Oftalmologista do HGE alerta sobre os riscos de usar óculos de sol falsificados

Acessório de má qualidade não tem proteção UV e provoca sérios danos à visão

Carla Cleto

Especialista alerta para qualidade dos óculos

Com a enorme variedade de lentes, formatos, cores, tendências e materiais, os óculos escuros, ou de Sol, tornaram-se, atualmente, além de um acessório de moda, um item indispensável para a proteção dos olhos nos dias ensolarados, que possuem maior incidência dos raios ultravioletas (UV). No entanto, o preço baixo dos óculos falsificados, que chegam a custar menos da metade do valor original, acaba atraindo muitos consumidores, mas, provocam diversas lesões oculares a curto e longo prazo.
De acordo com Homero Costa, oftalmologista do Hospital Geral do Estado (HGE), na hora de escolher seus óculos, além do modelo que mais combina com seu rosto, alguns outros pontos precisam ser levados em conta. “Além da durabilidade, a qualidade das lentes e, claro, se tem proteção UV. Sem dúvidas, esses pontos são de extrema importância, pois um par de óculos de má qualidade pode sair caro, não só para seu bolso, mas, principalmente, para sua visão. Isso devido ao fato de os óculos serem os principais acessórios que protegem os olhos dos raios UV”, alertou.

Quem são eles? Os raios ultravioleta se subdividem em três: UVA, UVB e UVC. Este último é totalmente filtrado pela camada de ozônio, porém, os dois primeiros atingem a atmosfera e são responsáveis por danos na pele e olhos. O grande problema de comprar óculos falsificados, para o oftalmologista, é em relação à qualidade do produto.

Ele explica que, durante a fabricação das lentes oftálmicas tradicionais, é empregada uma série de tecnologias que vão torná-las seguras para uso, minimizando drasticamente os problemas à visão. Por outro lado, as lentes dos óculos escuros falsificados não protegem os olhos.

“Com o uso dos óculos de Sol, é comum que a pupila se dilate devido à penumbra gerada por ele. Entretanto, as lentes escuras de qualidade duvidosa são bem perigosas. Isso porque, ao utilizá-las, a pupila do paciente consequentemente é dilatada, o que permite passar uma maior quantidade de raios UV, piorando a situação da saúde ocular, porque elas não têm nenhuma proteção”, esclarece Homero Costa.

Entre as doenças relacionadas à exposição direta ao Sol sem proteção de óculos escuros de qualidade está o pterígio, conhecido popularmente como “carne crescida” – um crescimento anormal de uma membrana conjuntiva que recobre o olho, resultado de anos de exposição ao Sol e a fatores ambientais. A doença é caracterizada pela irritação crônica e a essa expansão, fora dos padrões usuais, em direção à córnea, causando desconforto e distúrbios visuais variados.

“Dentre as causas, observa-se que o componente genético está associado à formação do pterígio, além de situações como a exposição aumentada ao sol e a permanência em ambientes poluídos. Portanto, proteger os olhos com o uso de óculos escuros com proteção UV, lubrificá-los em tempo seco e evitar a exposição à poeira, são boas formas de se evitar o problema”, recomendou o especialista.

Inflamação da Córnea

Do mesmo modo, ainda há o risco de surgimento de ceratite actínica – uma inflamação na córnea, que costuma ocorrer em pacientes expostos várias horas ao Sol e sem a proteção adequada. Os sintomas são vermelhidão, dor ocular, ressecamento, dificuldade visual e muita sensação de “areia”.

E, se a luz solar intensa penetrar mais fundo, cronicamente, sem o uso de óculos escuros de qualidade, pode-se atingir ainda o cristalino (lente natural do olho), causando a catarata. “Estudos comprovam que países que possuem maior quantidade de exposição solar, a catarata acontece de forma precoce. Enquanto em países com pouca incidência do Sol, isso é retardado”, ressaltou.

A exposição aos raios UV também pode aumentar o risco da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), que ocorre geralmente depois dos 60 anos de idade e afeta a área central da retina (mácula). A DMRI acarreta baixa visão central (cegueira central), dificultando principalmente a leitura.

Segundo Homero Costa, as pessoas que costumam comprar óculos falsificados geralmente não vão ao consultório médico para serem examinadas. “Elas perdem a oportunidade de fazer uma consulta detalhada. E, muitas vezes, uma fotofobia, do ponto de vista oftalmológico, pode estar escondendo um astigmatismo – tipo comum de erro de refração (grau) – ou até mesmo alterações mais graves”, explicou.

Crianças

O oftalmologista do HGE acrescenta que as crianças também precisam usar óculos de Sol adequados para sua idade quando estão na praia, ao ar livre ou em locais expostos à radiação ultravioleta. “Pessoas de todas as idades precisam se proteger contra os raios UV, principalmente os mais sensíveis, que são as crianças e as pessoas com íris claras”, disse o especialista.

O médico ressaltou que os óculos de Sol, mesmo os que não tenham grau, devem ser comprados em uma ótica de confiança, pois eles são feitos especialmente com os filtros de raios UV adequados. “O consumidor deve exigir a nota fiscal, caso queira trocar e, sobretudo, o certificado de garantia sempre com o preenchimento pelo vendedor, que é muito importante”, aconselhou.

Prazo de validade

Como qualquer acessório, os óculos de Sol têm seu prazo de validade. O ideal é que, se a pessoa os conserva muito bem, não necessariamente tem que trocá-los todos os anos. “Se forem cuidados de forma adequada, poderão durar alguns anos a mais, bem como higienizá-los regularmente com água corrente e sabonete neutro e sempre que a pessoa não estiver usando, ele deve estar guardado em seu estojo”.

Na moda, mas com proteção – Para Natalia Volpini, de 28 anos, turista da França, os óculos de Sol não são apenas um instrumento de auxílio visual, mas também um acessório de moda. “Tenho muitos óculos de Sol e acredito que é muito importante o uso de todos eles com proteção UV, porque, se a gente não usa esse acessório de maneira correta, a visão pode ficar bastante prejudicada, conforme o tempo vai passando”, disse.

Fonte: Ascom HGE

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