Para CPI, Valério e Delúbio forjam ‘Operação Uruguai 2’

Parlamentares da CPI dos Correios classificaram de "Operação Uruguai 2" o novo discurso apresentado pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para explicar os saques milionários feitos em dinheiro vivo nas contas das empresas de publicidade SMPB e DNA, das quais Marcos Valério é sócio.

Valério e Delúbio prestaram nos últimos dias depoimentos à Procuradoria Geral da República em que contam história semelhante: que Marcos Valério levantou empréstimos em bancos e repassou o dinheiro a pessoas indicadas pelo PT, ou mais precisamente, por Delúbio.

"’Operação Uruguai 2′, foi a primeira coisa que eu associei hoje, porque, de repente, surgiu assim uma história muito bem contada entre ele [Valério] e o Delúbio", afirmou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos sub-relatores da comissão. "Isso cheira a Operação Uruguai", disse.

O deputado arrisca uma hipótese: "Pelo volume de contratos que ele fez, ele fazia o empréstimo e passava o dinheiro para o PT e, em contrapartida, conseguia contas publicitárias".

Operação Uruguai foi o nome dado ao empréstimo de US$ 3,7 milhões forjado com banqueiros de Montevidéu para justificar a origem do dinheiro que financiou a campanha do ex-presidente Fernando Collor ao Planalto e seus gastos no cargo.

O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse que tudo se esclarecerá na terça-feira: "Até terça-feira teremos os nomes dos bancos, a relação das pessoas que sacaram e evidentemente nós iremos tentar associar a nomes do PT". Ele também avalia que o discurso é semelhante ao usado na época de Collor. Questionado se a história estava parecendo com a Operação Uruguai concordou: "É, está parecendo".

"Eu tive a impressão que eles estão querendo transferir a identificação da destinação para cima do PT. Houve saques. Qual é a forma? Vamos ter a lista das pessoas que assinaram a retirada ou não. Vamos saber quem é do PT."

A CPI ouve o depoimento de Delúbio na quarta. Um dia antes, deve receber a lista das pessoas que sacaram o dinheiro das agências de publicidade na agência do Banco Rural em Brasília.

Valério é acusado de ser o "operador" do suposto "mensalão".
O deputado Maurício Rands (PT-PE), também integrante da comissão, disse não achar "verossímil" a história do empréstimo. "Se houve [empréstimo], foi uma coisa isolada do ex-tesoureiro, não foi uma coisa de partido."

Bancos

De acordo com Fruet, a CPI vai agora para cima dos bancos que teriam feito os empréstimos a Valério. "Vamos em cima dos bancos que fizeram os empréstimos, para saber por que esse bancos fizeram os empréstimos, se cobraram, se executaram", disse.

Integrantes da CPI também consideraram "grave" a afirmação de Delúbio de que todas as campanhas do PT, à exceção da de Luiz Inácio Lula da Silva, receberam doações não-declaradas à Justiça Eleitoral.

"É uma coisa tão grave que a gente não saberia nem qual é a solução. Se isso for verdadeiro, ele está dizendo que todos os mandatos obtidos são mandatos comprometidos", disse Serraglio.

Fonte: Folha online

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