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Bispo Filho

Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.

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Quando a saída é a internação: Texto Joelma Nunes Della Justina

Admitir que precisassem de ajuda, nunca será uma atitude simples. Ainda que os motivos pareçam óbvios aos olhos alheios, aos nossos, sempre deixarão dúvidas. Será, que fiz a coisa certa? costumam se perguntar os familiares, após acionarem alguma Instituição, para tratamento da dependência química. A internação, foi realmente necessária, ou poderia ter buscado outras formas de ajuda?

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A decisão pela internação costuma ser uma decisão complicada e dolorosa, cercada de fantasmas, mitos e medos. E muitas vezes, uma ação solitária, já que nem todos os membros querem arcar com o peso e consequências, de algo tão marcante. As indagações: Ele(a) vai me perdoar? Sairá pior, revoltado(a)? são comuns nesse momento, o que faz pesar ainda mais, tal decisão.

As respostas a estas perguntas, não são imediatas, o que retarda ainda mais a ideia da internação. Não há garantias, apenas expectativas de que tanto o adicto, como também sua família, possam ter suas vidas de volta.

Para os que não conhecem essa realidade, retirar alguém do convívio familiar e social durante dias ou meses, dependendo do modelo de tratamento, pode parecer algo perverso ou desumano. Porém, em muitos casos, essa atitude pode ser a única saída, para uma vida nova, um último sopro de esperança. E não se iludam, não há beleza, mérito ou alegria ao buscar este recurso. Pelo contrário, ao internar meu familiar, atesto para a sociedade que sou impotente perante ele, que fracassei ao solucionar o problema e cuidar da minha família.

PASSO UM – Admitimos que éramos impotentes perante o adicto – que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis. (NAR-ANON)

Compreensão de que esta foi a decisão mais assertiva, talvez a única forma de proteção é o maior ato de amor, que se poderia ter em relação ao seu familiar, costuma demorar. E em alguns casos, nem acontece a depender da culpa, que se permite carregar. Culpa esta, que infelizmente e de forma covarde, irresponsável e criminosa, ainda é reforçada pela sociedade, e por alguns profissionais.

Quando se decide buscar uma internação, geralmente todas as outras possibilidades foram esgotadas. E mesmo, que não seja pela primeira vez, mesmo, que já se tenham experiências e vivências nesse tipo de ajuda, nunca será uma decisão fácil e simples. Sempre trará à tona, diversos fantasmas. Um deles é o da desesperança, depois de tantas frustrações e tentativas que não tiveram êxito. “Será que dessa vez vai ser diferente?”.

São tantas as críticas e exigências, e tão pouco o apoio. Porém, cada família que precisou e ainda irá precisar recorrer a este recurso, possa ter a certeza de que naquele momento, fez o que acreditou ser o melhor para sair do inferno, que o dependente químico e toda família, se encontravam. Que diante de uma doença crônica, incurável e fatal como a dependência química, não se pode perder tempo, já que que tempo aqui, significa vida.

O ideal é que se procure conhecer a instituição, seus princípios, forma de trabalho, e profissionais.

Que durante esse tempo, a família volte a dormir, ao trabalho, enfim a uma vida próximo ao “normal”, cuide de sua saúde, mas principalmente, que busque ajuda também.

Que procure conhecer sobre sua doença, e não apenas a de seu filho(a), esposo(a), neto(a).

Que comece a compreender, que é impossível iluminar o caminho do outro, sem primeiro iluminar seu próprio caminho.

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JOELMA NUNES DELLA JUSTINA

Psicóloga CRP 15/2523

Doutoranda em Psicologia Social

 

 

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