Os 110 escolhidos para o revezamento da Tocha Olímpica em Maceió foram apresentados na manhã desta terça-feira (24), em um hotel no bairro de Jatiúca. Em clima de descontração, atletas, artistas e até jornalistas aproveitaram o momento que antecede a condução do símbolo olímpico, no próximo domingo 29, para conversarem sobre a experiência.
É nesse momento que histórias de vida se cruzam e revelam um momento diferenciado da Olimpíada que, mesmo estando centralizada na cidade do Rio de Janeiro, também mobiliza o Brasil em um imaginário de união e superação esportiva.
Esta última palavra tem um gosto diferenciado para o paratleta João Tenório, de 41 anos. João já foi recordista nacional das provas de arremesso de peso, há cerca de 10 anos e, entre tantos prêmios que ganhou, como a medalha de prata no Open Internacional de arremesso, realizado nos últimos dias no Rio de Janeiro, nada parece superar a honra de conduzir a Tocha Olímpica por pouco menos de 200 metros, uma distância que se fosse transferida para o seu esporte em particular, seria mais do que espetacular.
João Tenório mostra a medalha que ganhou após disputar um torneio internacional no Rio.
“Já fui campeão brasileiro, mas a ligação que recebi me chamando para levar a Tocha, foi mais do que emocionante. No esporte a gente alcança muitos títulos, mas nada se compara a esse momento porque ele não se repete duas vezes”, avalia o atleta.
Tanto para João quanto para a lutadora Bianca Andrade, de 43 anos, a experiência como esportista pouco importa nesse novo desafio. Conduzir a Tocha deixa qualquer atleta nervoso e ao mesmo tempo reconhecido.
Bianca é lutadora de jiu-jítsu e tem no currículo oito títulos mundiais, sendo dois sem quimono, com esse “cartel” a lutadora até que entra no ringue com certa tranquilidade, mas quando a missão é representar Alagoas nesse percurso histórico o coração bate mais acelerado e o nervosismo chega às mãos. “Muitas vezes você não consegue participar de uma Olimpíada, então quando recebi essa chamada [por email] simplesmente não acreditei. É um momento realmente único”, destaca Bianca.
A lutadora é ainda um dos poucos exemplos de multiatleta, um fenômeno que surgiu ainda no final da década de 80 e que se popularizou nos Estados Unidos, um dos países que mais levam medalhas de ouro em competições. Nesse caso, Bianca é ainda campeã alagoana e pernambucana de surfe na categoria feminina. “Venho de uma família de multiatletas, todos praticantes de diversos esportes e noto que o que falta mesmo é incentivo para colocar o atleta em contato com outras modalidades”, destaca.
Gabriel Barbosa entrou para o tênis por influência do pai
Se a experiência parece pouco contar, imagina então para quem não tem ainda a maturidade e acaba de iniciar a carreira esportiva. Esse é o caso do tenista Gabriel Barbosa, considerado o décimo melhor tenista brasileiro na categoria de 12 anos.
Com uma coleção de 130 troféus, diversas viagens e cidades visitadas no currículo, inclusive internacionais, a emoção de carregar a Tocha é maior que qualquer título recente que o garoto tenha conquistado nas quadras. “Meu pai sempre sempre me incentivou a praticar, por vê-lo jogando tênis escolhi que queria jogar também… Pra mim a emoção de carregar a Tocha é maior que qualquer título”, disse com uma propriedade de um verdadeiro campeão.
A Tocha chega a Maceió no próximo dia 29 de maio, domingo, e irá percorrer por 11 bairros da cidade. Antes da chegada, a Prefeitura de Maceió planeja uma série de eventos culturais a serem realizados na Praça Multieventos, na Pajuçara, onde está montado momentaneamente um museu esportivo.
Programação de 26 a 29 de maio
Programação da Tocha Olímpica Cultural na Praça Multieventos:
Banda de Pífanos Flor do Nordeste, Coro Embracanto, Luiz Pompe, Belt, Sifrão, Maracatu do Grupo de Folguedos, Danças Professor PedroTeixeira, Elaine Kundera, Dóf Lafá, Gato Zarolho, Fiat 14, Boi Anaconda, Coretfal, Chau do Pife, Ding Tones, Divina Supernova, Banda de Pífanos Fulô da Chicaboa, Mundo Imaginário, Deslucro e Xique Baratinho.Programação nos palcos estacionamento de Jaraguá (praça de celebração da tocha):
Maybe 2 Live, Vitor Pirralho, Júnior Almeida,Wilma Araújo, Eliezer Setton, Wado e Vibrações.Grupos Folclóricos
Afoxé Odo Yá e Boi Águia, Baianas do Pontal da Barra, Fandango do Pontal, Guerreiro Campeão do Trenado, Pastoril Estrela de Belém, Banda de Fanfarra Centro Cultural do Benedito Bentes, Maculelê Yá Capoeira, Coco-de- roda Catolé, Boi Bumbá Alagoano, Orquestra de Tambores, Boi Águia de Ouro, Maracatu Baque Alagoano, Cia Teatro da Meia-noite, Orquídeas de Fogo,Transart, Grupo INAÊ e Boi Cobra Negra, Guerreiro Mensageiros de Padre Cícero, Coletivo AfroCaeté, Baianas do Grupo Folclórico Ganga Zumba, Coco-de- roda Reviver, Boi Vingador, Coco-de- roda Pau de Arara, Batuque Mundaú, Afoxé Povo de Exu, Coco-de- roda Raízes Nordestinas, Boi Dragão,Grupo Joana Gajuru, Baianas Voltam a Sorrir, Maracatu Raízes da Tradição e Banda de Pífanos São José. As apresentações serão nos bairros da Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca, Cruz das Almas, Barro Duro, Serraria, Farol e Centro.
Pernoite da Tocha
De acordo com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a tocha passará por mais de 330 cidades de todos os Estados do Brasil, pernoitando em 83 delas, entre elas Macei´´o, totalizando aproximadamente 12 mil milhas aéreas e 20 mil quilômetros terrestres percorridos. Cerca de 12 mil pessoas se revezarão na condução da tocha, cada uma por 200 metros, em média.
A tocha iniciou seu roteiro pelo Brasil em Brasília (DF), no último dia 3, e terminará o percurso em 5 de agosto, quando entrará no Maracanã durante a cerimônia de abertura dos Jogos Rio 2016.
