Rio registra mais de mil invasões de imóveis em 5 anos

Operação da PM e da prefeitura na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Mais de mil imóveis no Rio de Janeiro foram invadidos entre janeiro de 2014 e março de 2019, mostram dados da Polícia Civil obtidos pelo G1 via Lei de Acesso à Informação.

Dos dez bairros com mais casos, oito têm milícias em atividade:

  1. Guaratiba
  2. Campo Grande
  3. Recreio dos Bandeirantes
  4. Santa Cruz
  5. Taquara
  6. Vargem Grande
  7. Sepetiba
  8. Bangu

Esses oito bairros da Zona Oeste têm, somados, 422 casos de esbulho possessório – termo específico para invasão de propriedade em que o ocupante perde a posse.

O Código Penal define o crime de esbulho como “invasão de terreno ou edifício alheio fazendo uso de violência ou grave ameaça”.

O promotor do Ministério Público fluminense Luiz Antônio Ayres – que há 20 anos atua no combate às milícias – afirma que esses bairros são total ou parcialmente dominados por paramilitares. Ele também ressalta que o esbulho é uma das principais atividades criminosas dos bandidos.

“É um crime historicamente associado à milícia. Desde 2009, 2008, eles já faziam isso. Começaram a expulsar moradores de casa, e as pessoas reagiram. Nos anos de 2010, 2011, vários [milicianos] foram denunciados [por esse crime] e presos por formação de quadrilha”, explica Ayres.

Até supermercado é invadido

Dois bairros na lista dos 10 onde há mais invasões não ficam na Zona Oeste.

No caso do Centro – um dos locais que registraram mais casos de esbulho nos últimos 5 anos –, especialistas ouvidos associam o resultado do levantamento a conflitos de vizinhança ou invasões de imóveis por pessoas em situação de rua.

Em “tipo de local” – classificação que consta dos registros de ocorrência da Polícia Civil –, constam crimes de esbulho em lugares onde funcionam estabelecimentos públicos municipais e estaduais, além de escolas, hospitais, igrejas, shoppings e até supermercados.

O outro bairro é Guadalupe, na Zona Norte.

Medo e subnotificação

Especialistas consultados pelo G1 acreditam que os registros de esbulho são, de forma geral, subdimensionados. Para o delegado aposentado Claudio Ferraz, ex-titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais, a Draco, há a possibilidade de ocorrências não registradas em delegacias porque, individualmente, ninguém insiste na denúncia.

“Ninguém como pessoa física vai enfrentar um esbulho provocado por esses elementos”, argumenta.

O promotor Luiz Antônio Ayres vai além. Para ele, a possível subnotificação em casos de esbulho tem ligação direta com uma mudança na forma de atuação de milicianos, principalmente na Zona Oeste do Rio.

Veja Mais

Deixe um comentário

Vídeos