Schavuzzi denuncia tortura no Cyridião Durval

Luis VilarLuis Vilar

O coordenador de planejamento da Prefeitura de Rio Largo, Ricardo Schavuzzi, concedeu entrevista coletiva – agora há pouco – na sede da TV Maceió, canal 100 da Net. Schavuzzi convocou a imprensa para explicar os reais motivos de sua prisão e alegar sua inocência. O marido da prefeita Vânia Paiva disse ainda que foi torturado no presídio Cyridão Durval e colocado entre drogados e presos armados com espetos.

“Colocaram-me numa cela com uma chapa quente no teto. Passei várias horas acocorado com mais seis presos na Operação Mata do Rolo. E ainda me disseram que foi ordem do Davino (diretor geral da Polícia Civil), para que eu ficasse mole”, comentou Schavuzzi. O coordenador de planejamento comparou sua prisão a “um show pirotécnico” e voltou a afirmar que há motivos políticos em sua prisão. Schavuzzi não quis dizer quais. “Possuo a idéia de quem está por trás, mas não quero citar nomes para não cometer as mesmas injustiças que fizeram comigo”.

Segundo o advogado de defesa, Adriano Soares, o seu cliente foi preso por conta de um depoimento de uma testemunha secreta ao Ministério Público, no qual se acusava Pagão e Schavuzzi pelo incêndio. “Isto é um absurdo, pois já existe inquérito para este crime. Eu conversei com o Barenco e ele nunca me colocou como suspeito”, disse Schavuzzi.

“Minha cabeça foi posta a prêmio. O show começou quando invadiram minha casa e me prenderam sem mostrar mandado. Fiquei dois dias sem saber porque estava preso. Conduziram-me à delegacia pelo caminho mais longo, só para passar pelo centro de Rio Largo. O carro do Davino ia na frente e em cada aglomeração de gente ele parava para que eu fosse execrado publicamente. Queriam me levar em um camburão, mas graças a Deus os convenci de só colocarem as algemas”, defendeu-se Schavuzzi.

Para o coordenador da Prefeitura de Rio Largo, sua prisão foi uma falha grave do delegado Marcílio Barenco. “Tocar fogo na prefeitura seria uma idiotice. Eu só teria trabalho em dobro para arquivar os documentos”. Schavuzzi se disse vítima da injustiça. “Eu confio na Polícia Civil. Não confio em alguns homens que estão no comando. Assim como confio na Justiça. Tenho medo de ser preso novamente porque sei do poder da política dos homens”, colocou.

Segundo Schavuzzi, revistas nacionais o compararam a Hidelbrando Pascoal. “Fiquei revoltado. Minha imagem tem que ser reconstruída. Eu cheguei em casa, meu filho de seis anos me perguntou onde eu estava. Disse que tinha viajado. Ele rebateu: ‘o senhor não foi preso, painho?’. Eu tive que dizer que fui. O menino virou para minha mulher e pediu que não deixasse que a polícia me levasse novamente”.

“Viraram a minha vida ao avesso. Fui castigado no presídio. Jamais pensei em passar por isso. Perguntem quem é o comerciante Ricardo Schavuzzi. Volto a dizer que fui preso de forma injusta. Agora, vou repensar minha candidatura futura. Vou repensar minha vida. Há algo que descobrir no presídio. Há muita gente injustiçada lá dentro”, colocou.

Crise judiciária

Schavuzzi se disse pego de surpresa porque sempre teve uma relação boa com Davino. Não quis comentar a crise no Judiciário que sua prisão causou. Soares foi quem colocou que “o judiciário tem que ser um elemento estranho. Não pode se envolver como está se envolvendo. Há de ser isento, como foi o parecer técnico do juiz Orlando Manso”. Ricardo Schavuzzi apenas aproveitou a situação para colocar que “não é amigo de Manso, nem sua família é”, rebatendo o que circula nos bastidores da imprensa.

“A função de investigar é da Polícia Civil e não do poder Judiciário. A magistratura tem que julgar com desinteresse e sem tomar parte para não entrar em conflitos. É assim que eu entendo o judiciário. Causa-me perplexidade esta postura do colegiado formado”, criticou Adriano Soares. Soares voltou a afirmar que a Polícia Civil induziu os juizes a erro e que a decisão de Manso foi “técnica e sem paixão, como tem que ser”.
Para Adriano Soares a Polícia Civil inverteu o Direito.

“Eles que tem que provar a culpa do meu cliente, mas está sendo passado como se o Ricardo tivesse que dar conta de sua inocência é o contrário, pois não há indícios de envolvimento do meu cliente com assaltos, seqüestros e outros crimes. A prisão foi feita de forma ilegal por conta do incêndio. Então fica a pergunta: se Ricardo não foi preso por conta destes crimes, porque envolvê-lo na Operação Mata do Rolo? A imprensa tem que fazer esta reflexão”, expôs o advogado. “A Polícia Civil induziu a imprensa a erro também”, complementou.

Soares disse ainda que o que cabe a Polícia Civil é investigar sério e defender os interesses da sociedade. “Ninguém pode se preso, em seguida levado diretamente para uma solitária, ainda mais sendo réu primário. Ele nunca foi preso. Se existe outras provas que eu não tive conhecimento e que sustentam a prisão do meu cliente. Elas não me foram mostradas e se de fato existirem, a Polícia cometeu um crime”.

Júnior Pagão

Schavuzzi falou que sua relação com Júnior Pagão é meramente política. “Ele decidiu me apoiar depois que rompeu com o deputado Gilberto Gonçalves. Todo governo é feito por meio de acordos e negociações. Nós o incorporamos no grupo. Não tenho amizade com ele. Não freqüento a casa dele, apenas é uma relação política”.

Para Soares, não se pode aplicar no caso de Schavuzzi a lógica do “diga com quem andas, que eu direi quem és”. “Se fosse assim todos nós estaríamos pagando por erros de outros. Não se pode permitir isso. Hoje é o meu cliente. Amanhã pode ser todos nós”. O que deve ser questionado – conforme Soares – são os motivos pelos quais Schavuzzi foi preso. “É isto que eu quero que a Polícia Civil responda”, finalizou o advogado. Schavuzzi encerrou a coletiva afirmando que provará sua inocência e que pretende processar o Estado e as forças da segurança pública por todo o que ele passou.

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