Depois de seis meses de espera, a família do bebê Henrique dos Santos Delfino, de Joinville, no Norte catarinense, soube que havia um doador compatível para o transplante capaz de salvar a vida do menino. Ele recebeu um novo coração na última quarta-feira (30), dia do aniversário de 1 ano.
O procedimento ocorreu no Hospital da Criança Santo Antônio em Porto Alegre, onde Henrique está internado há dois meses e meio. “É um milagre. Ele nasceu e reviveu em 30 de maio. Não se trata de uma coincidência, é um sinal de Deus na vida do meu guerreiro”, disse a mãe do bebê Cristiane dos Santos.
Durante a espera pelo transplante, Cristiane, o marido Edson e filha do casal de 5 anos, se mudaram para Porto Alegre para acompanhar a internação do menino. Enquanto isso, a família fez uma campanha pela internet.
“Muitas crianças acabam morrendo na fila do transplante por falta de informação. A gente fez essa campanha para as pessoas se conscientizarem sobre a importância da doação de órgãos”, disse Cristiane.
Em 2017, dos 282 doadores de Santa Catarina, só oito tinham menos de 10 anos. Embora o estado seja referência nacional em doação de órgãos, não faz transplantes pediátricos. No Hospital Santo Antônio, desde o ano 2000 foram feitos 20 transplantes do coração em crianças.
O tratamento do menino começou em Joinville, mas quando foi constatada a necessidade do transplante, ele foi encaminhado para Porto Alegre.
“A gente acredita que ele tenha feito uma miocardite, que é uma infecção viral que atingiu o coração e causou uma dilatação desse coração, levando ao que a gente chama de miocardiopatia dilatada. Isso faz com que o coração cresça, dilate e perca a função”, explicou a médica Aline Botta, responsável por transplantes pediátricos do Hospital Santo Antônio.
Não bastava que o doador fosse criança, precisava ter até 2 anos, ter no máximo duas a três vezes o peso dele, com o mesmo tipo sanguíneo, segundo a médica Aline Botta. Além disso, o coração não podia ter passado por uma parada e precisava estar a uma distância de, no máximo, três ou quatro horas do hospital.
Mesmo com todos esses critérios, Henrique conseguiu um doador e, na manhã desta segunda-feira (4) se recupera na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Conforme a mãe do bebê, por enquanto, ele está sedado se recuperando bem.
“Agora há um longo caminho de recuperação. Para quem estiver a espera um transplante, só posso dizer: não perca as esperanças, tenha fé em Deus. Agora, vivemos um misto de muitas emoções, mas a principal delas é gratidão”, disse Cristiane.