HGE atendeu mais de 8 mil vítimas no trânsito de Alagoas em 2018

Descuidos, intolerância e imprudência são as principais causas de acidentes

Carla Cleto / Sesau

Wellington e Cícero trafegavam em motocicleta quando foram atingidos por um carro na contramão

Mais de 5% dos atendimentos que chegam ao Hospital Geral do Estado (HGE) estão relacionados a acidentes de trânsito. Somente em 2018, o maior hospital público de Alagoas registrou 8.148 vítimas do trânsito, dos 151.454 atendimentos gerais realizados durante todo o ano. E quem pensa que somente estão nesses números aqueles que não foram cautelosos está enganado.

Cícero Daniel dos Santos, de 34 anos, e Wellington Bosco dos Santos, de 38, são irmãos. Eles se deslocavam para o trabalho em uma motocicleta, por volta das 7 horas do último dia 5 de abril, quando sofreram um acidente. Utilizando devidamente o capacete e dentro do limite de tráfego na AL-101 Norte, trecho que corta o município de Porto Calvo, eles foram surpreendidos por um veículo que sobrou em uma curva.

“De repente só vimos o carro vindo para a gente. O cara no outro veículo passou para a contramão e não conseguiu evitar a colisão frontal. Tudo muito rápido! Lembro que o motorista não saiu do carro, somente o carona, que chamou o socorro. Não demorou, mas foi muito angustiante”, disse Cícero, que se recupera de uma fratura na tíbia direita e de uma lesão sofrida na região genital.

Ambos afirmam que não demoraram a serem socorridos, mas, somente Cícero foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) direto para o HGE. Wellington foi assistido por uma ambulância municipal, que o levou para uma unidade da região. Entretanto, devido ao diagnóstico de fratura de bacia, punho e lesão na bexiga, foi necessária a transferência imediata também para o HGE, referência em Alagoas e de qualidade reconhecida nesse tipo de atendimento, precisando, inclusive, dos cuidados da equipe multidisciplinar da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) durante nove longos dias.

“Após o acidente, eu só lembro a partir de quando estive na UTI. Nesse intervalo de tempo, entre o socorro e a chegada ao HGE, eu só sei o que meus familiares relataram. Era um dia como outro qualquer. Como meu irmão é pedreiro, eu ia ajudá-lo no serviço que ele havia pegado em uma fazenda. Não estávamos correndo, não havíamos consumido bebida alcóolica, não estávamos em qualquer situação irregular; mas fomos alvos de alguém que não teve o mesmo cuidado que tivemos”, lamentou Wellington.

O cirurgião-geral do HGE, Maxwell Padilha, reconhece que vários são os casos que chegam à emergência decorrentes da imprudência no trânsito, causada por terceiros. O veículo que ultrapassou o sinal vermelho e atropelou quem esperou o sinal abrir para pedestres; o carro que subiu a calçada e não observou o pedestre; a pessoa que consumiu álcool e vitimou cidadãos que trafegavam corretamente, dentro ou fora de veículo. São exemplos que reforçam a defesa do médico em sensibilizar as pessoas a serem prudentes e responsáveis no trânsito.

Carla Cleto / Sesau

Cirurgião-geral do HGE, Maxwell Padilha, ressalta que casos que chegam à emergência são decorrentes da imprudência no trânsito

“É importante que todos se conscientizem que a bicicleta, a moto, o carro, o caminhão ou ônibus, qualquer que seja o veículo utilizado, pode ser considerado uma arma fatal contra a vida. Então é de extrema importância que as pessoas compreendam que atitudes individuais podem gerar consequências muito graves para elas mesmas e outras pessoas. Um descuido pode nem parecer grave, mas pode mudar a história de famílias”, alertou o médico do HGE.

No HGE, em 2018, o maior número de vítimas do descuido no trânsito teve relação direta ao uso da moto, 3.338; seguido das colisões, 3.055; dos atropelamentos, 909; das bicicletas, 582; e dos capotamentos, 264. Grande parte das ocorrências chegam de Maceió (4.808), Marechal Deodoro (319) e Rio Largo (272); acontecem principalmente no domingo à noite; acometem com mais frequência homens (6.292); e os acidentados estão em maioria na faixa de 20 a 29 anos (2.570).

“Na verdade é tudo um grande desperdício. O hospital ocupa um leito que podia ser para outro doente; minha família é prejudicada financeiramente, pois somos trabalhadores autônomos; perdemos o tempo que poderia estar sendo vivido fora do hospital, pois eu tinha acabado de tirar férias, íamos comemorar meu aniversário na praia nos dias seguintes, mas tivemos que cancelar. E tudo isso aconteceu por causa de uma pessoa que não soube ter respeito à vida dos outros”, desabafou a esposa do pedreiro, Lucicleide Santos Silva.

Fonte: Ascom Sesau/AL

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