Após flagrante de tortura, MPE sugere reavaliação do processo de adoção de menores

Ascom/MPE

Casa onde crianças dormiam, no Francês

O caso de tortura de 15 menores, registrado em Marechal Deodoro, que resultou na prisão do casal: Hermano Lopes Borges, 48 anos, e Bartyra do Carmo Cunha, 67 anos, naturais do Estado de Goiás, continua repercutindo em Alagoas. Depois que tiveram as prisões preventivas decretadas pela 2ª Vara Criminal os dois foram encaminhados para o sistema prisional.

Ontem, em entrevista à TV Pajuçara, Hermano Lopes, que é advogado, rebateu várias informações repassadas pela Polícia, à imprensa. Ele afirma que entregou ao juiz a declaração de rendimentos para comprovar que sustenta os filhos com recursos oriundos do seu trabalho e da aposentadoria da esposa.

Garantiu que não possui antecedentes criminais e nunca foi processado criminalmente, tal qual sua esposa. Sobre sua mudança para o Estado de Alagoas, Hermano conta que decidiram deixar o estado de Goiás depois que sofreram um assalto, há cerca de quatro anos.

Ascom/MPE

Casa onde a família morava no Francês

Questionado sobre as condições dos imóveis onde as crianças e adolescentes foram encontrados, ele explica que todos residiam em uma única casa, que é própria. No entanto, tiveram problemas por causa de abuso de som, em um estabelecimento vizinho, e decidiram alugar duas. Ele estava vivendo em uma delas, com uma quantidade de filhos e Bartyra vivia na outra com demais filhos, por causa da falta de espaço. Para o advogado, as imagens divulgadas na imprensa são resultado da falta de “humanidade do conselheiro tutelar”, que sabia que o imóvel era provisório, já que estavam de mudança para um ambiente maior.

Cortesia Al24h

Tortura física e Psicológica

As declarações apresentadas pelo pai adotivo dos menores foram contestadas pelo Ministério Público Estadual, nesta sexta-feira, 9. Em nota à imprensa, o MPE informou que a família começou a ser monitorada em Goiás desde que duas filhas adotivas fugiram de casa e houve a necessidade de propôr uma medida protetiva em favor dos garotos. Tão logo a investigação teve início, o casal fugiu com os filhos sem prestar qualquer tipo de esclarecimento à Justiça Goiana.

Quatro anos depois a família foi encontrada em Marechal Deodoro. Uma equipe multidisciplinar da comarca da cidade foi designada a realizar o estudo do caso da família, requisitado pela Justiça, depois que uma das filhas adotivas fugiu.  Durante o processo a equipe detectou que as crianças e adolescentes vivem em condições desumanas e degradantes, submetidas à tortura física e psicológica por parte do casal. O caso segue em segredo de justiça, no entanto, além dos relatos chocantes que constam no processo, o MP dispões de quatro testemunhas que contam, com riqueza de detalhes, o que acontecia dentro do imóvel.

O MPE de Alagoas também informou que entrou em contato com Goiás e sugeriu a “reavaliação dos processos de guarda e adoção de todas as vítimas. Ficou acordado que essas ações serão desarquivadas para revisão”, diz a nota. As crianças e adolescentes querem voltar para a sua cidade natal e não desejam mais permanecer sob a guarda do casal, conforme depoimentos.

Assim que soube da investigação, o casal decidiu fugir novamente. A família estava de malas prontas e pediu a transferência dos filhos, da escola.

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