores.

Homens-cangurus

Esse “distúrbio hidroeletrolítico” é o “canguru”, que nos canaviais paulistas é chamado de “birôla”, fenômeno extremo de perda de controle sobre os movimentos do corpo. “Trava braço, barriga e perna. Alguns chegam a ter cãibra até na língua. A pessoa fica imobilizada, com o braço colado junto ao corpo. Daí o nome canguru”, explica o sociólogo, que ressalta: “nos canaviais de Alagoas, a exploração é levada ao extremo, anulando até o futuro do trabalhador. Muitos ficam incapacitados ainda em idade produtiva”.

Segundo Lúcio Verçosa, o “canguru” é resultado de fatores sociais que escrevem a história de Alagoas. “Essas pessoas vivem, infelizmente, a vida inteira sob a ponta do facão”, alerta. O livro pode ser encontrado na Editora Universitária, que tem sede no Campus A. C. Simões e duas extensões: Espaço Cultural, na Praça Sinimbú e Campus do Sertão, em Delmiro Gouveia. Também é possível encontrar no site www.edufal.com.br.

Fonte: Rafael Maynart

Veja Mais

Deixe um comentário

Vídeos