Burocracia: Falta de ‘pulseira’ impede recolhimento de corpo pelo IML

A morte do pedreiro Berneval Pires, de 31 anos, assassinado na manhã desta terça-feira, 14, na periferia de União dos Palmares, ainda repercute na cidade, principalmente porque até às 17 horas o corpo ainda não havia sido recolhido ao Instituto Médico Legal (IML) de Maceió. Familiares e amigos da vítima procuraram à imprensa, desesperados, denunciando que o corpo já está entrando em estado de decomposição e a situação está longe de ser resolvida.

Berneval Pires foi baleado por volta das 9 horas da manhã e encaminhado ao Hospital São Vicente de Paulo, na cidade, onde os médicos constataram o óbito. Desde então a família aguarda a chegada do IML para recolher o corpo. Agentes da Delegacia da cidade garantiram que já haviam solicitado a equipe e que não sabiam o motivo do não comparecimento.

Somente às 16 horas, quando o Alagoas24Horas entrou em contato, por telefone, com o IML foi informado sobre a razão da demora no recolhimento do corpo. O problema é a falta de pulseiras de identificação de cadáver no interior do Estado, utilizadas para tornar mais eficiente o processo de consolidação de dados estatísticos relativos a ‘Ocorrências de Interesse Policial’ que resultarem em morte.

Nesse caso, a falta da pulseira de cor azul, usada em vítimas que derem entrada em hospitais antes de morrer, impossibilitou que o órgão fizesse seu trabalho, conforme ratificou o diretor do IML, Gerson Odilon.

“Nós estamos cumprindo uma determinação da Secretaria de Defesa Social (SDS), sobre a metodologia de identificação de cadáveres que foi adotada pelo Estado desde o ano passado. Assim não temos autorização para recolher nenhum corpo que não possua pulseiras vermelha e azul, usadas em vítimas que entrarem em óbito na rua ou unidades hospitalares, respectivamente. O procedimento é fundamental para que as mortes por causas violentas sejam registradas corretamente nas estatísticas policiais”, explicou Odilon.

O diretor também informou que estas pulseiras devem ser fornecidas pelo Instituto de Criminalística, equipes da Polícia Civil e unidades hospitalares, caso contrário, as vítimas não poderão dar entrada no órgão.

Foi exatamente o que ocorreu. Com a ausência da pulseira, familiares procuraram o delegado titular de União dos Palmares, Antonio Nunes, e pediram autorização para que uma funerária encaminhasse o corpo até o IML. O delegado autorizou o traslado, com o apoio do Ciods, no entanto, Gerson Odilon reiterou que o IML não poderia receber o corpo.

Em entrevista ao Alagoas24Horas, o delegado retificou que a Polícia Civil não está incumbida de fornecer as pulseiras, apenas o IC e as unidades hospitalares e confirmou que havia autorizado o traslado do corpo via funerária.

O corpo de Berneval Pires continua no Hospital São Vicente de Paulo e a família aguarda apreensiva a resolução do problema, que poderá se agravar com a chegada do carnaval e a ausência das pulseiras no interior do Estado.

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