Tecnologia incrementa cajucultura em Olho d’Água das Flores

AssessoriaO técnico Alberto Espinheira mostra o cajueiro, com menos de seis meses, já com frutos

O técnico Alberto Espinheira mostra o cajueiro, com menos de seis meses, já com frutos

Com menos de seis meses de plantados, os cajueiros de um projeto em Olho D’Água das Flores (AL) já estão pondo frutos de qualidade. No cultivo comum da planta, é preciso esperar até três anos pela produção de castanhas e cajus.

O diferencial desse empreendimento, que tem o apoio do Banco do Nordeste, Prefeitura Municipal, Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri) e Embrapa, é a utilização da tecnologia de melhoramento genético, que permitiu a criação do cajueiro anão precoce, cujos clones estão sendo replicados no município, mais precisamente no povoado de Areias.

O técnico da Seagri, Alberto Espinheira, explica que o cajueiro anão precoce foi desenvolvido pela Embrapa. Nasceu de uma série de cruzamentos induzidos para se conseguir um exemplar que produzisse com poucos anos de idade, não crescesse muito (para facilitar a colheita), e tivesse sabor e durabilidade aceitos pelo mercado e a indústria. Os clones desta variedade são enxertados nos cajueiros já existentes e passa-se então ao controle da produção.

“Observamos os pés que têm baixa produção ou que são improdutivos e fazemos a substituição da copa por outra de alta produtividade. Com o tempo, todos começam a brotar no mesmo período, homogeneizando a colheita em termos de quantidade e qualidade”, disse.

O projeto de Olho D’Água das Flores envolve 36 agricultores da Associação dos Produtores de Caju do Povoado Areias. São 215 pés plantados em 36 hectares. Segundo o presidente da associação, Antônio Alves da Silva, a produtividade de castanha chega a 1.300 kg/hectare/ano, mas ele explica que esta variedade clonada pode dar até 3.000 kg/hectare/ano. Já a produção do pedúnculo (a polpa do caju) é nove vezes a da castanha, dando 11.700 kg/hectare/ano. Essa produtividade é mais que o dobro da do cajueiro nativo, que não passou pelo melhoramento genético.

“A ação se insere no processo de estruturação da atividade naquele município, que visa não só ao crédito, mas também à integração de parceiros para criar um ambiente sustentável para a produção e comercialização do caju. Esperamos contemplar 100 produtores com o projeto”, informa o gerente do BNB de Batalha, Carlos Virgílio, que atende aquela região.

Parceria

Para trazer a tecnologia a Alagoas, técnicos do Banco do Nordeste, Prefeitura Municipal e Seagri foram até Pacajus, no Ceará, onde existe uma estação da Embrapa especializada na cajucultura. “Fomos ver in loco como era o processo, aprender a tecnologia e trazer os clones dessa variedade para implementar o projeto no povoado de Areias”, ressalta o agente de desenvolvimento do BNB, da Agência de Batalha, Francisco Nunes.

Ele destaca a parceria entre os órgãos envolvidos e o entusiasmo dos produtores para a realização do projeto. “Areias tem a vantagem de, apesar de estar situada no sertão alagoano, possuir um microclima mais ameno, além de manchas de solo de areia, propícios para a produção do caju”, informa.

O maquinário para a indústria também foi financiado pelo BNB. Os equipamentos já foram adquiridos e em breve a fábrica será implantada.

Meio ambiente

O agente de desenvolvimento do BNB também chama a atenção para uma ação ambiental associada ao projeto: “Para se fazer a irrigação dita de salvamento (aquela utilizada no verão) estamos utilizando garrafas pet. Cada pé recebe uma garrafa por semana, que fica irrigando por gotejamento”.

Para conseguir as garrafas, a associação dos produtores recebeu o apoio da Ong Amigos de Olho D’Água das Flores, que trabalha com atividades para crianças e jovens do município. A instituição realizou uma gincana entre as crianças e arrecadou 10.000 garrafas. “Além de beneficiar o projeto da cajucultura, a ação promoveu a reciclagem dessas garrafas e evitou a degradação do meio ambiente, desenvolvendo esse costume na população”, enfatiza o secretário de agricultura do município, Silvan Roberto Farias Silva.

Diversificação

Além da produção de caju e castanha, e de produtos beneficiados (a partir da implantação da agroindústria), a associação já está fabricando a cachaça do caju. A princípio, são 100 litros de cachaça ainda em processo de maturação; o caju cresce dentro da garrafa, embebido no líquido.

Os frutos do projeto são muitos, e criatividade é o que não falta entre os produtores: estão investindo agora em variedades de pratos gastronômicos à base de caju. O presidente da associação, Antônio Alves da Silva, conta que sua esposa é especialista na moqueca de caju. “Retirando-se o suco da polpa, o que fica é uma fibra que, dependendo do tempero, dá para fazer pratos como hambúrguer, moqueca, bolo, sorvete, etc.”, revela.

Para o futuro, o técnico Espinheira pensa também em introduzir a apicultura associada; as abelhas ajudariam na polinização, além de fabricarem o próprio mel das flores de caju. Ele informa que alguns produtores até já foram capacitados para essa nova atividade.

Fonte: Assessoria

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