Ágatha e Bárbara ficam com título e Brasil faz história ao dominar pódio na Holanda

Fernanda Berti e Taiana conquistam a prata, enquanto Juliana e Maria Elisa garantem o bronze ao país no torneio.

Denis Ferreira Netto/CBVBárbara (esq) e Ágatha com a taça do Campeonato Mundial

Bárbara (esq) e Ágatha com a taça do Campeonato Mundial

Nos livros de história sobre o vôlei de praia, a data de 4 de julho de 2015 estará marcada por mais um grande feito brasileiro no esporte. Neste sábado, pela primeira vez um país conquistou ouro, prata e bronze em uma edição do Campeonato Mundial. Na final, Ágatha/Bárbara Seixas (PR/RJ) venceram Fernanda Berti e Taiana (RJ/CE) por 2 sets a 0 (21/18, 22/20) e ficaram com o título. Juliana e Maria Elisa (CE/PE), horas antes, venceram as alemãs Holtwick e Semmler por 2 sets a 1 (25/23, 18/21 9/15), garantindo o bronze.

O Brasil também assegura com o título do Mundial a segunda vaga no torneio feminino dos Jogos Olímpicos de 2016. A conquista, que pertence ao país campeão, e não ao time vencedor, também poderia ser obtida através da Continental Cup, do Circuito Mundial e da Repescagem Mundial. A primeira vaga já era garantida pelo fato de o Brasil ser o país-sede.

Em uma noite inesquecível o Brasil também dominou as premiações individuais. A paranaense Ágatha foi eleita a melhor jogadora do Mundial, enquanto a estreante Fernanda Berti foi escolhida a melhor atacante do torneio. Juliana foi a maior pontuadora e sua parceira Maria Elisa recebeu o prêmio de melhor saque. Completando a lista, a alemã Semmler ficou com o melhor bloqueio e a holandesa Van Iersel ficou com o título de saque mais rápido.

CBV2A campanha das campeãs contou com oito vitórias e apenas um set perdido durante todo o torneio. É a primeira medalha de Ágatha, enquanto Bárbara Seixas junta o ouro à medalha de bronze conquistada em 2013, na Polônia, ao lado da capixaba Lili. A medalha em mundiais também é inédita para Fernana Berti e Taiana. Já Juliana soma o bronze desta edição a um ouro, em 2011, duas pratas, em 2005 e 2009, e bronze em 2007. Maria Elisa novamente ganha o bronze. Ela tinha conquistado essa mesma medalha em 2009.

O resultado desta sexta-feira também transforma o Brasil no maior vencedor de Campeonatos Mundiais no naipe feminino. O país estava empatado com os Estados Unidos, que têm quatro medalhas de ouro, na liderança. Sandra Pires/Jackie Silva, em Los Angeles (1997), Adriana Behar/Shelda, em Marselha (1999) e Klagenfurt (2001), e Juliana/Larissa, em Roma (2011), já tinham conquistado o título para o país em edições anteriores.

“Isso demonstra a força do nosso esporte. Mesmo com o crescimento pelo mundo, seguimos tendo conquistas e quebrando recordes. Não é só o titulo do Campeonato Mundial. Neste ano, as mulheres conquistaram todos os torneios que contam pontos para a corrida olímpica brasileira, em Moscou, Porec, Stavanger e São Petersburgo. E mesmo com o Campeonato Mundial não contando pontos para a corrida olímpica, tivemos um pódio totalmente brasileiro. Isso é fantástico e mostra o comprometimento dos nossos atletas e suas comissões técnicas”, disse Franco Neto, gerente de seleções de praia.

“Primeiro, gostaria de parabenizar as atletas e suas comissões técnicas, os principais responsáveis por essas conquistas. Mas não poderia deixar de agradecer a união de forças com o Ministério do Esporte, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e o Banco do Brasil. Juntos pudemos oferecer uma estrutura de alto nível para treinamentos, viagens e preparação às duplas. Algo que certamente contribuiu para conquistas importantes em um final de semana histórico”, disse o presidente da Confederação Brasileira de Voleibol, Walter Pitombo Laranjeiras.

A Final

Denis Ferreira Netto/CBVCBV3

Fernanda Berti/Taiana (RJ/CE) e Ágatha/Bárbara Seixas (PR/RJ) iniciaram a partida com um rally maravilhoso, de cerca de um minuto, que levantou os 5.500 torcedores presentes na arena em Haia. A paulista federada pelo Rio de Janeiro e a cearense começaram melhor o jogo, com uma proposta de variar as jogadas ora em Ágatha, ora em Bárbara Seixas, abrindo 4/1.

Ágatha e Bárbara Seixas encostaram no placar após boa sequência da paranaense na rede. As duplas seguiram confirmando seus serviços até que Ágatha levou a melhor na rede e colocou sua parceria pela primeira vez em vantagem, com 7/6. Taiana e Fê Berti aceleraram o jogo pelo meio de rede e retomaram a ponta – na primeira parada técnica o placar indicava 12/9 a favor delas. Ágatha e Bárbara Seixas reduziram a desvantagem nos lances seguintes, assumindo a liderança no marcador em 19/17, na reta final do primeiro set. No lance seguinte, a parceria alcançou o set point e fechou a parcial em 21/18.

