Síndico de conjunto habitacional é investigado por suspeita de estupro de nove crianças e adolescentes

Mãe que preferiu não ser identificada contou como o síndico do prédio aliciava e abusava de crianças e adolescentes

O síndico de um conjunto habitacional em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, está sendo investigado por estupros de ao menos nove crianças e adolescentes. Segundo a Polícia Civil, o homem, que não teve o nome divulgado, é suspeito de abusar sexualmente de menores de 5 a 14 anos.

Os casos começaram a ser denunciados no prédio em novembro do ano passado. A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela delegada Vilaneida Aguiar, do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), em Prazeres, em Jaboatão.

Em entrevista à TV Globo, nesta quarta-feira (15), a delegada disse que as vítimas prestaram depoimentos na terça-feira (14), quando o caso chegou à DPCA, e novas ouvidas serão realizadas ao longo do dia. A princípio, nove crianças estão na lista para ir até a delegacia, segundo Aguiar.

“Podemos ter mais casos. Encontramos fichas de inscrição em aulas de futebol com esse professor, de 2017 e de anos anteriores. Pedimos que as pessoas venham à delegacia para fazer os relatos. Essas famílias das crianças não precisam ter medo de denunciar”, afirmou.

Vilaneida Aguiar informou também que as crianças serão levadas para exames no Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, na área central do Recife.

“Há indícios do crime de estupro de vulnerável, que é o alvo da investigação. Estamos avaliando cada depoimento e, se houver novos suspeitos, vamos investigar também”, acrescentou.

Depoimentos

Mães de vítimas afirmaram à equipe da TV Globo, nesta quarta, que o homem e a amante dele atraíam as crianças e jovens para o apartamento, onde ocorriam os abusos. O suspeito foi visto pela última vez no sábado (11) e o imóvel dele foi invadido e destruído por moradores.

As histórias são bem parecidas, de acordo com os relatos feitos pelas mães das vítimas. Elas descobriram os crimes a partir de informações contidas em um celular antigo do suspeito.

“Meu filho de 8 anos disse que ficou amarrado a uma cadeira e que o síndico pegou nas nádegas dele. O menino disse que o homem ameaçou me matar, caso ele contasse alguma coisa”, afirmou uma das mães, que preferiu não ser identificada.

As mães contaram que o homem dizia que era professor de futebol e atraía as crianças e adolescentes para o apartamento, sob o pretexto de fazer “reuniões” sobre o time, que “disputaria partidas na Arena de Pernambuco”, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife.

A mãe do garoto de 8 anos disse que o filho mais novo também foi vítima do síndico. Ela denuncia que o homem mandou a criança tomar banho durante uma visita ao apartamento. “Ele tirou uma foto do meu filho sem roupa”, afirmou.

Outra mãe, que também pediu para não ser identificada, contou à TV Globo que o síndico e a mulher prometiam chocolates e doces para levar as crianças ao apartamento.

“A mulher me mostrou conversas por WhatsApp entre o síndico e um amigo dele, contando o que fazia com as crianças de 11 e 12 anos”, afirmou.

Uma terceira mãe também disse à TV Globo que o filho foi vítima de abuso no apartamento do síndico.

Ela disse que, a princípio, a criança negou o crime, mas passou a apresentar um comportamento diferente do normal. “Ele me disse que me amava e me deu um beijo. Então, senti que tinha algo estranho”, relatou.

A mulher disse que, depois que casos de abuso começaram a ser divulgados no prédio, o menino resolveu contar tudo.

“Ele admitiu que a mulher deu um remédio para ele dormir e depois o síndico pegou nas partes íntimas dele e deu um beijo na boca. Ele contou também que não se lembrava mais de nada”, afirmou a mãe.

A mesma mãe se mostrou revoltada com a situação. “Eu quero ele viva e caia no presídio”, declarou, emocionada.

Orientação

A delegada Vilaneida Aguiar afirmou que pais e responsáveis devem procurar orientação da polícia em caso de suspeita de abuso sexual de crianças e adolescentes. Segundo ela, as vítimas precisam receber acompanhamentos médico e psicológico para não interferir no desenvolvimento.

“Crimes dessa natureza deixam sequelas para o resto da vida. Podem provocar problemas de relacionamento”, declara.

Ela ressalta que os pais devem evitar que as crianças fiquem muito tempo sozinhas, em casa de pessoas adultas ou com adolescentes. “De preferência, é melhor colocar em creches ou em escolas”, observa.

A policial diz que os responsáveis devem prestar a atenção às atitudes das crianças e das pessoas que estão no entorno delas. A maioria dos agressores, segundo Aguiar, é composta por gente que tem a confiança da criança e vive no círculo familiar.

A policial ressalta a importância de conquistar a confiança dos filhos para conseguir de forma mais fácil obter informações, em caso de necessidade.

“E necessário explicar para a criança que ninguém pode tocar na parte íntima dela e que ela não pode tocar na parte íntima de ninguém. Acima de tudo, é preciso desconfiar sempre”, acrescenta.

Fonte: G1

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