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Bispo Filho

Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

PERDÃO, DANDARA

Havia uma travesti no Conjunto Nova Vida… todo mundo se sentia no direito de curtir com a cara dela, de ridicularizá-la, de espezinhá-la… Ela já estava acostumada com aquilo… Sempre foi assim, né?

Um dia, uma senhora idosa teve uma dor de barriga num abrigo de ônibus cheio de gente, daquelas que não mandam aviso e que não dá tempo de você procurar um banheiro. E ela “fez o serviço” ali mesmo… na frente de todo mundo… e todos que passavam olhavam a velhinha e se riam dela.

Passou um agente de Pastoral, viu, riu e passou à frente… sem fazer nada. Passou também um protestante com a Bíblia debaixo do braço e fez a mesma coisa.

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Dandara

Dizem que esta cena se passou quase em frente à casa da travesti – essa mesma, que todos criticavam e faziam questão de apontar seus dedos imundos.

Quando ela viu a velhinha naquela situação, parada, petrificada, morta de vergonha, foi em casa, pegou uma toalha grande, envolveu-a no corpo sujo e fedorento da pobre, tomou-a delicadamente nos braços e a levou para a sua casa.

Lá, com muito respeito, deu um banho na mulher e deu uma roupa da sua mãe para que ela pudesse voltar para casa limpa e cheirosa.

À noite, todos estavam nas missas, nos cultos, nas reuniões de formação, todos com a “consciência tranquila”. Todos louvando alegremente a Deus.

Essa história não é ficção… aconteceu.

E eu fico aqui pensando: há mais de dois mil anos Jesus contou uma história parecida, que nós conhecemos como “a parábola do bom samaritano”, quando ele quis ilustrar essa questão do amor ao próximo.

Interessante: ele não usou ninguém da religião oficial para servir de modelo… mas um samaritano… odiado, marginalizado, excluído…

A humanidade ainda não aprendeu?

De cabeça baixa, com lágrimas nos olhos e profundamente envergonhado, eu só consigo dizer:

— Dandara… perdoe-nos.

Texto do Padre Manoel Vieira Guimarães, de Mossoró (RN)

 

 

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