Bispo Filho
Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.
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Muito tem se falado sobre reforma da previdência e 3ª idade por esses dias na mídia em geral, e aproveito este embalo para refletir sobre estes indivíduos, que vivem sem uma política pública efetiva que cuide de seus direitos e de suas necessidades.
Me preocupa muito a dependência química nesta fase da vida, que vem se configurando em uma epidemia silenciosa, principalmente em relação ao alcoolismo, que vem crescendo assustadoramente entre os idosos. A procura por tratamento vem aumentando substancialmente e silenciosamente, principalmente entre mulheres.
A dependência química nesta fase da vida requer atenção e cuidados, pois agravam e muito o estado de saúde do idoso, além de prejudicar sua qualidade de vida e da família. E há um silêncio quando se fala sobre esse assunto, existem poucas bibliografias e estudos, há um sentimento de vergonha muito grande entre os envolvidos, não existem políticas públicas de prevenção apesar de se manterem os índices estatísticos de 10% de problemas nesta população,
Na saúde não existe protocolo para investigar precocemente problemas com relação à dependência química, ao contrário o que vemos é uma prescrição abusiva de medicamentos que podem levar ao problema. O Brasil é um dos maiores consumidores do Rivotril, um benzodiazepínico altamente viciante e de difícil tratamento entre os seus usuários que se tornam dependentes.
Houve a partir dos anos 90 um avanço muito grande no tratamento da dependência química no mundo, várias são as estratégias e formas de tratamento com as mais variáveis eficácias e abordagens, mas não evoluímos quase nada com relação ao tratamento de idosos, não existem clínicas especializadas e nem especialistas para tal problema, agravando mais ainda a busca de uma solução.
O idoso é um paciente difícil de tratar devido a vários fatores como: ociosidade, de difícil motivação para sessar o uso, uma grande maioria faz uso em casa com a anuência da família que por crer que sua vida esta no fim não há muito o que fazer, grande evidência de comorbidades, ou seja de outras doenças relacionadas ou não com a dependência.
Precisamos urgentemente nos debruçar sobre este problema, pois há evidências que idosos serão um grande problema no que diz respeito a tratamento da dependência química, um estudo estimou que norte-americanos com 50 anos ou mais que necessitam tratamento passará de 147 mil, em 1995, para 911 mil em 2020, e isto é uma tendência mundial, portanto é bem provável que sigamos estes mesmos percentuais, pois nada é feito para evitar esses números.
Faz-se necessário repensar as formas e a organização dos serviços de saúde em relação ao problema, e criar urgente políticas públicas de prevenção e educação destes e de todos aqueles envolvidos no seu cuidado. E que esta reflexão possa dar o ponta pé inicial para uma mobilização sobre o assunto.
Danilo Della Justina
Psicólogo CRP 15/2070
Doutorando em Psicologia Social.