‘Saí da escola no 2º colegial. Usarei o Enem para ter o diploma do Ensino Médio’

Entre os inscritos deste ano, mais de 784 mil (10%) querem usar a nota do exame para tirar o certificado de conclusão

Reprodução/FacebookMarcelo Ristam, que voltou a estudar neste ano, diz que o filho é o seu maior suporte

Marcelo Ristam, que voltou a estudar neste ano, diz que o filho é o seu maior suporte

“Parei de estudar no 2º ano do Ensino Médio, em 2011. A minha mulher, na época namorada, ficou grávida e eu passei a ter outras prioridades”, lembra Marcelo Ristam, 19 anos. Apesar da resistência que enfrentou dos tios-avós, com quem morava na época, ele saiu de casa e começou a trabalhar. Agora, decidiu que era hora de voltar a pensar nos estudos.

Neste ano, para conseguir o certificado de conclusão do Ensino Médio, Ristam vai se juntar aos mais de sete milhões de candidatos que vão prestar o Enem nos dias 26 e 27 de outubro. “O exame vai me ajudar em duas questões: conseguir o certificado e também ingressar em uma universidade. E o meu maior suporte é meu filho”, diz.

Ristam não é exceção. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entre os candidatos ao Enem deste ano, mais de 784 mil fizeram inscrição para tirar o certificado, o que corresponde a cerca de 10% do total.

Para pedir a certificação de conclusão do Ensino Médio, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), o candidato deve ter ao menos 18 anos até a data da primeira prova e conseguir o seguinte rendimento na avaliação: 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento da prova e tirar ao menos 500 pontos na redação.

A jovem Ohanna Jade do Amaral, de 19 anos, está fazendo cursinho para atingir esse porcentual de acertos e conseguir seu diploma. Ela saiu da escola em 2011, quando reprovou no 1º ano do Ensino Médio.

“Depois que os meus pais se separaram, eu mudei de colégio. Acabei tendo problemas com os outros alunos, sofri bullying e briguei muito. Então, quando repeti de ano, acabei decidindo, junto com a minha mãe, sair do colégio por um tempo”, lembra. Nessa época em que ficou sem estudar, Ohanna terminou o curso de inglês e fez um curso técnico de hotelaria e turismo em Santo André, no Grande ABC, onde mora.

Seu maior desejo, conta, é entrar na Universidade de São Paulo (USP). “Quero prestar vestibular para História. Vou tentar este ano já, mas acredito que as datas do certificado e dos vestibulares não vão bater. Então devo fazer mais um ano de cursinho”, explica.

O Enem também deve mudar a vida do torneiro mecânico Darlei Alves Bezerra, de 30 anos. Para conquistar seu objetivo, a rotina é pesada: trabalha das 7h30 às 17h, à noite vai a um cursinho pré-vestibular e, depois, corre para casa para ficar com a mulher e o filho. Pai de um bebê de oito meses, Bezerra decidiu que este era o ano para voltar à sala de aula e finalmente conquistar o certificado de conclusão de curso.

Bezerra conta que chegou a terminar o Ensino Médio em Tocantins, onde cresceu, mas veio logo em seguida para São Paulo e não conseguiu pegar o certificado de conclusão.

O coordenador do cursinho da Poli, Gilberto Alvarez, o Giba, diz que percebe com o passar dos anos o aumento de adultos que procuram pelos cursos pré-vestibular e lembra que um dos motivos é exatamente para conseguir o certificado. “Com o Enem, há novas possibilidades para essas pessoas”.

Fonte: iG

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