Bispo Filho
Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.
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Sexta feira 13 de janeiro de 2017, e já estamos com 66 assassinatos este ano em Alagoas, conforme o contador de homicídios aqui do Alagoas 24 horas.
São mais de 05 homicídios por dia.
A carnificina não escolhe lugar nem região: das grandes e pequenas cidades Alagoanas até os mais longínquos e remotos recantos de regiões mais atrasadas, conviver com a brutalidade já virou rotina para todos nós, enfim, não há quem escape do horror.
Infelizmente todo dia estamos sujeitos a sair de casa e não mais voltar.
Engana-se, porém, quem ainda acredita que essa onda de violência que varre Alagoas e o Brasil há décadas é fruto apenas de ações individuais. A delicadíssima questão das drogas, as leis muito flexíveis, o Estado corrupto e a inoperância do Poder Público associados à incompetência dos órgãos de segurança estão por trás do horror.
Aqui, nunca esteve tão em voga a máxima de Jean-Jacques Rousseau de que “o homem nasce puro, mas a sociedade o corrompe”.
O Brasil tem hoje cerca de 650 mil indivíduos encarcerados, mas só a vagas para pouco mais de 350 mil. Abarrotado, o sistema carcerário poderia ser bem pior, pois para cada um que está preso, há pelo menos uns quatro em liberdade praticando crimes diariamente nas ruas.
Porém, a nossa sociedade, já acostumada com a guerra diária, incentiva mais ainda à barbárie, “Bandido bom é bandido morto”, ouve-se com frequência este absurdo.
Bandido bom é bandido preso, julgado e condenado pelo Poder Público, sem direitos a regalias nem indultos.
Isso sim seria civilidade.
Violência só gera mais violência.
É preciso ter inteligência para perceber que só com educação de qualidade e com justiça social poderemos enfrentar o caos. Aplaudir a morte de bandidos sem propor algo concreto para enfrentar a crise só nos torna tão criminosos quanto eles. Os incontáveis indultos a que eles têm direito preenchem uma lógica macabra: precisam-se abrir mais vagas no já sobrecarregado sistema prisional para que outros condenados cumpram também suas penas.
Sem vagas há muito tempo, o sistema está em colapso.
Além do mais, grande parte da sociedade brasileira age na contramão da História e é contra a política de direitos humanos, aceita no mundo civilizado. Triste, vejo jornalistas, professores e até advogados se insurgirem contra os defensores dessa diretriz. Sem ela, a carnificina só aumentaria e colocava o Estado brasileiro mais uma vez como vilão. Segundo o IBGE, mais de 90 por cento dos nossos presos ou são analfabetos ou têm menos de quatro anos de estudo enquanto um por cento apenas tem ensino superior.
No Brasil, o crime só é organizado porque o Estado é desorganizado e frouxo.
Nossas leis são elitistas e geralmente só punem “os pequenos”.
Precisamos melhorar nossas escolas e investir no futuro dos nossos cidadãos, mas é muito difícil fazer isto, pois a sociedade não cobra, não quer.
Ou se investe em educação de qualidade ou nada funcionará.
E isto leva tempo. Muito tempo.