A quem interessa um exército de soldadinhos de papel marchê?

Estão querendo transformar o militar brasileiro; no lugar do rifle querem lhe dar um buquê, a farda será de papel marchê e, em vez do coturno, sandálias de dedo. As imagens do trote aplicado no curso de sargento do Exército e outras tolices que a mídia, às vezes, se deixa levar, são próprias de um País sem-vergonha que ainda não virou uma nação.

Vamos por partes: o militar é um servidor público diferente, tanto é assim que está sujeito às regras rígidas de um regulamento e de fórum específicos. Seguir a carreira militar deve ser a opção de quem realmente tem o espírito militar; não deve ser nunca a panacéia para os males do desemprego que assola o País.

Infelizmente muitos estão ingressando na caserna não por vocação, mas por desespero diante da necessidade de arranjar emprego. Os soldados russos treinam nas geleiras, a mais de 30 graus negativos, sem o equipamento adequado para enfrentar temperatura tão baixa. Certíssimo! Se o soldado russo não tivesse desenvolvido esse poder de adaptação à temperatura adversa, o resultado da II Guerra Mundial seria outro; não podemos esquecer que foi o “general inverno” quem derrotou os nazistas na invasão da extinta União Soviética.

Os guerrilheiros vietcongs, que hoje formam o exército nacional do Vietname, aprenderam na adversidade a superar os obstáculos, inclusive os equipamentos moderníssimos do poderoso exército dos Estados Unidos – que eles derrotaram.

Na tentativa de invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, os oficiais norte-americanos puderam ver que é possível um só homem atirar com metralhadora ponto 50; até então isto parecia humanamente impossível – todos usam o auxiliar, que é encarregado de municiar o atirador.

Denunciam “maus-tratos” no adestramento do militar brasileiro, como se quartel fosse convento, como se a guerra fosse feita com tiros de flores, blumas e paetês. Para esses, “napalm” não queima – é confete e serpentina.

Seria admissível se se tratassem de conscritos, pois esses prestam o serviço militar obrigatório – não optaram pela carreira militar. E ainda assim, são os reservistas a força de retaguarda de um País; precisam passar por algumas provas, ainda que elas sejam duras e amargas.

Falo assim até por dever de justiça; na condição de reservista de 1ª categoria só depois compreendi que as instruções de sobrevivência na selva, de atravessar rastejando o túnel de dez metros impregnado de bombas de gás lacrimogêneo, de saltar de uma viatura em movimento à 60 quilômetros por hora, de andar pendurado no helicóptero a 500 metros de altura ou de rastejar embaixo de entrançados de arame farpado, com alguém disparando a metralhadora sobre a sua cabeça, são treinamentos imprescindíveis.

Anormal seria o Exército ter-me ensinado a rezar, antes de me ensinar a atirar com o FAL, com morteiro, com lança rojão – também conhecido como bazuca – e de me testar a resistência física e psicológica; ilegal seria o Exército – ou a Marinha, a Aeronáutica, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiro Militar – não ter me preparado para o pior, pois quem não aprendeu o segredo da formiga não mexe com formigueiro.

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