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Bispo Filho

Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.

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O Especialista em Dependência Química: Texto Danilo Della Justina

Especialista segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa, significa “Que ou quem se dedica a uma ciência ou uma arte. – Que ou quem se especializou em determinada área do saber ou sabe muito sobre determinada coisa”. Existem também os que cursaram e concluíram um curso de especialização.

Mas é incrível o número de pessoas, que se dizem “especialistas” quando se trata de dependência química, em cada esquina, em cada igreja ou boteco, tem um, e o mais incrível é como as pessoas dão ouvidos a estes entendidos, chegando a ser bizarro as orientações que são dadas por estes. Já vi casos de pessoas duvidarem da opinião ou até mesmo do parecer de um especialista por não estar em acordo com os entendidos.

Em nosso Estado qualquer um que tenha passado por algum tipo de internação e com ou sem capacitação venha a trabalhar em uma instituição é visto como especialista. Criando uma dezena de falsas verdades, que atrapalham o tratamento e retiram a credibilidade de alguns profissionais, destas pseudoverdades que falo, destaco alguns absurdos: – Só um dependente químico entende um dependente químico; – Internação devido à dependência química só funciona se for longo, e quanto mais longo melhor; – Só tem resultado positivo se for pela vontade do dependente; etc…

Sabemos que existem muitas pessoas com muito boa vontade e que se esforçam para ajudar quem está em desespero, que buscam toda sua experiência para tal; existem também pessoas muito mal intencionadas porque lucram com os tratamentos e fazem indicações e sugerem o que lhe trará algum ganho; existem ainda aqueles que opinam em tudo, mesmo sem saber o suficiente para expressar uma opinião ou sugestão.

Nunca vi alguém aceitar opinião ou ajuda, quando se trata de outras  doenças como câncer, por exemplo, buscam sempre o parecer de um especialista, ou até mesmo de mais de um, para se ter garantia que vão fazer o melhor por aquele que sofre. E porque na dependência química as pessoas são tão negligentes?

A falta de informação é a principal causa disto tudo, e a pouca quantidade de especialistas na área, fazem com que qualquer um ocupe este espaço. Por ser um conhecimento relativamente novo, e devido ao crescimento acelerado da doença, temos muita gente para tratar e poucos locais prontos para tal, causando uma enorme gama de entendidos se colocando no mercado. Mas a principal causa é a negligência das famílias, que não exigem um especialista para acompanhar o seu familiar, e acreditam que fracassos são normais e que foi o doente que não quis ficar bom, e não o tratamento oferecido que foi ineficaz.

Não entendo porque até no serviço oferecido pelo Estado não tem um especialista, como em outras áreas, nos editais exigem profissionais como psicólogos, médicos, assistentes sociais, enfermeiros entre outros, mas nunca um especialista para coordenar esta equipe, pelo menos um, porque?

É possível um centro de cardiologia sem um cardiologista? Um centro de tratamento do câncer sem um oncologista? Um centro de cirurgia plástica sem um especialista?

E porque na dependência química pode?

E ninguém se preocupa ou fala disto?

A sociedade precisa exigir tratamento digno para seus doentes, e o dependente químico precisa ser tratado com respeito, é um direito dele que está sendo negado. E o coloca numa situação de risco, porque é uma doença difícil e grave, que leva a dilaceração de sua vida e até mesmo a óbito.

Os especialistas precisam exigir seu espaço, não por benefício próprio, mas por responsabilidade, por humanidade, por saber que só assim teremos locais de tratamento eficazes, o crescimento do conhecimento na área, e o fim da banalização das recaídas, com a culpa sempre no doente.

Sempre, repito, sempre que houver uso de drogas em sua família, primeira coisa a fazer é procurar um especialista, pois só ele é capaz de orientar e indicar o melhor tratamento para cada caso, não brinque com a saúde de seu familiar porque está fazendo algo que você não aceita ou tem vergonha ou raiva, dependência química é uma doença e tem tratamento.

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DANILO DELLA JUSTINA

Psicólogo CRP 15/2070

Doutorando em Psicologia Social

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