O segundo set começou equilibrado, sem nenhum time conseguir se distanciar no placar. Pelo menos não até a casa dos sete pontos, onde Ágatha e Bárbara Seixas emplacaram três bons ataques e chegaram a 7/4. Fernanda Berti se impôs na rede e diminuiu a diferença para apenas um ponto. Mas, confortáveis na virada de bola, Ágatha e Bárbara Seixas abriram até então a maior vantagem da partida, com 12/8.

Taiana e Fernanda Berti se desdobravam para defender os ataques rivais, e até conseguiram em determinados momentos, como no lance em que diminuíram a vantagem adversária para 19/18. Mas, na medida em que a partida se aproximava da reta final, a proposta de jogo de Ágatha e Bárbara Seixas beirava a perfeição. Bárbara Seixas levou a melhor na rede e a sua parceria a dois match points.

Fernanda Berti evitou ambos os pontos do jogo – o segundo em uma troca de bolas sensacional que durou um minuto e fez a arena estremecer. Com o jogo em 20/20, Fê Berti desperdiçou o saque na rede. No lance seguinte, Ágatha e Bárbara Seixas conheceriam o gosto de serem campeãs do mundo. A carioca saiu do fundo da quadra para soltar o braço na diagonal, fechando o set em 22/20 e o jogo em 2 sets a 0.

“O ambiente foi ótimo, perfeito. Não tenho palavras. É incrível. Trabalhamos para isso e ainda tive a oportunidade de contar com a presença dos meus pais na arena. Estou muito feliz por estar vivenciando este momento com minha equipe e minha parceira Ágatha, que é a melhor atleta do planeta. Cada um teve um papel muito fundamental nessa conquista”, celebrou Bárbara Seixas, agora campeã mundial em todas as categorias do vôlei de praia.

O título de atleta mais completa do Campeonato Mundial 2015 fez Ágatha relembrar sua trajetória, de quando começou no esporte até ser aplaudida em pé no principal torneio da temporada. “Não tenho palavras. Comecei tão de baixo, muito nova, para hoje chegar nesse nível e poder falar que sou a melhor jogadora do campeonato é algo incrível. Acho que a vitória é da persistência, porque minha carreira foi de muita oscilação. Comecei muito bem, depois caí, mas por vontade e por amor ao esporte persisti. Encontrei na Bárbara uma grande parceira, formamos um grande time. Estou muito feliz ao lado dela”, disse.

Bárbara Seixas fez questão de enaltecer a garra de Juliana e Maria Elisa e Taiana e Fernanda Berti, que valorizaram ainda mais a campanha brasileira no Campeonato Mundial. “Sabíamos que aqui estariam as melhores atletas do mundo. Mais do que nas Olimpíadas até. Jogar contra duplas brasileiras na semifinal e na final é muito difícil. Tivemos que nos superar, pois elas nos conhecem muito. Mas é na dificuldade que nos superamos”, disse.

Pódio 100% brasileiro
A festa verde-amarela seria completa com a vitória de Juliana e Maria Elisa (CE/PE) na disputa do terceiro lugar, contra as alemãs Katrin Holtwick e Ilka Semmler. O jogo começou truncado, com ambas as equipes alternando erros não forçados, principalmente no saque. O equilíbrio persistiu quando os times entraram no jogo e passaram a acertar, com as duplas se mantendo empatados até os 18 pontos.

A Alemanha levava vantagem por uma quebra de serviço, e alcançou o set point em 20/19. As brasileiras conseguiram salvar o primeiro e outros dois pontos do jogo, mas na quarta chance Katrin Holtwick e Ilka Semmler fecharam a parcial em 25/23.

O time adversário iniciou a segunda etapa em vantagem, mas o Brasil assumiria a ponta, com 6/4, após grande cortada de Juliana. As alemãs conseguiram assumir a liderança com 12/11, só que a Juliana e Maria não deixaram as rivais por muito tempo na liderança. Em um ace da carioca, a parceria abriu 19/17 e encaminhou a vitória na etapa, encerrada em 21/18.

Denis Ferreira Netto/CBVCBV4

Com o jogo encaixado, o Brasil abriu 4/1 no tie-break. Holtwick e Semmler buscaram a reação e empataram a partida em 5/5. Mas, apesar de estarem na disputa pela medalha de bronze, Juliana e Maria Elisa mostraram que não são as atuais campeãs do Circuito Mundial à toa. Mais eficiente na virada de bola, a parceria fecharam o set em 15/9 e o jogo em 2 sets a 1.

Ágatha e Bárbara Seixas (PR/RJ) somam 1000 pontos no ranking do Circuito Mundial 2015, além de receberem uma premiação de 60 mil dólares. Já Fernanda Berti e Taiana somam 900 pontos e recebem 45 mil dólares, enquanto Juliana e Maria Elisa ficam com 800 pontos para a classificação do tour mundial e recebem um prêmio de 35 mil dólares.

Agora, os times voltam as atenções para a corrida olímpica brasileira e o Circuito Mundial 2015. A próxima parada do calendário mundial é no Major Series de Gstaad, na Suíça, que já vale pontos para a disputa de vaga à Olimpíada aos times brasileiros. O torneio ocorre de 7 a 12 de julho, no pé dos Alpes suíços.

Fonte: CBV

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