Programa Melhor em Casa já realizou quase 300 mil atendimentos a pacientes acamados

Ascom/Sesau

Técnicos do Programa Melhor em Casa durante visita

Desde 2016, quando foi incorporado à Rede de Urgência e Emergência, o Programa Melhor em Casa já realizou 293.368 atendimentos a pacientes acamados em Alagoas. Os dados são da Coordenação Geral de Atenção Domiciliar do Ministério da Saúde (MS).

Atualmente, o serviço funciona em São José da Laje, União dos Palmares, Colônia Leopoldina, Maragogi, Rio Largo, Maceió, Marechal Deodoro, Satuba, Santa Luzia do Norte, Mar Vermelho, Capela, Viçosa, Atalaia e Campo Alegre. Ele também está presente em São Miguel dos Campos, Junqueiro, Teotônio Vilela, São Sebastião, Limoeiro de Anadia, Traipu, Arapiraca, Girau do Ponciano, Porto Real do Colégio, Santana do Ipanema, Pão de Açúcar, Palmeira dos Índios, Delmiro Gouveia e Piranhas.

Com isso, já são 28 municípios a oferecer o serviço, que, segundo a técnica da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Aline Mota, tem proporcionado mais qualidade de vida aos pacientes acamados. “Graças ao apoio de toda uma equipe multiprofissional, conseguimos reduzir de 20 a 30 vezes o número de internações em pacientes com o perfil domiciliar, o que é de fundamental importância para garantir um atendimento humanizado a toda a população alagoana”, explicou.

De acordo com a assessora de Média e Alta Complexidade da Sesau, Rosana Veras, em dois anos o programa já conseguiu melhorar a qualidade de vida dos usuários. Por meio do Melhor em Casa, os pacientes passam a receber o tratamento qualificado junto aos seus familiares, no aconchego de seus lares.

“O paciente sai da ocupação de um leito hospitalar, de longa permanência, para receber uma assistência médica dentro do próprio domicílio”, destacou. A técnica da Sesau ressaltou que as Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar fazem visitas regulares às residências dos pacientes. Elas são compostas por médico, enfermeiro, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, assistente social e técnico de enfermagem, a depender do estado de saúde do paciente.

Público-alvo

Conforme Rosana Veras, pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos e os que estão em situação pós-cirúrgica, podem ser cuidados pelo Programa Melhor em Casa. Para receber o benefício, o paciente deverá comparecer até a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua casa e passar por uma avaliação com a equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF).

Os profissionais de saúde ou “cuidadores” do Programa Melhor em Casa são organizados em Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (Emad) e Equipes Multiprofissionais de Apoio (Emap). Cada Emad, segundo Rosana Veras, acompanha em média 60 usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e também pode contar com o auxílio de profissionais que atuam na ESF.

“As Emads atuam durante a semana e também aos sábados e domingos, em regime de plantão. Os equipamentos e materiais necessários para o trabalho das equipes são garantidos pelas secretarias municipais de Saúde do respectivo município aos quais as Emads estão vinculadas”, informou.

Experiências exitosas

Entre as experiências exitosas do Melhor em Casa em Alagoas está o município de Rio Largo. Lá, com quase um ano de funcionamento, o programa tem assistido 67 usuários, graças a uma equipe multiprofissional dedicada, que presta diariamente atenção especial a esses pacientes.

“Temos relatos de pessoas que davam entrada no hospital com o diagnóstico de pressão alta. Mas, depois que a equipe do Programa Melhor em Casa começou os atendimentos nas residências dos pacientes, essa demanda caiu consideravelmente. Também temos dado assistência a usuários com diabetes, bem como a vítimas de arma de fogo. A meu ver, ficou mais cômodo para o paciente, evitando que ele se desloque até a unidade hospitalar num procedimento que a própria equipe consegue fazer na casa dele”, disse Jucirleide da Silva, enfermeira e coordenadora do Programa Melhor em Casa de Rio Largo.

Segundo ela, a equipe multiprofissional é de grande importância para promover a educação permanente em saúde pública domiciliar, especialmente junto dos familiares das pessoas assistidas por meio do Melhor em Casa. “Integramos a família, os pacientes e nossas equipes para que esse trabalho tenha maior resolutividade, atingindo bons resultados, seja na recuperação ou na expectativa de garantir a melhora na qualidade de vida a essas pessoas e aos seus familiares”, afirmou Jucirleide da Silva.

