Trabalhadores rurais sem equipamentos de segurança e jornada de trabalho excessiva. Essas são as principais irregularidades constatadas durante inspeção realizada, ontem, pela Procuradoria Regional do Trabalho da 19ª Região (PRT 19/AL), nas usinas Taquara e Porto Alegre, município de Colônia Leopoldina, a 112 quilômetros da capital.
Na Usina Taquara, a equipe de fiscalização encontrou um trabalhador que cortou o pé com foice. “O trabalhador estava sem botas, sem luvas, sem óculos, sem nenhum equipamento de proteção individual (EPI). Quando chegamos ao canavial, ele estava com pé enrolado em um pano e logo depois foi levado de moto para o posto de saúde local”, constata o procurador do Trabalho Rodrigo Raphael de Alencar, que coordenou a inspeção.
De acordo com Alencar, muitos trabalhadores das duas usinas estão com jornada excessiva. Como é caso dos bituqueiros – homens que recolhem as canas que caem dos caminhões – da Usina Taquara. “Eles trabalham 12 horas e folgam 12. Isso é desumano. São mais de 80 horas semanais, quando o limite estabelecido em lei é de 44 horas”, diz.
Porto Alegre
Mais de cem homens da Usina Porto Alegre trabalham na área de irrigação, carregando canos metálicos nos ombros. Cada cano pesa mais de 35 quilos e são levados sem nenhuma proteção. “Encontramos um trabalhador com hematomas no ombro por conta do esforço que faz para transportar os canos. Isso não pode acontecer. Não vivemos mais num regime de escravidão. Trabalhador rural não pode ser tratado como escravo”, declara Alencar.
O procurador encontrou um rapaz, deficiente físico, que também trabalha na irrigação. Ele tem uma das pernas atrofiadas, por causa de paralisia infantil. “O rapaz deveria estar numa função compatível com suas condições físicas”, explicou da Usina Taquara.
Pelas irregularidades constatadas, o procurador notificou as usinas para comparecerem à PRT. A audiência será na próxima segunda-feira, dia 9, às 13h30.
