Chega de Zagalo, Parreira e Luxemburgo! Chega

Ainda não começou a trabalhar como técnico da Seleção Brasileira de Futebol, e já tem alguém "Zangado" com Dunga; mas há também alguém "Feliz" e enquanto o Parreira tira uma "Soneca", o "Mestre" Zagalo dá um "Atchim" que deixa o Galvão Bueno "Dengoso". Caros internautas, sinto-me igualmente "Feliz" porque o Dunga é o técnico da Seleção.

O Neto foi desbocado em campo, quando era jogador, e pior hoje como comentarista; mas, devo concordar com ele, quando disse: "Chega de Zagalo, de Parreira e de Luxemburgo!" E chega mesmo.

O Zagalo, além de alagoano, é herói do célebre tri-campeonato do Flamengo, que ocorreu quando eu tinha dois anos de idade; quando comecei a perceber as coisas gravei os nomes no quadro pregado na parede, que meu pai repetia com ênfase para o ataque: Joel, Paulinho, Evaristo, Dida e Zagalo – e haviam três alagoanos no time carioca; Dida, Zagalo e o zagueiro Tomires.

Zagalo deixou sua marca como jogador, sem dúvida, mas contou muito mais com a sorte; na condição de ponta-esquerda, jogava recuado dando origem ao sistema 4-3-3, que agora desandou com três zagueiros e não-sei-quantos no meio-de-campo. Em 1958, chegou à Seleção Brasileira porque Canhoteiro, convocado, fugiu da concentração e foi cortado por indisciplina.

É o mesmo Canhoteiro que o Chico Buarque de Holanda imortalizou no ataque imaginário de seus ídolos no futebol – "Para Pelé, para Pagão e Canhoteiro". Foi campeão do mundo e fez gol, vindo de trás para completar as jogadas; Zagalo soube como compensar o físico franzino.

Em 1962, Canhoteiro vivia aos porres homéricos e Pepe não se enquadrava no novo perfil fático, com o ponteiro-esquerdo recuado, uma invenção do Zagalo para evitar se confrontar com os gigantes – logo ele, tão franzino. Novamente o Brasil foi campeão e Zagalo estava lá muito á vontade, afinal, o ataque era quase o mesmo do Botafogo, seu novo clube no Rio – a exceção era Pelé (Santos) e Vavá (Palmeiras); e a partir do segundo jogo a diferença diminuiu – ficou só o Vavá; o Pelé se machucou e no seu lugar entrou o Amarildo, que era do Botafogo.

Em 1964 veio o golpe militar e os milicos passaram a dominar tudo, inclusive o futebol; a então CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que engloba tudo, mudou o nome para CBF e ficou restrita ao futebol. Em 1969, desembarcaram na CBF os capitães do Exércio Cláudio Coutinho e Parreira.

Os militares estavam preocupados porque a Seleção Brasileira estava sendo treinada por um "comunista" chamado João Saldanha e tramaram sua demissão. Ao exigir a convocação de Dario, uma imposição descabida, os militares sabiam que João Saldanha não aceitaria e pediria demissão. Saldanha tinha conseguido classificar a seleção e estava com moral, mas o desejo do governo militar foi atendido.

Dario, que jamais chegaria à seleção sem o apadrinhamento do governo, foi convocado para fazer número e atender o capricho do ditador; Saldanha pediu demissão e Zagalo assumiu o comando.

Em 1970, o Brasil seria campeão de qualquer maneira; Pelé estava irado com a campanha na imprensa dizendo que ele estava ficando cego, Gerson e Tostão jogavam suas últimas partidas – Tostão encerrou a carreira precocemente, depois de levar uma cabeçada e deslocar a retina.

Zagalo foi jogador de futebol, vencedor de várias copas do mundo, portanto, não deveria constar na lista do Neto – e faço aqui o reparo. O Luxemburgo foi reserva do Júnior, no Flamengo, e desistiu de tentar ser titular – foi ser técnico, empavonado demais para o cargo e envolvido em denúncias de malversação; o Edmundo lhe cobra o dinheiro que emprestou; uma secretária o denuncia por isso e aquilo.

Acho que o Neto acertou quando disse chega de Luxemburgo e Parreira! E chega mesmo. Que a "era Dunga" consiga sepultar o último resquício da ditadura instalada em 1964, que parecia reagir empedernida nas entranhas da CBF. Ainda que eles fiquem "Zangado", sinto-me "Feliz", "Dengoso" e posso até tirar uma "Soneca" depois de defender o "Mestre Zagalo" e dar um viva para o Dunga.

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