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Luis Vilar

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Mais coisas de Beatriz

Ficou bem parecido com o desenho feito por Beatriz
Ficou bem parecido com o desenho feito por Beatriz

Já escrevi, em um outro momento, neste blog sobre a pequena Beatriz e suas “artes”. Peço licença ao caro leitor, para a inevitável necessidade de escrever sobre ela em virtude da proximidade do Dia dos Pais. O fato é que ontem, ao chegar à casa cansado do trabalho – já passava das 22 horas – Beatriz dormia. Não havia resistido aos encantos de Morpheus, mas havia deixado, no lado da cama onde durmo, um desenho.

Um boneco pintado de verde. Beatriz Vilar tem apenas 3 anos de idade, mas adora pintar e desenhar. Já consegue fazer bonequinhos lindos, que possuem apenas cabeça, braços e pernas. Na noite de ontem, lá estava este boneco pintado de verde (minha cor preferida, devido ser palmeirense no futebol). O boneco – segundo minha esposa – sou eu!

Beatriz o fez na escola. Nunca um desenho tinha me emocionado tanto em minha vida. Ser pai é indefinível e só agora começo a compreender – de forma mais clara e ampla – o que meu pai significa para mim. A referência de valores sólidos que me foram passados com o tempo, minha personalidade com o que há de melhor e de pior, nasceram dos embates, acordos, abraços e desavenças (em alguns casos) com meu pai.

Sou e o que sou e agradeço por isto; pois em um mundo onde há muito alguns valores essenciais andam perdido, posso ainda ter fé na honestidade, na ética, dentre outros valores que simbolizam para mim a figura de meu pai. É fato que – devido à idade na qual me encontro – meu pai não mais entra numa cabine telefônica, tira o terno e sai de lá vestido de super-homem. Mas, ainda assim é um super-homem capaz de achar soluções improváveis e retirar os filhos do sufoco, ainda que durante incansáveis vezes faça isto.

Impressionante a capacidade que meu pai possui de perdoar. Só agora entendo isto, ao olhar Beatriz. Confesso que não fui um filho fácil de lidar pelo temperamento forte e contestativo. Algo que já se ensaia no comportamento de Beatriz. Porém, meu pai sempre esteve pronto para o conselho, para as respostas, para as “broncas”, dentre outros diálogos que se conservam em minha memória até hoje.

Quando busco respostas para as indagações incríveis e mirabolantes de Beatriz, não há como lembrar das respostas que meu pai me dava. Ontem, a menina Beatriz me veio com uma nova pergunta que achei bastante interessante: “Pai, por que eu pergunto tanto por que?”. Eu respondi: “Por que você precisa e quer saber de tudo minha filha”. “E por que eu preciso saber de tudo?”. Ela me olha como se avaliasse este incrível desafio que é saber de tudo e – o que mais me deixa aflito – cobra de mim as respostas “de tudo”.

A explicação para o mundo tem que sair de dentro do “bonequinho verde”. Então, ela sobe em cima de mim e diz – isto depois de alguns minutos de silêncio – “meu paizinho querido, você responde tudo né?”. Devolvo: “O pai não sabe de tudo, Bia”. “Sabe sim”, finaliza ela e sai da sala sem querer discussão. Suspiro fundo diante da minha tarefa, olho para o céu da varanda do apartamento. Penso no quão belo e difícil é ser pai. Lembro do meu e do trabalho que ele fez para dar condições que alçasse vôo sozinho e ainda assim eu retorno tanto ao ninho para pedir socorro.

Bem, o que mais a dizer. Resta encontrar meu pai e falar para ele não se espantar se amanhã eu deixar um bonequinho verde desenhado para ele. Ao lado do bonequinho o menino que retorna ao mundo dos “porquês”. “Pai, como faço para ser para minha filha o belo pai que você é para mim?”

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