Fim da Intolerância: lideranças celebram 104 anos do “Quebra do Xangô”

Izabelle Targino/Alagoas24horasFim da Intolerância: lideranças celebram 104 anos do "Quebra do Xangô"

Fim da Intolerância: lideranças celebram 104 anos do “Quebra do Xangô”

Lideranças e simpatizantes das comunidades de matrizes africanas se reuniram na Praça dos Martírios, no Centro, para celebrar os 104 anos do “Quebra do Xangô”, episódio ocorrido em 1912, quando terreiros foram invadidos e destruídos por milícias armadas. O evento, além de celebrar a data, marca a luta contra a intolerância religiosa.

Para o babalorixá da Casa de Yemanjá, Pai Célio Rodrigues, o “Xangô rezando Alto” é um momento de celebração, mas também de reflexão e conscientização da sociedade. Apesar dos avanços que as comunidades afros tiveram ao longo dos anos, pai Célio disse que ainda há uma grande resistência e uma cultura de intolerância praticada, principalmente, pelas  religiões neopentecostais, os chamados evangélicos.

“Ainda sofremos resistência e preconceito, principalmente nas periferias, onde policiais militares evangélicos se aproveitam de uma farda para entrar nos terreiros e calar os atabaques. Alguns neopentecostais usam seus programas de TV nas madrugadas para promover uma cultura de intolerância dizendo que estamos “cultuando satanás”. Mas satanás está nos livros sagradas e nós não temos livros sagrados. Somos de diretrizes africanas.”, declarou o babalorixá.

Izabelle Targino/Alagoas24horasPai Célio Rodrigues

Pai Célio Rodrigues

Pai Célio também lembrou o fato ocorrido em dezembro, quando as comunidades tiveram a tradicional celebração à Yemanjá ameaçada devido a um pleito de grupos evangélicos. “Um exemplo da resistência que ainda existe foi o que aconteceu em oito de dezembro, quando eles queriam pleitear o nosso ato, num dia sagrado para nós. Hoje nós já temos como denunciar, pois ganhamos uma promotoria que nos atende e sempre que sabemos de acontecimentos como estes, vamos até lá e somos ouvidos pelo promotor Flávio Costa. Já fizemos diversas denúncias”, continuo o líder religioso.

Também presente na celebração, o reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Jairo Campos, destacou a importância da Universidade para a realização do Xangô Rezado Alto. “A Uneal foi a instituição que realizou a primeira edição do Xangô Rezado Alto, com a debates, discussões e apresentações de grupos. A partir daí, construímos um bloco institucional e realizamos eventos e debates até hoje. Alagoas ostenta para o mundo a história de Zumbi e esta é uma forma de não deixar esta memória morrer. Manter acessa a memória das matrizes africanas que fizeram parte da construção da história do nosso estado”, disse Jairo Campos.

A celebração levou dezenas de simpatizantes e vários grupos de matrizes africanas para a Praça dos Martírios, que assistiram  apresentações da Orquestra de Tambores, Banda Afro Zumbi, Grupo Iyá Capoeira, Banda Afro Afoxé, Afoxé Odô Iyá e Coletivo Afrocaeté.

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