Doença ou crime? Conheça mais sobre a efebofilia de Laércio do BBB 16

Atração por adolescentes não é considerada doença como a pedofilia

(Foto: Foto: Minuto a Minuto - BBB)Laércio

(Foto: Foto: Minuto a Minuto – BBB)

Segundo eliminado do Big Brother Brasil 16, com 54% dos votos, Laércio teve a passagem pelo reality show marcada por uma série de confusões. Na mais explosiva delas, ele foi acusado de pedofilia por Ana Paula, por ter declarado sua preferência por “novinhas”. Dentro do confinamento, ele chegou a dizer que usava álcool para facilitar o sexo com menores de idade, além de revelar ter duas namoradas, de 17 e 19 anos. Não demorou para revirarem as redes sociais do tatuador, e veio à tona um post polêmico.

Em 2013, ele compartilhou uma foto de uma garota de sutiã. Um internauta comentou: “Seu pedófilo!rsrs”. Menos de uma hora depois Laércio respondeu: “Efebófilo kkkkkkk”. A palavra se refere a alguém que sente atração sexual por adolescentes. Ao sair da casa, o homem de 53 anos negou que tenha feito sexo com adolescentes.

— Assumo que gosto de mulheres mais jovens. Já fiquei com amizade com menor de idade, não sexo ou amasso. Durante um beijo, a menina já coloca a mão dentro da sua calça. Mas estou ciente das minhas responsabilidades perante a lei. Tenho que cortar e corto. Nada contra andar de mãos dadas, fazer carinho em público. Além de não responder a nenhum processo, não tenho nenhuma denúncia. A pedofilia é atração por crianças, a efebofilia, por adolescentes. Eu tenho atrações por adolescentes, mas por contemplação, de olhar, trocar ideia, jamais fazer sexo. Sou desenhista de figura humana, o que me chama a atenção é o corpo e os traços.

O episódio levantou a dúvida. Afinal, faz diferença ser pedófilo ou efebófilo? Por definição, o efebófilo é aquele que sente atração por adolescentes, assim compreendidos como os maiores de 13 anos. A pedofilia diz respeito a cidadãos que se sentem atraídos, de forma exclusiva ou prevalente, por crianças (até 12 anos).

De acordo com a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o efebófilo também não sente atração sexual por adultos.

— Eles se atraem por alguém que está na faixa intermediária, entre a infância e a vida adulta, também de forma exclusiva ou prevalente.

O terapeuta Oswaldo M. Rodrigues Jr, do Instituto Paulista de Sexualidade, acrescenta que um pedófilo necessita de uma criança para sentir-se excitado sexualmente, sentir que ama, e poder desenvolver o sentimento de amor, tanto afetivo quanto sexual.

— Um efebófilo deseja um adolescente para as mesmas circunstâncias. O efebo é o adolescente.

Segundo Rodrigues, ambos os termos se referem a uma parafilia, um comportamento que pode variar desde uma preferência até a uma exigência tão específica que produz ansiedades numa busca infinita do objeto sexual/amado.

— O que se chama de parafílico, aplicado a um pedófilo, se refere a pessoas, a maioria de homens adultos, que somente desejam um determinado tipo de criança, com uma determinada idade. Quando passa aquela idade, deixa de ser objeto amado ou desejado sexualmente.

Aplicado a adolescentes, ocorre o mesmo com a idade, e para um determinado adulto (homem ou mulher) o desejo apenas se manifesta para as características exigidas. Por exemplo, uma menina de quadris estreitos, sem demonstrar ser adulta, com mamas pequenas, com determinada a cor e comprimento de cabelo. É comum também o desejo por certos padrões de roupas que somente um(a) adolescente utilize.

Muitos destes parafílicos vivem em constante frustração, pois as crianças crescem, os adolescentes também, e o padrão de desejo continua o mesmo, mantendo fortes ansiedades, angústias que são diminuídas a cada oportunidade de encontrar o padrão estético, sexual e afetivo que buscam. Mas como enfatiza Rodrigues, quando ultrapassa a barreira da fantasia, o comportamento de efebófilos e pedófilos se torna um crime.

— Um fator importante nesta discussão é o comportamento explícito. O desejo, em si, com fantasias, não são problemas para os outros e a sociedade. O maior problema para estes dois tipos de preferências sexuais é seu teor criminoso quando praticadas.

Violência presumida

Para a legislação penal brasileira, na consumação do sexo ou atos libidinosos com indivíduos até 14 anos a violência é presumida. Trata-se de estupro, ainda que se alegue consentimento. O relacionamento com um jovem entre 13 e 14 anos, por exemplo, se enquadraria no comportamento do efebófilo, mas, à luz da lei, não é uma relação aceita. É crime.

A pedofilia, por sua vez, continua sendo classificada como doença pelas mais recentes definições da Organização Mundial de Saúde e do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, ou DSM-5, na sigla em inglês), principal referência para os diagnósticos psiquiátricos.

Mas práticas como o sadomasoquismo e o fetichismo já estiveram nessas listas. Essas preferências sexuais só são tratadas como doenças nos casos em que não há consentimento, ou cujas práticas levem a sofrimento do agente ou dos parceiros. No caso da pedofilia se subentende que a crianças, alvo do desejo adulto, não são capazes de consentirem, em hipótese alguma.

A psiquiatra Carmita Abdo revela que muitos pedófilos costumam buscar ajuda de forma espontânea, pois sofrem com sua condição.

— Existe tratamento, mas é um processo de longo prazo, que inclui psicoterapia e medicação. A medicação irá inibir a libido, e a terapia servirá para redirecionar o desejo.

E a efebofilia? Segundo Carmita, o desejo por jovens não é classificado como doença. Acredita-se que o adolescente já tenha discernimento para consentir ou não à investida de um efebófilo. Mas, assim como vários pedófilos, há efebófilos que ficam apenas na fantasia e não chegam a concretizar o sexo com menores de idade.

— Normalmente essas pessoas têm um perfil bem particular, um comportamento de “adolescentão”. Não se trata apenas de algo ligado à sexualidade, eles se sentem muito identificados com os adolescentes.

Mas não seria abusiva uma relação de um cara como Laércio, de 53 anos, com meninas de 17, 18 anos?

Carmita ressalva que, muitas vezes, o efebófilo, ainda que seja mais forte e possa ter uma ascendência sobre as jovens, também é dependente daquele relacionamento.

— Acaba havendo uma interdependência, se ele se sente atraído por ela, acaba cedendo a essa necessidade de estar com aquela pessoa.

Fonte: R7

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