‘Turma da Mônica: Laços’ mantém espírito do gibi para ser o melhor filme infantil brasileiro

Giulia Benite, Laura Rauseo, Kevin Vechiatto e Gabriel Moreira em cena de ‘Turma da Mônica: Laços’ — Foto: Divulgação/Serendipity Inc

É difícil de acreditar que foram precisos cerca de 60 anos desde a primeira tirinha publicada para que os personagens de Mauricio de Sousa ganhassem uma adaptação com atores no cinema. “Turma da Mônica: Laços” estreia no dia 27 como um belo retrato do espírito dos gibis – e como o melhor filme genuinamente infantil feito no Brasil.

A afirmação parece um pouco exagerada, porém é justa. O gênero no país até teve alguns bons momentos, mas carece de clássicos, o que facilita a concorrência.

“Laços” é doce, inocente, respeita a essência dos personagens criados há tanto tempo e com certeza irá entreter a criançada, enquanto emociona os pais (que muito provavelmente cresceram lendo os quadrinhos).

E a escalação inspirada dos jovens atores responsáveis por dar vida a Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali somada a uma fotografia belíssima ajudam o espectador a ignorar os pequenos defeitos pelo caminho.

Cala, cadê o Floquinho?
Para quem não conhece, o filme foca num quarteto de crianças, que moram no mesmo bairro, naquela fase da infância na qual a amizade se confunde muitas vezes com brigas e disputas.

Após mais um plano infalível descoberto e mais uma surra nas mãos – e coelhinho de pelúcia – da pequena Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto) precisa da ajuda da galera para encontrar seu cão, Floquinho, raptado por um vilão misterioso.

Nessa jornada ao lado de Cascão (Gabriel Moreira) e de Magali (Laura Rauseo), os jovens se aventuram por uma floresta e enfrentam valentões da rua de cima e seus próprios medos.

A história é uma adaptação direta da graphic novel de mesmo nome lançada pelos irmãos Lu e Vitor Cafaggi em 2013, parte da linha que entrega os personagens de Mauricio para outros autores, a Graphic MSP.

Há algumas novidades no roteiro, como inspirada participação do Louco (Rodrigo Santoro) ou o resgate final, mas o sentimento de força na união está lá.

O equilíbrio entre a obra, uma interpretação um pouco mais moderna da turma, e o espírito dos gibis é o grande trunfo do filme dirigido por Daniel Rezende (“Bingo: O rei das manhãs”).

Em “Laços”, o tom de aventura infantil com inspiração em “Os Goonies” (1985), já destacado no lançamento do original, ganha bom contraste com a inocência de certas cenas, como o golpe arquitetado por Cebolinha logo na abertura.

Disfarçado com um sobretudo e em cima de um caixote de madeira, a ideia do garoto poderia parecer um pouco boba para um filme, mas parece saída tão diretamente dos quadrinhos e feita com tanta honestidade que funciona.

Em carne e osso
A adaptação não funcionaria sem os atores certos para dar vida aos personagens. Giulia, Kevin, Gabriel e Laura provam que a busca de seis meses valeu a pena.

Uma história completamente focada no quarteto, com longos trechos sem qualquer interação com adultos, dependia de atuações naturais. Eles entregam. Mais do que isso, apresentam encarnações convincentes de uma turma que fez parte da infância de muita gente.

O maior defeito de “Laços” é a participação reduzida de Cascão e de Magali. As constantes disputas do outro par pela liderança diminui sua importância e impede que suas complexidades realmente apareçam.

Por outro lado, as brigas também rendem o melhor momento da trama, na qual os protagonistas abandonam suas personalidades “quadrinescas” e deixam aflorar um lado humano de verdade. A bela cena deve render alguns tostões aos fabricantes de lenços de papel.

O jeito então é torcer para que o desenvolvimento maior do resto do grupo seja um dos focos de uma eventual continuação.

Material não falta, já que são 60 anos de gibis e outros dois capítulos escritos pelos Cafaggi. Considerando as lágrimas nos olhos de Mauricio ao final da pré-estreia, vontade não falta.

Fonte: G1

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