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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Do lado de lá

Num filme que assisti recentemente, uma personagem ao ser perguntada no que ela acreditava que haveria após a morte, a mesma deu uma resposta simples, porém bela e sábia e que me deixou bastante reflexivo.

Antes de revelar qual foi a tal resposta, gostaria de frisar que, assim como o que a personagem acreditava, o que cada um de nós cremos que haja é apenas isso: simplesmente a crença de cada um e pronto.  Porque na realidade, ninguém sabe de fato o que há do outro lado. Ponto.

Todas as crenças sobre se há ou não vida após a morte, advém de relatos e culturas de outrem e sempre baseadas em especulações e até superstições, diga-se de passagem. Desde os povos mais antigos o homem sempre buscou respostas e  entendimento sobre a finitude da vida, despertando e criando todo tipo de relatos e teorias – das mais espetaculares às mais simples – tudo isso pelo eterno e justo inconformismo diante do fato de que nós, seres humanos, também morremos, assim como todas as outras criaturas vivas.  Contudo, nossa presunção tão própria da raça humana, nos leva a crer que somos capazes de vencermos a morte também, sempre com alegações ingênuas e rasas como “se não houver nada, então a vida seria injusta” – como se de fato ela já não fosse…

Porém, cada um tem sua crença (ou seria esperança?) forte ou fraca de que permaneceremos após a morte em um outro plano, dimensão, formato ou mesmo um outro planeta. Umas mais poéticas, outras mais cruéis, todas as teorias religiosas relatam a continuidade da nossa essência com algum tipo de consciência, quando finalmente nos libertamos do nosso frágil corpo. Parece fantástico? Bem, na natureza o que não faltam são exemplos de coisas fantásticas – portanto, não seria surpresa para mim se ao final eu descobrir que sim, há muita coisa do outro lado ou então que simplesmente não há nada.

Finalmente voltando à personagem do filme, tocou-me sua singela resposta que dizia acreditar que quando morremos, voltamos a algo parecido com a experiência que tivemos no útero, onde vivíamos em silêncio, tranquilos e protegidos de todas as mazelas do mundo.  Voltaríamos a um estado que já conhecíamos, onde seríamos nutridos e transbordados de amor – amor puro. Permaneceríamos, portanto, por tempo indeterminado, em um cantinho silencioso e familiar que nos traria a paz e o sossego que os bebês experimentam em sua curta estadia no útero materno. Que lindo, não?

Essa é apenas mais uma teoria – que poderia um dia vir a ser uma crença, a somar-se com tantas outras. Só posso dizer que se pudesse escolher, eu escolheria uma dessa para mim. Fosse possível selecionar num aplicativo, tipo um Booking ou AirBnb pós-vida, a opção do tipo de “vida após a morte” de cada um, certamente seria essa minha primeira opção, descartando de imediato as mais espetaculares, complexas e sombrias. Imaginei-me euzinho ali, quietinho em posição fetal e com o dedo na boca boiando num ambiente aconchegante e sendo nutrido de amor – o que mais poderia querer depois de toda essa vida vivida com tanta coisa a nos fustigar, meu Deus? Para mim, seria o final perfeito: calmo, amoroso e cíclico.

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