O ônibus que transportava a seleção do Togo foi metralhado nesta sexta-feira ao cruzar a fronteira entre Congo e Angola, onde será disputada a Copa Africana de Nações (CAN). Pelo menos dois jogadores saíram machucados, integrantes da comissão técnica também foram feridos, e o motorista do veículo morreu.
Temos dois jogadores feridos. Tínhamos acabado de cruzar a fronteira (entre o Congo e o território de Cabinda, onde o Togo deve disputar suas partidas do Grupo B), e estávamos cercados pela polícia. Tudo estava normal, quando fomos metralhados. Todo mundo tentou se esconder embaixo dos assentos, e a polícia respondeu. Metralharam-nos como cachorros e tivemos que nos esconder em baixo dos bancos por quase 20 minutos para evitar as balas – contou o jogador Thomas Dossevi ao canal de TV francês Infosport.
O Manchester City divulgou um comunicado em seu site oficial para dizer que o atacante Adebayor, principal estrela de Togo, não sofreu ferimentos. O Aston Villa também afirmou que Saifou está bem após o ataque.
Motorista do ônibus morre
Os atletas feridos são o goleiro Kodjovi Obilalé e o defensor Serge Akakpo. Também saíram machucados um auxiliar técnico, um médico da delegação e um jornalista. O motorista do ônibus não resisitiu e morreu.
Akapo foi baleado nas costas. O encarregado da comunicação também foi ferido, e perdeu muito sangue. Não temos notícias do Obilalé, ele também sangrava muito. Ser agredido dessa forma por um jogo de futebol não faz sentido – acrescentou Dossevi.
O Togo tem estreia na CAN marcada para o dia 11 de janeiro, em Cabinda, contra Gana. A seleção integra o Grupo B, ao lado também de Costa do Marfim (rival do Brasil na Copa do Mundo) e Burkina Faso.
Grupo separatista já teria feito ameaças às seleções
O território de Cabinda, província angolana rica em petróleo que fica entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Congo (não tem fronteira com o restante de Angola), é assolado por um conflito separatista desde a independência angolana, em 1975.
Segundo publica o "Jornal Digital", de Angola, a resistência de Cabinda, denominada, FLEC (Frente de Libertação do Estado de Cabinda), já havia alertado em diversas ocasiões para a falta de segurança das equipes que se deslocariam à província durante o torneio. A FLEC assumiu a autoria do atentado às forças militares angolanas que faziam a escolta da seleção de Togo.
A situação de guerra é uma realidade em Cabinda e qualquer estrangeiro poderá ser uma vítima – teriam dito os líderes da FLEC.
Torneio pode ser cancelado
O Togo já cogita pedir o cancelamento da Copa Africana de Nações por conta do incidente.
– Se pudermos boicotar a CAN, vamos fazê-lo. Só pensamos em voltar para casa – disse um indignado Thomas Dossevi, que é jogador do Nantes, da França.