É o caso de Damião Manuel dos Santos, de 49 anos, diagnosticado há três anos com câncer de pele, localizado no pescoço. Em 2015, ele começou a fazer a radioterapia, com o objetivo de eliminar as células tumorais. No entanto, Damião decidiu por abandonar o tratamento, fazendo com que a lesão aumentasse cada vez mais. No ano passado, Cosme Manuel dos Santos, seu irmão gêmeo, o levou para o Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes (HUPAA), no Tabuleiro do Martins, em Maceió, para que ele começasse o tratamento novamente. Mas o câncer já estava em um estágio bastante avançado.

Há cinco meses, Damião recebe a equipe do Programa Melhor em Casa no seu quarto. O corpo fraco, a voz quase inaudível e os tumores localizados no tórax, nos braços e abaixo da ferida de camadas profundas em suas costas, o impossibilitam de receber a quimioterapia, que consiste em usar potentes produtos químicos no corpo para destruir as células cancerígenas e reduzir os tumores. Durante o tempo em que a equipe permaneceu na sua residência, Damião só conseguiu falar: “Tô mais ou menos”, ao ser questionado pela enfermeira de como estava se sentindo numa manhã de quarta-feira.

Para Cosme, se o serviço não existisse, ficaria muito difícil de o irmão ser tratado de forma humanizada no próprio seio familiar. “Antes de o programa existir, eu fazia os curativos sozinho, um pouco desajeitado, sem a prática dos profissionais. Não podia deixar meu irmão numa situação complicada. De jeito nenhum. Cheguei a contratar uma pessoa pra me ajudar, mas ela acabou desistindo. Graças a Deus, a equipe do Programa Melhor em Casa trouxe um atendimento que eu não esperava, no conforto da minha casa, sem que eu precise pagar pra ter um serviço qualificado”, elogiou, emocionado.

Já Edivânia Maria da Silva, de 37 anos, está recebendo, há um ano, o acompanhamento da equipe do Programa Melhor em Casa em sua residência. Em 2009, a mulher acabou dando um ponto final ao seu casamento. Por não aceitar a separação, o ex-marido partiu para a vingança. Ao vê-la num ponto de ônibus, ele a atropelou com o carro. Diagnosticada com tetraplegia, ela não tem os movimentos dos membros superiores e inferiores e encontra-se há nove anos acamada..

A mãe da paciente, Maria Cícera Rodrigues, de 57 anos, relatou que, antes do atendimento da equipe, ela não mexia a cabeça e, agora, começou a fazer pequenos movimentos com os membros superiores. “Estamos trabalhando para que ela ganhe mais movimentos e melhore sua qualidade de vida no estado em que se encontra. O processo da fisioterapia é lento, mas, a cada pequeno ganho, vamos tentando evoluir e aperfeiçoar o quadro dela”, disse a fisioterapeuta do programa, Laís Kelly.

Para dona Maria Cícera, o atendimento da dentista e do médico, assim como os movimentos feitos pela fisioterapeuta, são na verdade um estímulo importante ao desenvolvimento da sua filha. “Antes eu não tinha com quem contar. Eu ficava apavorada. Fazia os movimentos nela por conta própria, mas não tinha ninguém que me auxiliasse. E, às vezes, quando acontecia alguma coisa com a minha filha, a gente ia para o posto de saúde a fim de que alguém pudesse ajudar. Hoje, se algo ocorre com ela, telefono imediatamente pra coordenadora do programa e eles aparecem aqui”, disse.

O médico Ricardo Mendes acrescentou que se os pacientes tivessem uma frequência de visitas mais espaçada, como é o que demanda os postos de saúde, eles não evoluiriam tão bem. “A Edivânia, em especial, vem apresentando respostas melhores a cada visita. Ela não tem um corpo atrofiado igual se ela não tivesse sendo acompanhada por uma equipe multiprofissional. Além disso, ela estaria sentido dores em várias partes do corpo. E com a equipe fazendo esse trabalho, junto à fisioterapia motora, o quadro de saúde dela tem evoluído de forma bastante significativa, mesmo estando acamada e com certas limitações. Temos aumentado sua qualidade de vida, para que ela possa viver mais e bem”, garantiu o especialista.

Fonte: Ascom/Sesau

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