Cícero Almeida e o apagão social

Flávia Duarte/Alagoas24horas/ArquivoFlávia Duarte/Alagoas24horas/Arquivo

Carta aberta: O Povo não come concreto e cimento

Poderia ter sido evitada… a desabilitação de Maceió.
No início desta gestão fui procurado pela Secretaria Municipal de Ação Social, em busca do meu apoio para implantar no Bairro de Bebedouro alguns Programas Sociais. A maior dificuldade alegada pela Prefeitura era a falta de local adequado para o PETI e outras ações. Alegaram que se o problema não fosse superado os programas iriam ser transferidos para outros bairros e os necessitados daquela área ficariam desassistidos. Diante do drama, consegui imediatamente e sem custos, dois locais cujas instalações precisariam ser adaptadas antes mesmo de ser ocupadas.

Naquele mês eu tinha acabado de restaurar a casa da “calçada alta” de minha família! Estava desocupada. Instalações históricas. Foi ali que o Marreco e Dona Mira criaram seus oito filhos. Lá residem nossas lembranças, nossa história, nossas tradições. Ela sempre foi motivo de muito orgulho. Único patrimônio conseguido pelos meus pais com muito suor e sofrimento. Aquela casa ainda é, e sempre será uma referência em nossas vidas. A ciumeira sentimental é absoluta.

Tive a idéia de cedê-la para a Prefeitura. Foi necessário reunir a “Marrecada”, para em consenso obter autorização familiar para o uso público. O receio era geral em conseqüência da fama que tem o serviço público! Convenci a todos que a nossa casa teria mais uma “missão”: contribuir para formação de crianças transformando-as em homens e mulheres de bem. Fiz um apelo emocional: veríamos os sorrisos daquelas crianças carentes e a felicidade em seus olhos. Nosso quintal voltaria ao tempo de nossas infâncias com muitas brincadeiras. Minha mãe com coração maior que o corpo inteiro se propôs, ainda, a ajudar na criação de seus “novos netos”. Concluímos pela cessão do imóvel sem ônus, desde que houvesse o cumprimento das exigências do Ministério do Desenvolvimento Social.

Para a nossa surpresa, a ocupação aconteceu sem nenhuma adequação da estrutura física. Só para se ter idéia eram apenas dois banheiros para mais de 80 crianças, numa estrutura adequada para 30. A superlotação era vergonhosa. Parecia mais um “depósito de crianças” que um programa social.

Não havia cadeiras, as crianças sentavam no chão. Não havia geladeira nem freezer. Os alimentos eram conservados na Escola Alberto Torres. A higiene era precária, crianças adoecendo. O quintal, que serviria para área de lazer, tornou-se imundo e perigoso. Além disso, a energia elétrica e o abastecimento de água foram suspensos por falta de pagamentos. Instalaram “gatos” para continuar o funcionamento. Tudo isso detectei em apenas três meses, quando da minha primeira visita. Que decepção! Solicitei à Secretaria providências que jamais foram tomadas. Após mais três meses de cobranças, com a casa semi-destruída e percebendo o descaso, procurei informalmente o Promotor de Justiça da vara da Infância e Adolescência, Dr.Ubirajara Ramos, para orientar-me, pois não pretendia prejudicar a Prefeitura Municipal de Maceió e consequentemente os mais pobres. Gostaria que corrigissem. Não adiantou!

Infelizmente tive o desprazer, como forma de chamar atenção, de solicitar a desocupação do imóvel, para não ser conivente com a irresponsabilidade da Prefeitura. Nem isso funcionou. Desgastei-me emocional e financeiramente para consertar a destruição e religar o fornecimento lícito de água e energia elétrica.

Conto o fato acima para mostrar que desde o início havia erros, malversação de recursos e outras irregularidades e que o Projeto em Bebedouro foi um exemplo do descaso e da má fé. O “Cícero Almeida” teve tempo de sobra para corrigir tudo. Porquê não fez?

Pois é Prefeito! Se em junho de 2005, no início da gestão V. Exª. tivesse tomado as providências e dado a atenção necessária aos meus reclames talvez os outros programas em outros bairros estivessem funcionando. Se V. Exª. tivesse punido exemplarmente o seu amigo intimo e sócio informal, Arenilton, acusado de receber propina de OSCIPs, pelo ex-Secretário de Ação Social Cláudio Farias, com certeza Maceió não estaria desabilitada junto ao MDS. Tempo não lhe faltou.

Tenho certeza que se os programas sociais, que servem de freio para a violência, tivessem sido aplicados honestamente, Maceió não estaria entre as onze cidades mais violentas do Brasil. São vidas que se foram e patrimônios destruídos e que V. Exª. também tem participação com isso! Nós não veríamos tantas crianças mendigando nos sinais de trânsito. As creches e asilos não estariam ao ponto de fecharem suas portas prejudicando os mais necessitados.

Os velhinhos – que já foram tão maltratados – estariam mais assistidos e consequentemente mais felizes. Se V. Exª. Investisse no ser humano com o mesmo desprendimento com que gasta com sua mídia milionária objetivando unicamente a reeleição, neste momento, talvez, não estaria expondo Maceió a uma vergonha nacional. Aliás, o volume de propaganda é tão grande que o “Cícero Almeida” poderia investir mais na capacitação da nossa gente, na humanização, na geração de emprego e renda. Ah como gostaria de estar vendo agora o rosto de alguns que fazem a nossa imprensa e que criaram uma rede de proteção à sua imagem, proibindo o povo de Maceió de saber a verdadeira face da sua administração encoberta por uma cortina de fumaça através de obras de fachada, muitas de eficácia duvidosa, principalmente as que necessitam de saneamento.

Depois da sua eleição, o povo de Maceió está ainda mais pobre! Mais faminto! Seu trabalho não engrandeceu às pessoas e suas obras não servem de alimento. O nosso IDH é o mais baixo do Brasil. A saúde no município é caótica, obrigando o povo a procurar as unidades de emergência, provocando a superlotação. Talvez seja por isso e por outras é que V.Exª. precise de psicotrópicos para dormir; já que sua consciência não deixa, pois o senhor sabe que é uma farsa, um enganador sem escrúpulos, e que sua reeleição é complicada, pois não conquistou a confiança de nenhum grupo político sério.

Antes de encerrar esta “cartinha” quero lhe pedir um favor: Hoje faz 15 dias que como cidadão, lhe fiz algumas perguntas através da imprensa e até agora Eu e a sociedade estamos esperando e o senhor fica apenas tergiversando no programa do “arauto da incoerência” na sua rádio chapa branca. Se não lembrar de todas responda-me por etapa: O senhor comprou muitas fazendas nos últimos dois anos? O senhor é mesmo dono de varias lojas de carros? As suas OSCIPIS trabalham honestamente? O preço da tonelada do lixo é justo? Latif Mikael Jabud Abud, ex-sócio de Zuleido Veras, trabalha para a Prefeitura ocultamente?

Prefeito: Não adianta ficar me ameaçando com ações judiciais. Até por que a justiça está preparada para punir ladrão, assassino, político corrupto, pedófilos, caluniadores e bandidos de toda ordem. Ao invés de automóveis faça do seu principal hobby a preocupação com o crescimento humano do maceioense. Espero que aprenda alguma coisa com esse momento. Prefira às flores! Laranjeiras tem muitos espinhos.

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