Lessa confirma que passa o governo para Abílio em 2006

Valderi MeloGovernador discutiu as eleições 2006 com sua base no Vale do Paraíba

Governador discutiu as eleições 2006 com sua base no Vale do Paraíba

O governador Ronaldo Lessa (PDT) confirmou sábado em Pilar, durante almoço com lideranças políticas do município e da região do Vale do Paraíba, que deixará o governo em abril do próximo ano para disputar a única vaga de senador que Alagoas terá nas eleições daquele ano. Lessa chegou ao Pilar ao lado do vice-governador Luís Abílio de Souza (PDT) a quem fez elogios públicos. “Pode existir uma pessoa igual, mas mais honrado do que Luís Abílio nesse Estado não existe”, disse o governador.

Lessa deixou transparecer que apesar da decisão tomada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TER/Alagoas) que cassou seus direitos políticos por três anos em uma ação na qual é acusado de abuso de poder político, não vai desistir de ser candidato ao Senado por Alagoas. “Eles podem não querer, mas eu vou ser candidato sim, quem não gostar coma menos, coma menos”, afirmou o governador, sem fazer maiores críticas a decisão da Justiça eleitoral.

O governador disse entender que não praticou crime nenhum por ter participado de uma reunião com servidores comissionados do Estado em um ginásio de esportes de Maceió e por anunciar um aumento para servidores públicos, os dois motivos que levaram a coligação liderada pelo atual prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PTB) a entrar com a ação contra Lessa e o então vice-prefeito da capital, Alberto Sextafeira (PSB), candidato do grupo governista.

Crime eleitoral

“Nós não cometemos crime nenhum. Dá aumento a funcionário não é crime; queria eu que todos os crimes que os governantes praticassem fossem esses; nós vamos superar tudo isso”, completou. Para a defesa de Lessa, a lei eleitoral não proíbe por parte dos Estados a concessão de aumento em anos de eleição. O impedimento vale apenas para os municípios, portanto o fato do governo ter anunciando que iria conceder reajuste salarial para algumas categorias do funcionalismo estadual não constitui crime eleitoral.

No discurso, Ronaldo Lessa evitou fazer maiores críticas ao TRE, mas não deixou de mostrar confiança de que a decisão tomada em Alagoas será revertida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para onde sua defesa vai recorrer depois de esgotadas todas às possibilidades de recursos no Estado.

Lado a lado

O vice-governador Luís Abílio de Sousa – que praticamente já divide a administração de Alagoas com Lessa – ouviu de forma discreta os elogios feitos pelo titular do cargo. Abílio não falou durante o evento, até porque a palavra foi facultada apenas ao governador e ao prefeito de Pilar, Marçal Prado (PSDB), que disse não ter nenhuma dúvida de que Lessa será o senador de Alagoas em 2006. Além de Marçal, o almoço teve a presença dos prefeitos de Cajueiro, Palmery Neto (PSB) e de Boca da Mata, José Tenório (PTB).

Mas o vice-governador se disse pronto para assumir o governo caso Lessa decida se afastar para tentar a única vaga de senador que estará em disputa em 2006. Descartou ainda negociações para que passasse a ocupar uma cadeira de conselheiro do Tribunal de Contas de Alagoas (TC-AL), caso não seja possível que a situação de Lessa sofra uma reviravolta em Brasília. Se assumir o governo em abril, Abílio pode ser até o candidato do grupo governista nas eleições do próximo ano, se não for concretizada uma aliança onde o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), seria o candidato oficial.

Prevendo essa possibilidade, o próprio Lessa aconselhou Abílio a trocar o PSB pelo PDT. Depois que deixou o PSB onde esteve por mais de 20 anos, Ronaldo Lessa foi para o PDT em fevereiro deste ano e o vice ficou no PSB, de onde migrou para o PDT em seguida.

Medo das urnas

A situação desconfortável de Lessa no âmbito da Justiça eleitoral só é bem recebida por seus adversários, notadamente aqueles que também pretendem disputar a vaga de senador e têm receio de enfrentar o atual governador nas urnas. Um deles é o deputado federal José Thomaz Nonô (PFL). Recordista em mandatos na Câmara Federal – seis ao todo – Nonô tem grande interesse em sem candidato ao Senado, mas em caso de ter que enfrentar Lessa nas urnas sua derrota parece ser inevitável. Com Lessa fora da disputa as coisas ficariam mais fáceis para o primeiro vice-presidente da Câmara Federal.

Outro que pode ser beneficiar da situação de Lessa é o ex-presidente Fernando Collor, derrotado em 2002 na disputa pelo governo. Collor tem se mantido afastado dos holofotes políticos, mas correligionários mais próximos admitem que o ex-presidente esteja apenas estudando a área para no mais tardar no início de 2006 se posicionar politicamente. A dúvida seria disputar uma vaga de deputado federal, onde poderia eleger mais dois candidatos, ou de senador, caso a situação de Lessa não seja revertida.

Correndo por fora está a ex-prefeita de Arapiraca, Célia Rocha (PSDB). Rompida com Lessa desde a eleição de 2002 quando apoiou Fernando Collor na disputa pelo governo do Estado, Célia na época deixou o PSDB por conta de o partido ter feito uma aliança branca com Lessa a quem deu apoio na disputa majoritária. Agora em 2005, ela retornou ao PSDB e seu nome tem sido ventilado para disputar até a vaga de senadora. No entanto a ex-prefeita ainda não sabe que cargo vai disputar. É um mistério.

Heloísa Helena

Mas não seja surpresa se em caso de ficar alijado da disputa em 2006, Lessa resolva fazer uma aliança com a senadora Heloísa Helena (PSOL) e apoiar o nome dela à reeleição. Os dois estiveram juntos nas eleições de 1992, quando Heloísa foi eleita vice-prefeita de Lessa e em 1998 quando ela se elegeu senadora. A vaga de Heloísa é justamente a que estará em disputa em 2006. Depois de ser expulsa do PT, ela se dedicou à formação de seu partido, o PSOL, em vários estados do Brasil para conseguir o registro no TSE.

Feito isso, Heloísa – que se tornou crítica ferrenha do governo Lula – teve seu nome reconhecimento em nível nacional, tanto que em pesquisas sobre a sucessão presidencial ela aparece na terceira posição em algumas situações.

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