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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Viva!

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Um dia desses encontrei um amigo que  nunca  mais tinha visto e perguntou como eu estava:
– Estou bem sim! – respondi honestamente.
– Que bom. Então viva! – falou abrindo um sorriso.
Ao ouvir aquela expressão tão antiga, falei quase de imediato:
– Engraçado, meus pais sempre falavam isso. Nunca mais havia ouvido.
Rimos e nos despedimos, mas fiquei na cabeça com aquela expressão já meio em desuso, porém tão positiva para quem a ouve. É uma espécie de “Que maravilha. Celebremos, pois!”
Contudo, logo em seguida me veio uma singela dúvida. Qual o verdadeiro sentido dessa frase? O que queria dizer exatamente o criador dela? Muitas frases são replicadas sem que nos atentemos para o seu exato sentido, e talvez essa seja uma delas.
Está claro que é uma frase exultativa e positiva, apesar de ser uma “frase de elevador”. Mas a dúvida que me ocorreu é: o que quer dizer o “viva”? Trata-se nesse caso de uma interjeição ou de um verbo no imperativo? Ao ouvir o interlocutor dizer que está tudo bem, mostra-se uma empatia e então se exclama:
– Viva! Que bom você estar assim! Como quem diz “Viva! Meu time ganhou!” ou “Viva! Parou de chover!”
Mas terá mesmo esse sentido? Ou seria o “viva” um verbo, como falei acima? Nesse caso, o interlocutor ao ouvir sobre a condição de bem estar do outro, faz uma exultação com um conselho, quase uma ordem, embutida:
– Então viva! Aproveite! Vá curtir a vida!
Bom, após matutar bastante, resolvi não mais me ater a essa dúvida . Poderia se utilizar de uma vez os dois sentidos para eliminar qualquer traço de incerteza mandando um: “Então viva e viva!”
O que não se deve é aproveitar a dúvida quanto ao sentido da frase e adaptá-la à resposta ouvida, sob o risco de soar no mínimo deselegante.  Nesse caso seria um diálogo mais ou menos assim:
– Olá, como você está?
– Ah, não estou bem…
– Que pena. Então morra!

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