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Bispo Filho

Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.

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Dra Alexandra Beurlen fala sobre violência, drogas e criminalidade em Maceió

Entre uma audiência e outra, nesse meio tempo a promotora Alexandra Beurlen, responsável pela 11ª Promotoria de Infância e Juventude da Capital, nos recebeu.

O objetivo era conseguir da especialista qual a sua opinião sobre o aumento da criminalidade e das drogas na Capital Alagoana.

Muito respeitada no meio jurídico, nas famílias de jovens e nos movimentos sociais de Maceió que trabalham com a infância e adolescência a promotora tem muito a nos dizer sobre o assunto. Conheça um pouco da opinião desta promotora que defende o interesse maior de resgate do respeito e ética por parte da juventude, como também dos seus direitos constitucionais.

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  • Dra Alexandra Beurlen – Promotora de Justiça da 11ª Promotoria da Capital

Leia a seguir as melhores partes da entrevista.

Bispo Filho – Porque a violência e a criminalidade estão fora de controle?

Dra Alexandra Beurlen – A questão do controle da violência e da criminalidade depende de vários paradigmas.

Pode-se dizer que houve mudança no comportamento das vítimas de alguns crimes, que passaram a denunciar mais.

Pode-se dizer que há uma mudança no apelo social do criminoso, que passou a ser mais respeitado e imitado pelos mais jovens, que nele enxergaram uma forma de aquisição de status e poder.

Por fim, podemos analisar como fruto de décadas de políticas públicas incapazes de promover distribuição de renda e inclusão social, que culminaram no estraçalhamento de valores éticos e tirando das famílias a capacidade de educação e proteção dos filhos.

Bispo Filho  – Quais são as causas do aumento da violência, das drogas e da criminalidade?

Dra Alexandra Beurlen  – É evidente que as políticas de segurança de modelo tradicional e repressivo, embora fundamentais e imprescindíveis, estão infinitamente aquém da necessidade de intervenção estatal.

As estatísticas obtidas na 11ª Promotoria de Justiça da Capital, que trata de atos infracionais (crimes praticados por pessoas menores de 18 anos) demonstram que 70% dos autores estão fora da escola, evidenciando a permanência na escola como elemento fundamental para manter as crianças e adolescentes a salvo das organizações criminosas.

Estudos, a exemplo de um realizado o ano passado pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais, reforçam tais estatísticas apontando a imensa diferença entre o risco que possuem, as pessoas que possuem mais, e que possuem menos anos de escolaridade de serem vítimas de homicídio. Quanto mais anos de escolaridade, menor chance de morte violenta.

Bispo Filho  – Porque estamos perdendo esta guerra?

Dra Alexandra Beurlen  – Com um grande número de crianças e adolescentes ainda sem vaga na escola, sem escolas em horário integral e com políticas públicas que não asseguram a qualidade da educação, pelo que se percebe dos números apresentado, é muito difícil que se ganhe sequer a batalha.

Bispo Filho  – Porque não conseguimos enfrentá-la e vencê-la?

Dra Alexandra Beurlen  – É muito comum ouvir de mães e avós (geralmente arrimos das famílias que frequentam os juizados da infância de nosso país) que precisam trabalhar para prover o sustento da família e não têm com quem deixar os filhos. Mesmo os que estudam, fazem-no em apenas um horário, ficando um turno à mercê das ruas, repletas de ausência familiar.

Bispo Filho  – Quais as soluções possíveis para o fenômeno da violência, das drogas e da criminalidade?

Dra Alexandra Beurlen  – Não há solução em curto prazo, tampouco fáceis.

Educação universal, de qualidade em horário integral a partir de agora, a meu ver, é uma semente que permitirá mudança nas próximas gerações.

Por outro lado, políticas educativas de prevenção às drogas, repressivas e rígidas com relação à propaganda das drogas lícitas, principalmente do álcool, que é porta de entrada para inúmeras outras drogas e uma das principais causas de óbito de adolescentes, no mundo (direta ou indiretamente), são imprescindíveis.

 

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