Novos estudos no Pinheiro podem deixar moradores sem luz e com ruas interditadas

Déborah Moraes / Alagoas24Horas

Entrevista Coletiva CPRM

Pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil irão iniciar nova etapa dos estudos no bairro do Pinheiro a partir deste final de semana. O Geólogo responsável, Thales Sampaio, explicou como tudo irá funcionar, em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, 08.

De acordo com o especialista dois métodos geofísicos começarão a ser implantados pelos próximos 20 dias, a gravimetria e a audiomagnetotelúrico. Ambos são processos que analisarão as propriedades físicas do solo de forma mais específica e sensível.

O primeiro método consiste na análise de variações de aceleração da gravidade e diferença de densidades das rochas. Já o segundo objetiva obter informações e modelos de comportamento de estruturas (falhas e fraturas, deslocamentos, quebras etc.) e por utilizar sinais naturais magnéticos, especificamente os áudio-magneto-telúricos (AMTs), poderá necessitar que haja interrupção do fornecimento de energia no bairro ou em partes dele.

Ainda segundo o especialista, neste sábado (09) serão realizados testes durante o dia e a noite para confirmar a necessidade da interrupção do abastecimento.

“A partir desses testes que já serão realizados amanhã, nós vamos verificar se os equipamentos, que são muito sensíveis, consegue desempenhar suas atividades de forma satisfatória, sem sofrer interferências. Só depois destes testes poderemos afirmar se haverá necessidade, ou não, do corte temporário de energia”, explicou.

Caso seja necessário, o especialista prevê intervalos de 40 min a três horas sem energia, mas afirmou que tudo está sendo avaliado junto à Eletrobras e será comunicado com antecedência à população.

Déborah Moraes / Alagoas24Horas

Entrevista Coletiva CPRM

“Eu gostaria de deixar claro à população do Pinheiro que tudo o que está sendo feito, por mais que cause incômodos, está sendo feito por vocês. Para que vocês possam ter as respostas que merecem. O CPRM está totalmente comprometido com o bairro do Pinheiro e só sairemos daqui quando soubermos o que houve”, declarou Sampaio.

Há uma semana o CPRM, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) instalou no bairro do Pinheiro seis unidades sismológicas que estão recolhendo dados que serão avaliados por técnicos para saber sobre a movimentação sísmica na região.

Até o momento não houve nenhum alerta, mas os dados não foram completamente processados, informou a assessoria do órgão.

Riscos por causa das Chuvas

Ainda durante a entrevista Coletiva, Thales Sampaio fez um alerta à população do bairro para que fiquem atentos às chuvas, principalmente aqueles em áreas vermelhas.

De acordo com o geólogo as chuvas lubrificam as estruturas geológicas que estão sendo observadas possibilitando novas movimentações.

“População do Pinheiro, qualquer chuva torrencial, qualquer evento crítico de chuva, qualquer previsão de chuva é importante que as pessoas deixem suas casas, principalmente nas áreas vermelhas, mas também laranja e amarela, e só voltem após a chuvas, porque pode sim acontecer um acidente grave sem aviso prévio”, alertou.

Atuação do CPRM

Déborah Moraes / Alagoas24Horas

Entrevista Coletiva CPRM

O CPRM atua em todo o Brasil e desde 2011 Já mapeou 1680 municípios em todo os país. Em 2014, técnicos já estiveram em Maceió mapeando áreas de risco a pedido da Defesa Civil Municipal. Ainda em 2017 estudos foram realizados nas áreas de encosta do Mutange, mas como não havia nenhum alerta em relação ao Pinheiro, a área não foi contemplada no mapeamento.

Desde 2018, após o tremor de terra ocorrido em março e que atingiu magnitude de 2.4, profissionais do Serviço Geológico do Brasil trabalham para identificar as causas do fenômeno.  Atualmente uma equipe multidisciplinar com 53 profissionais está em Maceió.

“Nós estamos investigando todo o solo do bairro do Pinheiro em sua superfície e já alcançamos 100 metros de profundidade analisados. Nossa intenção e ultrapassar a camada de sal e atingir os 1500 metros de profundidade e entender o reflexo das movimentações que estão ocorrendo no subsolo. Geólogos de uma empresa parceira também estão envolvidos. E já contactamos o serviço geológico americano. Tudo o que pode ser feito está sendo feito. Mas a complexidade de se analisar uma área urbana, é imensa.”, concluiu.

Os novos estudos realizados não afetarão a realização do Simulado de Evacuação do bairro agendado para sábado, 16 de fevereiro.

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