“Se não fosse o único hospital de urgência, o HGE seria interditado hoje”, diz Sinmed

UTI foi fechada pelos médicos por falta de matéria na noite dessa quarta-feira (20); MP será acionado

Ascom/CremalCorredores estão lotados

Corredores estão lotados

“O Hospital Geral do Estado chegou a uma situação insustentável. Pessoas podem morrer por falta de materiais e medicamentos essenciais”. A declaração é do presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), Fernando Pedrosa, que denunciou o caos que está instalado no HGE. As informações foram passadas  durante uma coletiva de imprensa, na tarde desta quinta-feira (21), quem também teve a participação do presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão.

Após inúmeras denúncias feitas por médicos, o presidente do Cremal, acompanhado do presidente do Sinmed, Wellington Galvão, visitou HGE na manhã desta quinta-feira e encontrou “um cenário de guerra”. De acordo com Fernando Pedrosa, itens básicos e de uso essencial como luvas, canola para intubação de adultos, gazes, esparadrapos, xilocaína para anestesia local, entre outras coisas, estão em falta, chegando a paralisar o atendimento.

“No final da tarde de ontem os médicos decidiram fechar a UTI por falta de material para receber mais pacientes. Os que passaram por cirurgias permaneceram no centro cirúrgico até a manhã de hoje, quando os médicos decidiram transferi-los para a UTI porque todos já estavam entubados. A situação chegou ao extremo. Esta falta de assistência à saúde pode causar óbitos”, relatou.

Ascom/CremalÁrea que comporta 15 pacientes, está com 39

Área que comporta 15 pacientes, está com 39

Além destes problemas, outra situação voltou a preocupar a entidade: a superlotação. De acordo com Fernando Pedrosa, o HGE voltou a ficar superlotado, ao ponto de macas ficarem encostadas umas nas outras, obstruindo a passagem dos profissionais. “Uma área que comporta apenas quinze pacientes está com 39. As macas estão tão coladas umas nas outras que não tem espaço para que um médico faça ressuscitação em algum paciente, caso precise. Não tem espaço para mover as macas e abrir espaço”, declarou.

Fernando Pedrosa disse que procurou a direção do hospital e a secretária de Estado da Saúde, que explicou que o problema é o fornecimento, e que o material não foi comprado porque contas referentes ao ano passado não foram pagas. “Segundo a secretária nos explicou, o Estado começou a pagar os empenhos deste ano, mas os do ano passada ainda estão em débito. Esta situação precisa de uma intervenção do governador. Se os materiais não forem comprados, iremos perder vidas”, ressaltou o presidente do Cremal.

Izabelle Targino/Alagoas24HorasColetiva dos presidentes do Cremal e Sinmed

Coletiva dos presidentes do Cremal e Sinmed

O presidente do Sindicato dos Médicos, Wellington Galvão criticou a postura do governado em não pagar as dívidas dos fornecedores, alegando que a dívida é do Estado. “O débito não é de pessoa, é do governo. O governador tem que pagar. Pessoas estão morrendo naquele hospital e o governador deve ser responsabilizado. Estamos quase na metade do ano e a situação está cada vez mais difícil. Não pagar transporte escolar não faz ninguém morrer, mas não comprar materiais imprescindíveis a um hospital de urgência, mata muita gente”, disse Wellington Galvão.

Ainda de acordo com o médico, na atual situação, o HGE deveria sofrer uma interdição ética. “Se não fosse o único hospital de urgência e emergência que temos aqui, ele hoje teria tido uma interdição ética. Se fosse um hospital privado que estivesse nessas condições, o governo já teria ido interditar, como fez com o hospital de Pão de Açúcar. Não lembro de ter visto nunca uma situação como esta”, lamentou Wellington Galvão.

Outra denúncia feira pela entidade foi que a Unidade de AVC, inaugurada em abril deste ano, encontra-se fechada por falta de materiais para funcionar.

Ministério Público será acionado

O presidente do Cremal disse que vai enviar o relatório do que foi encontrado no HGE ao Ministério Público Estadual na próxima semana. “Vamos provocar o MP para que  movam uma ação pública contra o Estado. Além disso, vamos levar este relatório diretamente ao governador. Nossos colegas médicos estão com medos de trabalhar nesta situação e serem responsabilizados por alguma morte que venha a ocorrer por falta de insumos”, disse.

Secretaria de Saúde

A diretora do Hospital Geral do Estado, Verônica Omena, por telefone, explicou à reportagem do Alagoas24horas que o hospital está  com falta de medicamentos e materiais devido ao problema no abastecimento, mas são situações pontuais.

Segundo a diretora a falta está sendo restabelecida com o abastecimento de alguns insumos até que a compra total seja realizada. “Não podemos negar que estamos com falta de alguns materiais, mas a secretária está empenhada em finalizar o processo de compra de todo o material que está em falta”, explicou Verônica Omena.

 

 

 

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