Contagem da PF em MG aponta que PMs estavam com mais de R$ 1,5 milhão

Dinheiro encontrado com os ex-policiais estava dentro de duas malas — Foto: Divulgação/PRF

A Polícia Federal em Divinópolis divulgou, ao final desta quinta-feira (18), a contagem oficial do dinheiro apreendido com o ex-comandante geral, Marcus Aurélio Pinheiro, e o subtenente reformado, Esperon Pereira dos Santos, da Polícia Militar de Alagoas, detidos na noite desta quarta-feira (17) na BR-381, em Itatiaiuçu. De acordo com o delegado Daniel Souza, chefe da PF no município, os ex-militares transportavam a quantia de R$ 1.530.350,00.

Além disso, também foram encontradas cinco notas falsas entre o dinheiro, sendo quatro cédulas falsas de R$ 100 e uma cédula falsa de R$ 50.

“Muitas notas trocadas estavam na mala. Não era igual quando temos um valor retirado de instituições financeiras, onde todas as notas são de mesmo espécie, até por isso decidimos não fazer a contagem desse dinheiro no momento em que ele foi apreendido”, acrescentou Daniel sobre o dinheiro encontrado na manhã desta quinta-feira ao G1.

Após a contagem feita em uma agência da Caixa Econômica Federal em Divinópolis, o dinheiro foi depositado em uma conta da Justiça. As investigações continuam para, segundo o delegado, apurar se o dinheiro é, de fato, ilícito ou não. Daniel também afirmou à reportagem que novas informações sobre o caso devem ser divulgadas nesta sexta-feira (19).

O caso
Os militares reformados foram abordados em uma fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF) BR-381. Eles estavam em um carro com placas de Belo Horizonte que, segundo a PF, foi alugado em São Paulo.

O delegado da PF revelou que os ex-militares viajaram de avião de Alagoas para São Paulo e lá alugaram o veículo para transportar o dinheiro apreendido.

Durante a abordagem, a equipe da PRF encontrou o dinheiro em uma mala que estava no porta-malas do veículo. Marcus Aurélio e Esperon Pereira foram detidos e levados para a sede da PF em Divinópolis. Eles prestaram depoimento e foram liberados pois, conforme Daniel, não existia situação de flagrante, uma vez que o transporte de dinheiro não é crime.

“O Marcus disse que foi contratado por uma pessoa em Alagoas, que ele não sabe ao certo quem é, e que essa pessoa pediu que ele levasse um contrato até São Paulo. Esse contrato seria da compra de uma propriedade, mas ele não soube explicar ao certo. Então, ele chamou o Esperon para que o acompanhasse, e foram até São Paulo. Lá se encontraram com uma pessoa, que disse que não iria mais fazer o negócio e não quis assinar o contrato. Para não voltarem com esse dinheiro de avião, alugaram um carro”, contou o delegado.

O delegado também revelou à reportagem que os ex-policiais não estavam armados.

Defesa
A defesa dos militares disse que Pinheiro estava com um comerciante que pretendia adquirir um imóvel de campo na região mineira, porém eles estavam em carros separados e o veículo cujo comerciante estava não chegou a ser parado pela polícia.

Ainda segundo a defesa, Pinheiro informou que foi contratado para acompanhar a negociação do imóvel, o que não ocorreu, e escoltar o dinheiro. Durante a abordagem, foi apresentado um contrato de compra e venda da propriedade. Contudo, segundo o delegado da PF, o contrato não continha valores.

“Em realidade, não houve prisão. O ex-comandante foi contratado para realizar o serviço de escolta para o estado de Minas Gerais. Inclusive, ao ser abordado pela PRF, prestou todos os esclarecimentos necessários. Inclusive na delegacia. Tanto assim é que, após prestar essas informações, ele foi imediatamente liberado e atualmente encontra-se regressando para o estado de Alagoas. Vale esclarecer que essa função de segurança e escolta é comum entre os ex-policiais militares”, afirmou o advogado.

Após serem ouvidos pelo delegado, os ex-militares foram liberados. Ao G1, Daniel Souza afirmou que “em momento algum” os suspeitos citaram algum comerciante envolvido na situação.

Questionado sobre o fato dos ex-policiais estarem realizando uma escolta e não estarem armados, o advogado afirmou que “essas informações a gente ainda não tem como precisar, justamente porque ainda não tivemos acesso ao cliente e foram informações escassas”.

Dinheiro
Sobre a transação comercial, o delegado informou ao G1 que os ex-militares relataram que iriam receber R$ 5 mil cada pelo serviço prestado.

“Eles entraram em contradição o tempo todo, não conseguiram dar uma versão clara sobre o fato, e disseram que receberiam por esse serviço de levar o contrato até São Paulo. Perguntamos sobre os valores e nem ao certo sabiam quanto estavam transportando. Vamos depositar esse dinheiro em uma conta da Justiça Federal, e esses valores ficarão sob responsabilidade da Justiça até o término das investigações. Se ficar comprovado que o dinheiro é ilícito e não aparecer o proprietário desse dinheiro, aí vamos indiciar o Marcus e o Esperon”, afirmou Daniel.

Policiais
Até o momento nem Marcus, nem Esperon, têm registros policiais por atos ilícitos, segundo Daniel Souza. “Eles vão responder em liberdade e podem inclusive retornar para Alagoas. O processo está na Justiça aqui de Minas Gerais, mas isso não os impedem de retornar ao estado de origem deles”, explicou.

Ainda conforme o delegado, os ex-policiais podem ser indiciados por lavagem de dinheiro, com pena prevista de três a dez anos de reclusão.

Fonte: G1 MG

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