Dom Odilo nega ter conhecimento de fraudes no Banco do Vaticano

Em entrevista à ‘Folha de S. Paulo’, arcebispo brasileiro afirmou que trocas de cargo eram esperadas com a posse de novo Pontífice.

Marcos Alves / Agência O GloboDom Odilo Pedro Scherer

Dom Odilo Pedro Scherer

Nas primeiras declarações desde que foi afastado da comissão que supervisiona o Banco do Vaticano, na semana passada, o cardeal brasileiro dom Odilo Scherer afirmou, na quarta-feira, que não tinha conhecimento de fraudes ou desvios de dinheiro da Santa Sé. Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, o arcebispo disse as trocas de cargo são “normais” e eram esperadas com a posse do novo Pontífice.

– São cargos de confiança, e o Papa decidiu mudar. Mudou o secretário de Estado, era a coisa mais natural que mudasse a equipe. O fato de os cardeais da antiga comissão terem sido confirmados para mais cinco anos é absolutamente natural – afirmou à “Folha de S. Paulo”. – Não é de agora que existem rusgas em relação ao IOR. Não estou dizendo que não haja fatos. É preciso verificar, e é o que está sendo feito.

Questionado sobre o papel da comissão que monitora o Instituto para Obras de Religião (IOR), nome formal do banco, o cardeal afirmou ser difícil supervisionar a instituição à distância.

– Não toma parte na gestão ou na administração de fundos. É um acompanhamento à distância. Os cardeais moram fora de Roma. Como podem acompanhar a gestão? Atribuir a eles essa responsabilidade é absolutamente falso – disse.

Além de Odilo e do cardeal italiano Tarcisio Bertone – secretário de Estado de Bento XVI e cuja gestão foi marcada por alguns dos maiores escândalos da História recente da Santa Sé -, deixaram a supervisão do IOR o indiano Telesphore Toppo, arcebispo de Ranchi; e o italiano Domenico Calcagno, também presidente da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (Apsa), órgão responsável pela gestão dos bens da Santa Sé e por alocar fundos para a Cúria Romana. Todos foram nomeados por Bento XVI para mandatos de cinco anos pelo ainda Papa em fevereiro passado, dias após anunciar sua renúncia.

Os novos membros da comissão são homens cujas trajetórias parecem estar em linha com a proposta de Francisco de uma Igreja menos dada a intrigas. Entre eles estão o arcebispo de Viena, Christian Schönborn, o espanhol Santos Abril y Castelló, e o secretário de Estado da Santa Sé, o italiano Pietro Parolin – que passará a ser cardeal no consistório de 22 de fevereiro. O arcebispo de Toronto, Thomas Christopher Collins, completa o novo time ao lado do único remanescente da equipe anterior, o francês Jean-Louis Tauran.

Fonte: O GLOBO

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