Marcelo Carnaúba confessa crime e acusa vítima de ter forjado incêndio

Izabelle Targino/ Alagoas 24horasMarcelo Carnaúba confessa crime e acusa vítima de ter forjado incêndio

Marcelo Carnaúba confessa crime e acusa vítima de ter forjado incêndio

O depoimento de Marcelo Carnaúba, acusado de matar o empresário Guilherme Paes Brandão, durou mais duas horas. O ex-gerente da casa de eventos contou em detalhes os fatos que antecederam o assassinato e as razões que o levaram a cometer o crime, a exemplo das acusações que lhes foram imputadas acerca do desvio de dinheiro da conta da empresa.

Carnaúba alega que a empresa vinha passando por dificuldades financeiras, inclusive, sem dinheiro para fechar a folha salarial, em fevereiro. Para minimizar o problema, Guilherme Brandão teria pedido emprestado ao pai a quantia de R$ 80 mil. Além disso, Guilherme estaria pressionando o acusado para lhe garantir um empréstimo no valor R$ 100 mil.

Os R$ 80 mil teriam sido depositados na conta de Marcelo Brandão e quando o pai de Guilherme entrou em contato para solicitar a devolução de R$ 10 mil do valor total, recebeu a informação de que não havia mais dinheiro em caixa. O acusado conta que nesse momento começou a ser acusado de estar desviando o dinheiro.
No entanto, a justificativa que ele apresentou é que naquele final de semana a Casa, que costumava faturar aproximadamente R$ 80 mil, só chegou a R$ 15 mil, por causa das prévias carnavalescas realizadas na cidade.

Durante seu depoimento, Marcelo confirmou que seu relacionamento com Guilherme Brandão até janeiro deste ano ia bem, mas depois de fevereiro, quando o estabelecimento começou a apresentar problemas financeiros, o relacionamento entre os dois começou a ficar complicado. Segundo Marcelo, suas contas pessoais eram usadas para conseguir empréstimos para o Bar, além de seus cartões de crédito. "Empréstimos eram tirados na minha conta pessoal, meus cartões de crédito eram usados para comprar produtos para a casa e todas essas contas estão em aberto", disse o acusado.

Ainda segundo Marcelo, nos últimos dois meses, antes da morte do Guilherme, já não conseguiam mais pegar empréstimos. "A situação da empresa estava ruim desde o incêndio e tiveram um prejuízo de R$ 450 mil reais em três show realizados pela empresa. Guilherme sabia de toda a situação e sempre achava que tudo ia se resolver", disse Marcelo.

Questionado pelo advogado de defesa, Raimundo Palmeira, sobre o comportamento de Guilherme Brandão e Marcelo confirmou. "Ele sempre era muito explosivo, principalmente comigo. Nas reuniões ele me culpava pela situação financeira que a empresa se encontrava".

Ainda durante seu depoimento, Marcelo Carnaúba ofereceu a quebra do seu sigilo bancário e fiscal para que fique provado que não houve desvio de dinheiro. Ao final do depoimento, Marcelo demonstrou arrependimento. "Se pudesse, voltaria no tempo".

Compra da arma

A pressão teria sido tão grande que Carnaúba decidiu comprar um revólver, calibre 38, no bairro do Tabuleiro do Martins, no valor de R$ 1.400. A ideia, segundo ele, era tirar sua própria vida. Mas não foi o que ocorreu.

No dia seguinte à compra do revólver, Carnaúba foi até ao escritório da empresa encontrar com Guilherme Brandão. Mesmo defendendo que não houve premeditação, ele conta que chegou ao local, ligou o gerador (por volta das 8h30) e entrou na sala onde estava a vítima.
Logo que chegou foi bombardeado por perguntas sobre a falta de dinheiro na conta e sobre o fato de ter procurado seu irmão (José Eutímio Brandão Junior) para conversar sobre a situação da Casa.

Marcelo teria desabafado com o patrão sobre o fato ter sido destratado por seu pai e disse que sabia que o mesmo teria forjado o incêndio no Maikai para não pagar a dívida com o irmão no valor de R$ 700 mil, equivalente à sua parte na empresa. Os dois discutiram e Guilherme informou que iria demitir Marcelo por roubo.

Crime

Marcelo informou que estava indo embora e Guilherme teria dito que iria junto para tirar satisfações sobre a acusação acerca do incêndio. No momento em que Guilherme virou as costas, Carnaúba atirou.
O acusado garante que se arrependeu e que ainda tinha esperanças de que ainda estivesse vivo, por isso, sustentou a tese de assalto e escondeu as provas do crime (arma e balas) em um envelope na caixa de energia.

Audiência

Findados os interrogatórios, o juiz vai abrir prazo de cinco dias para as alegações finais da acusação, representada pelo promotor José Antônio Malta Marques, do Ministério Público, e assistente de acusação, advogado José Fragoso.

Em seguida serão dados mais cinco dias para as alegações finais da defesa. Caso não sejam solicitadas diligências pelas partes, o juiz vai decidir se pronuncia ou não o réu.

"A sentença pode ser de pronúncia ou de impronúncia. Se for de pronúncia, marca-se o dia do julgamento e as testemunhas serão arroladas para aquela data ora determinada. Se for de impronúncia, isso significa dizer que o Juízo do caso entendeu que o acusado tem envolvimento com o crime a ele atribuído", esclareceu a assessoria do Ministério Público Estadual.

As partes ainda poderão recorrer.

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