Manual da boa mãe

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Atire a primeira pedra quem nunca teve dúvidas no que devia fazer para se tornar uma boa mãe.

As minhas começaram durante a gravidez, talvez antes mesmo. Eu me perguntava: vou acertar o banho? Será que saberei amamentar? Como saber por quais motivos choram?

Daí eles nascem e junto com eles surge uma sabedoria que nem suspeitávamos que tivéssemos, acertamos viver sem dormir, a comer comida fria, a adivinhar, não erramos a hora da troca das fraldas e sabemos como ninguém quando nossos pequenos não querem nada, apenas nosso abraço.

E assim sobrevivemos aos primeiros dias, primeiros meses, aos anos, fazendo o que julgamos melhor, sem nunca saber, de fato, se estamos acertando, sem nenhum manual, apenas na intuição.

Logo nos descobrimos mágicas, entendidas em saúde, bruxas, sábias, quase uma santíssima trindade, estando ao mesmo tempo no trabalho, no consultório do pediatra e ao lado deles na cama, simultaneamente.

A vida passa a ter outro sentido e constatamos que temos seis e não apenas cinco sentidos para ajudar a criá-los e vamos precisar de todos para conseguir cumprir a missão que tomamos como nossa no momento que seguramos filhos nos braços.

Pedro com menos de três anos levou um “caldo” numa marola na Lagoa e no dia seguinte, ainda assustada, o matriculei na natação (se vivemos cercados de água, isso era vital) e logo ele estava entrosado na piscina, tão familiarizado, que chegou e disse – Mamãe, preciso de dinheiro para pagar minha inscrição da viagem para Recife. Vai ter uma competição e eu vou nadar lá.

Quase morri, meu menino estava diante de mim, parecendo independente, não tinha dúvidas, não aparentava medo, era a confiança em pessoa e eu atônita buscava o chão que havia sumido…

Essa história da competição não foi assim tão fácil, ele foi de fato inscrito, mas eu resolvi que iria num carro seguindo o ônibus, como que auto escalada para reserva do anjo da guarda. Eu tinha certeza que era a coisa certa a fazer.

No dia da viagem, comecei a vesti-lo e coloquei meias por causa do ar condicionado e calcei o chinelo de borracha que era usado em ambiente molhado. Ele bem sério olhou pra mim, mais uma vez se apresentou resoluto e disse: “Não se usa meia com chinelo, pode tirar”. E eu me descobri ridícula, mais uma das personalidades que adotamos, sem reservas, quando temos filhos.

Eu não sabia ser mãe, ninguém sabe, vamos aprendendo assim, aos poucos, sem manual de boa mãe, com muitas dúvidas e certezas. Vamos aprendendo com eles, olhando a partida dos vários ônibus que irão surgir pelos caminhos, que nos deixa com o coração aos pulos de aflição e felicidade.

Nunca saberemos se poderíamos ter feito melhor, eu sempre acho que podia ter ido mais a praia, andado mais de bicicleta, jogado futebol, mas uma dúvida eu não tenho, amei e amo com todas as forças.

Meu filho me ajuda a ser quem sou, me motiva a tentar melhorar, me impulsiona por caminhos mais seguros, me renova a esperança. Costumo dizer que quando julgo que cheguei ao fundo do poço, ele surge e eu ressuscito.

Apesar desse amor embrenhado nas vísceras que tudo é capaz, permanecemos cheias de dúvidas e só nos damos conta que o manual não fez tanta falta assim é quando descobrimos que acertamos mais que erramos, no momento que olhando para eles, os vemos inteiros e independentes.

Nos momentos em que os filhos se põe a nossa frente contando às aventuras que irão empreender por si próprios, rumo ao futuro, mesmo que já estejam adultos, reacendemos nosso sexto sentido para sugerir, inclusive, que usem meias, ainda que saibamos, com certeza, que eles por si mesmo já advinham se são ou não necessárias.

Para minha mãe, meu verdadeiro manual…

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