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Bispo Filho

Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Quem somos? Codependentes. O que queremos? Salvar o outro. O que precisamos? Salvar a nós mesmos! Texto de Joelma Nunes

Preciso salvar meu filho!

Sem mim, ele morre!

Ele só tem, a mim!

Se eu for embora, ele morre!

Ele precisa de mim!

Estas são afirmações repetidas com frequência, por familiares de usuários de drogas.

A preocupação excessiva com a doença de seu familiar faz com que o seu próprio adoecimento, seja ignorado.

A codependência teve seu primeiro olhar, nos anos cinquenta, através do programa de 12 passos de alcoólicos anônimos, e a criação do Al-Anon, primeiro grupo que oferecia ajuda, para os familiares de alcoolistas.

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“ Nós acreditamos que alcoolismo é uma doença, que atinge a família.”

(Al-Anon)

Felizmente, o termo Codependente tem tido visibilidade nos últimos anos.

Mas apesar de falarmos mais, as ofertas de tratamento e atenção, ainda estão longe de serem satisfatórias.

É preciso compreender que a codependência ainda não é reconhecida como uma doença, mesmo apresentando sintomas tão fortes e progressivos.

Mesmo não recebendo essa classificação, o que facilitaria e muito, o desenvolvimento de políticas públicas nessa área.

Os que convivem com essa realidade detectam facilmente esse adoecimento.

É necessário entender, que esses sintomas são construídos ao longo de sua vida, e intensificados na convivência com um dependente.

Como o primeiro e último pensamento do dia, são voltados ao outro, as suas necessidades são ignoradas, inclusive sua própria identidade, já que este passa a se apresentar na sociedade não por seu primeiro nome, mas sim pelo papel, que desenvolve em relação ao outro. Por ex. Sou mãe do Pedro, o avô do José, a mãe da Clara, a esposa do Thiago.

Perde-se a referência do Eu, e vive-se a vida do outro.

Abandonar trabalho, amigos, atividades sociais, apesar de parecer solução, são na verdade o início de um sofrimento silencioso e solitário. E que tais atitudes, em nada irão amenizar o problema.

Não é por acaso, que um dos lemas praticados no Nar-Anon, grupo voltado aos familiares de dependentes químicos, é o “VIVA E DEIXE VIVER”.Por essa razão, o primeiro desafio dos profissionais e grupos, que recebem essa população é facilitar o entendimento, de que eles também precisam de ajuda, e que não podem ajudar o outro, se primeiro não forem ajudados.

Quando compreendo, que sou impotente perante o comportamento do outro, mas posso modificar o meu, possibilito uma oportunidade de resgatar minha vida, minha identidade, e me fortaleço para enfrentar a responsabilidade de cuidar de minha recuperação, e permitir que o outro, cuide da dele.

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Texto:

Joelma Nunes

Psicóloga – Doutoranda em psicologia social

CRP 152523

 

 

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